DiogoMainardina ilha do desespero

Au au

04.01.19

Carlos Bolsonaro ataca nosso site. Apesar disso, eu gosto dele. Na traseira do Rolls Royce presidencial, ele dava a impressão de ser um pitbull domesticado. Mas todos sabem que ele não é assim. Ele morde. E eu sempre pensei que suas mordidas pudessem afastar a cachorrada rastejante que lambe as botas de seu pai.

Eu estava errado, claro.

Um dia depois da posse, Jair Bolsonaro selou o acordo de seu partido com Rodrigo Maia e garantiu a sinecura de Carlos Marun em Itaipu. Os dois gestos devem alegrar o resto da imprensa. Nas últimas semanas, os jornais se dedicaram a recomendar que o presidente descesse do palanque e se emporcalhasse no Congresso Nacional. Foi o que ele fez. Imediatamente, a bolsa disparou e o dólar despencou, porque os investidores viram a possibilidade de o governo aprovar um simulacro de reforma previdenciária e vender meia dúzia de estatais quebradas. Só jacobinos idiotas, como eu, chiaram.

As redes sociais elegeram Jair Bolsonaro. A partir de agora, porém, elas vão se tornar um playground para distrair as franjas mais infantilizadas do bolsonarismo, enquanto os adultos fazem suas porcarias nos gabinetes brasilienses. A ruptura prometida durante a campanha eleitoral deve acabar sendo engolfada pelo ramerrame palaciano. A questão é saber se Paulo Guedes e Sergio Moro – que encarnam os únicos projetos verdadeiramente revolucionários do novo governo – vão resistir a esse acomodamento presidencial. Ou se eles próprios vão se acomodar.

Eu, cachorro velho, prometo continuar rosnando entre uma soneca e outra.

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