DiogoMainardina ilha do desespero

“Não somos racistas”

08.06.18

O Brasil teve 62.517 assassinatos em 2016.

Para os pesquisadores do Ipea, responsáveis pelo levantamento, a hecatombe foi provocada por racismo.

Um deles disse para O Globo:

“Uma pessoa branca e uma negra que moram no mesmo local, com as mesmas condições de renda e escolaridade, têm chances diferentes de serem mortas”.

Isso é um erro.

Para combater a epidemia de assassinatos, é preciso conhecer os números. Mas é preciso também evitar que eles sejam contaminados por sociologia de botequim.

Seguindo a lógica do Ipea, os pesquisadores teriam de dizer, por exemplo, se os negros matam mais do que os brancos. E quantos negros foram assassinados por negros.

Esse é o caminho errado, porém.

A mortandade é transversal — atinge todos os brasileiros. E, para nossa sorte, ela pode ser reprimida de maneira técnica, com instrumentos policiais e judiciários, sem que isso implique uma discussão interminável sobre “Casagrande & Senzala”.

Trinta anos atrás, dizia-se que os brasileiros tinham uma cultura hiperinflacionária e que o ciclo só poderia ser interrompido por uma reviravolta em nossa mentalidade. Veio o Plano Real e a tal cultura hiperinflacionária evaporou de uma hora para a outra. Temos de fazer a mesma coisa agora, com a hiper-mortandade.

É mais simples do que parece.

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