DiogoMainardina ilha do desespero

Cafonérrimo e contraproducente

01.03.19

Os bolsonaristas fazem uma campanha por dia. Nem Lobão resiste. Na quarta-feira, ele avisou que está cansado de espalhar hashtags para a turma, argumentando que o esperneio chapa-branca, “além de cafonérrimo, é extremamente contraproducente”.

Ele está certo, claro.

Jair Bolsonaro, em seu encontro com os congressistas, foi incitado a se tornar garoto-propaganda da reforma previdenciária, nas redes sociais. Há dois erros aí. O primeiro é simples: o poder da máquina de propaganda bolsonarista é bem menor do que se imagina. O Antagonista foi alvo de ataques furiosos da claque governista e constatou que os comentaristas cafonérrimos representavam uma parcela irrisória de seus leitores, que querem jornalismo de verdade.

O segundo erro é muito mais sério. Jair Bolsonaro, na última semana, mostrou-se amedrontado, porque ele sabe que a reforma vai afetar sua popularidade. Depois de negociar emendas e cargos com os deputados, ele traiu Paulo Guedes e anunciou que apoiaria qualquer proposta que fosse aprovada pelo Congresso Nacional. Não há nada mais deletério do que um garoto-propaganda que não acredita naquilo que está vendendo. O presidente pode replicar no Facebook os comerciais encomendados pela Secom, mas o fato é que, para tentar convencer o eleitorado, ele deveria expor-se pessoalmente, em entrevistas à imprensa.

Nos próximos quatro anos, a reforma previdenciária deve tomar 189 bilhões de reais dos aposentados. É evidente que isso vai se refletir nas pesquisas de opinião. Mas Jair Bolsonaro não tem escolha: ou ele assume essa responsabilidade, ou quebra o país. Ele só não pode pensar que todos os brasileiros são iguais àqueles parasitas analfabetos que brotaram nas redes sociais e que agora tentam ocupar um lugarzinho na corte. Eu não sou assim, você não é assim.

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