DiogoMainardina ilha do desespero

Guerra cultural e sucessos de Bolsonaro

05.04.19

O general Hamilton Mourão foi aplaudido de pé no seminário do Goldman Sachs, na segunda-feira. Ele representa exatamente aquilo que o mercado quer: o bolsonarismo sem Jair Bolsonaro.

É um contrassenso que, em cem dias de governo, Jair Bolsonaro tenha se tornado um empecilho para o próprio bolsonarismo. No entanto, foi o que ocorreu. Ele poderia estar sendo aplaudido de pé no seminário do Goldman Sachs ou numa padaria de Piracicaba, mas preferiu conquistar os urros dos militantes digitais que, segundo ele, encarnam o povo.

Os embusteiros que cercam Jair Bolsonaro o convenceram de que ele foi eleito porque deflagrou uma guerra cultural. Mentira. Ele foi eleito porque seu principal opositor era – e ainda é – um presidiário. Guerra cultural não é a nossa praia. Em matéria de guerra, só conseguimos tomar uns cascudos do Paraguai. E, em matéria de cultura, idem: só tomamos uns cascudos do Paraguai.

A guerra cultural queimou Jair Bolsonaro. Exemplo: a área internacional. A lista de sucessos do bolsonarismo no exterior é impressionante: o apoio a Juan Guaidó, enquanto o PT defendia a ditadura venezuelana; a expulsão dos médicos cubanos, que financiavam a repressão castrista; a decisão de extraditar o terrorista Cesare Battisti; a implosão da Unasul; o alinhamento com os Estados Unidos; a defesa de Israel, que enterrou de uma vez por todas o antissemitismo camuflado da esquerda. Em vez de transformar esses acertos numa nova doutrina, porém, Jair Bolsonaro dedicou-se a um debate suicida sobre o golpe militar de 1964 e sobre o nazismo, minando suas próprias conquistas.

A turma que aplaudiu de pé o general Hamilton Mourão mostra que, depois de cem dias, o bolsonarismo ainda continua vivo, apesar de Jair Bolsonaro. Mas não deve durar muito. A guerra cultural vai provocar mais essa baixa.

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