RuyGoiaba

Um banho de Brasil

08.03.19

Todo mundo sabe que o Carnaval é um banho de Brasil, mas ninguém esperava que esse banho fosse tão literal quanto no vídeo obsceno divulgado por Jair Bolsonaro durante o que aquela nota do Planalto – claramente escrita pelo próprio presidente, talquei? — chamou de “período momesco”.

Não bastava este país ser um golden shower permanente e não solicitado, em que você não precisa nem sair à rua: basta abrir alguma rede social e TCHÁÁÁ, você já se molhou com as ideias brilhantes e as opiniões abalizadas dos brasileirinhos. Precisou o presidente da República divulgar imagens grotescas, antes restritas a uns poucos infelizes, para seus 3,5 milhões de seguidores.

Como outros já escreveram, é claro que há método nisso, seja Jair ou Carluxo o autor da postagem: Bolsonaro quer jogar no território que conhece e mobilizar a indignação dos seguidores (apontando, de quebra, para a “degeneração” de um Carnaval cheio de protestos contra ele), enquanto ninguém – muito menos ele — sabe o que vai ser da reforma da Previdência e do pacote anticrime de Moro, num país de 12 milhões de desempregados e mais de 60 mil homicídios por ano.

Investir nas redes sociais e no WhatsApp parece ter surtido efeito na campanha, mas em algum momento o presidente terá de parar com as embaixadinhas para sua fiel torcida e entregar resultados no mundo não-virtual. Há na política brasileira um caso recente de chefe de Executivo que acreditou que governar para seus convertidos – os tuiteiros do Baixo Augusta e da Vila Madalena — bastaria. Chamava-se Fernando Haddad e levou uma surra na eleição municipal paulistana, dois anos antes de ser o novo poste de Lula e perder para Bolsonaro.

Daniel Marenco/O GloboDaniel Marenco/O GloboDepois do vídeo do golden shower, Bolsonaro reza com apoiadores em Brasília
 

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A GOIABICE DA SEMANA

É uma espécie de lasanha com muitas camadas de ridículo essa história de José de Abreu ser o “autoproclamado presidente do Brasil” nas redes. Primeiro, porque é uma tentativa de sacanear Juan Guaidó. O ator, petista alucinado, enche a boca para atacar Bolsonaro e sua defesa da ditadura brasileira — mas, quando se trata de Maduro, prefere o lado de quem prende, tortura e mata adversários políticos. “Rir do oprimido e não do opressor” é precisamente isso aí.

Ainda mais idiota é a adesão de políticos autoproclamados sérios à brincadeira, de Dilma a Marcelo Freixo — há até um evento para receber o “presidente Zé de Abreu” no Galeão. A coisa é tão cretina que levou à situação, talvez inédita para mim, de concordar com Luciana Genro (“bah, achei ridículo”. Eu também, tchê).

Se a oposição continuar fazendo essa política de mentirinha nas redes sociais, Bolsonaro pode até postar o “2 Girls 1 Cup” que tá limpo.

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