LeandroNarloch

Maduro ou Marighella: quem disse estas dez frases?

22.02.19

O governo da Venezuela anda fora de moda – está ficando difícil achar alguém que ainda defenda Nicolás Maduro e a herança de Hugo Chávez. A esquerda hoje prefere homenagear heróis míticos do passado – como o guerrilheiro Carlos Marighella, tema do filme que Wagner Moura lançou este mês. Mas entre Marighella e Maduro, qual a diferença? Selecionei abaixo dez frases – e desafio o leitor a adivinhar quais delas vieram de discursos do venezuelano e quais foram escritas pelo brasileiro.

  • “Expulsaremos os norte-americanos do país e confiscaremos suas propriedades, incluindo as empresas, bancos e terras. Confiscaremos as empresas de capital privado nacional que colaboram com os norte-americanos e que se opuseram à revolução.”
  • “Nos anos recentes, as forças militares desempenharam um papel positivo quando se colocaram – por uma imensa maioria – a favor do monopólio estatal do petróleo e a favor de outros postulados de cunho nacionalista e democrático.”
  • “Com as forças armadas do povo em ação, podemos dominar a ação das forças reacionárias, a ação do imperialismo e realizar as reformas e levar o país até o socialismo. Fora disso não é possível. É a lição que recebemos e que pode servir para os demais povos da América Latina.”
  • “O marxismo, com sua experiência de um século de aplicação à realidade, comprovou seu acerto pela prática.”
  • “A comprovação dessa grandiosa experiência transformou-o no marxismo dos dias de hoje, no marxismo da época contemporânea, teoria que prossegue sendo a grande e poderosa força do proletariado e das grandes massas em sua luta por toda a parte, e onde quer que se manifeste o domínio do capitalismo ou façam sentir os efeitos nefastos do jugo do imperialismo.”
  • “Devemos lutar pela UNIDADE DAS FORÇAS REVOLUCIONÁRIAS LATINO-AMERICANAS NA AÇÃO CONTRA O IMPERIALISMO DOS ESTADOS UNIDOS, na luta pela derrubada das ditaduras serviçais ao governo norte-americano, como é o caso do Brasil.”
  • “Ao traçar sua política militar, o proletariado rejeita, desde logo, colocar-se sob a hegemonia da burguesia, render-lhe obediência.”
  • “A revolução cubana é um exemplo ilustrativo de que na América Latina ou, pelo menos, em muitos países latino-americanos nada há a esperar de uma via pacífica para a conquista da independência ou do progresso social.”
  • “Confiscaremos a propriedade latifundiária, terminando com o monopólio da terra, garantindo títulos de propriedade aos agricultores que trabalhem a terra, extinguindo as formas de exploração (…) e castigando todos os responsáveis por crimes contra os camponeses.”
  • “Ódio de morte aos imperialistas norte-americanos! Viva Che Guevara!

***

As frases lembram Nicolás Maduro, não? Todas elas, na verdade, saíram de escritos e entrevistas de Carlos Marighella. A ditadura cometeu um crime ao executar o ex-deputado federal e guerrilheiro – mas esse crime não afasta outra verdade. Marighella defendia o mesmo método de ação de Che Guevara – a guerrilha para tomada do poder – e as mesmas medidas econômicas que resultaram em caos, miséria e tirania na Rússia dos anos 1920, em Cuba e na China dos anos 1960 e na Venezuela hoje. Que sorte esse homem não ter chegado ao poder no Brasil.

Leandro Narloch é jornalista e autor do 'Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil'.

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