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Para fugir da mágica do populismo

28.12.18
Paulo Hartung

O Brasil ganha, a partir da posse dos eleitos, uma oportunidade de voltar a trilhar um caminho que transforme as suas enormes potencialidades em oportunidades para o seu povo, especialmente os jovens.

Embora tenhamos assistido a uma campanha eleitoral superficial em termos de debates de grandes temas e desafios nacionais, o governo eleito galvanizou capital político que lhe permite implementar parte importante de uma agenda reformista e modernizadora, com vistas a melhorar a qualidade de vida dos brasileiros e a inserir o país no mundo da economia integrada que vivemos.

O problema central do Brasil hoje é uma gravíssima crise fiscal, cujo enfrentamento não pode mais ser postergado. Nos últimos anos, o país fez apostas equivocadas, que geraram rombos bilionários nas contas públicas.

Essa situação é insustentável, pois o crescimento vertiginoso da dívida bruta/endividamento interno do país é uma verdadeira corrente de ferro atada aos pés da nossa economia, impondo letargia ou ainda nos puxando para trás.

Em 2018, mesmo que num movimento cíclico de retomada, registramos crescimento medíocre, de cerca de 1,3%. Por isso, a tarefa do futuro governo é definir com clareza as medidas necessárias para recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento socioeconômico e estabelecer um diálogo com a sociedade e com o Parlamento para viabilizá-las.

Para equilibrar as contas públicas nacionais, é preciso, entre outras iniciativas, reformar a previdência, pública e privada, estabelecendo idade mínima para o acesso à aposentadoria; introduzir competividade à estrutura econômica brasileira; desburocratizar as relações dos empreendedores com os poderes públicos; simplificar o sistema tributário nacional; e investir prioritariamente na melhoria da educação básica, para incrementar a formação dos nossos jovens.

Questão nacional posta, é importante também lançar luz na situação dos governos subnacionais. Uma parcela importante e significativa dos estados federados já não consegue pagar os salários dos servidores e/ou cumprir suas funções de contraprestação de serviços e de entrega de obras essenciais à população.

A nossa experiência no Espírito Santo, mesmo sendo um estado de território e população reduzidos em comparação com nossos vizinhos, mostra que é possível trilhar o caminho das reformas, da organização das contas — e, ao mesmo tempo, produzir resultados positivos para a sociedade.

Ao assumirmos nosso terceiro mandato à frente do Executivo capixaba, em 2015, em função do crescimento disparado das despesas correntes em anos anteriores e também em razão do processo recessivo do país, tivemos de ajustar as contas, promover um forte ajuste fiscal, cortando um conjunto de despesas não essenciais.

Mas fomos além e também focamos no investimento em políticas públicas sociais estratégicas, nas áreas de educação, saúde, segurança e meio ambiente, entre outras. O Espírito Santo fez o certo e não o fácil, fugindo das “mágicas” do populismo e da demagogia, que só fazem incrementar a tragédia das contas públicas, empobrecendo o país, sacrificando ainda mais a população e comprometendo o nosso futuro.

“O mais difícil em tempos conturbados não é cumprir o dever, mas identificá-lo.” O desafio formulado pelo pensador francês Antoine de Rivarol foi posto à prova no Espírito Santo nos últimos anos. Em ambiente de múltiplos desafios, o estado não só definiu uma agenda objetiva e pertinente como também registrou conquistas notáveis e de referência nacional.

Uma das chaves desse processo é o exercício fundamental da liderança, como em todo e qualquer movimento complexo e dinâmico. A agenda que o país tem pela frente demanda um exercício potente e inovador de liderança democrática. Uma liderança que inspire o Brasil, que converse com o país, que mostre aos brasileiros as superações urgentes e inadiáveis.

O que coletivamente construímos aqui no Espírito Santo, em conjunto com outras experiências exitosas de gestão pública país afora, nestes tempos tão críticos, pode ajudar a iluminar a trilha que o Brasil terá de percorrer a partir de 2019.

Com imprescindível e incansável diálogo, disciplina, método e objetivos de trabalho republicanamente orientados e implementação de reformas, teremos de cuidar dos desafios do presente – e o reequilíbrio das contas é um dos principais – e ainda definir o Brasil que queremos legar às futuras gerações, constituindo agora os seus fundamentos. Não é pouca coisa.

Paulo Hartung encerra em 2018 seu terceiro mandato de governador do estado do Espírito Santo.

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  1. Esse sim tem sido um grande gestor sem se importar com o desgaste natural quando se faz o certo e não o esperado. Resta saber se o eleitorado tem maturidade para reconhecer.

  2. Artigo correto, focado e bem explícito. Governar com honestidade, transparência, foco, comprtência, com pessoas bem formadas e cultas, especialistas em suas áreas de atuação é a receita para um governo eficás. Não dá para resolver tudo, mas saber eleger as prioridades é fundamental. Não dá para agradar a todo mundo, mas o que importa é a universalidade, o todo, e é essa a diretriz para escolher prioridades. Combate ã corrupção e ao populismo deve ser implacável sempre.

  3. Artigo objetivo, lúcido e focalizado. Governar com populismo, ideologias, corrupção, ineficiência, má-fé, nepotismos e outras mazelas mais deverá ser prática superada nesse novo governo, trazendo à nação segurança jurídica, fiscalização em todas as áreas e foco no desenvolvimento. Governar com êxito exige pessoas cultas, de nível superior, com visão de estadistas, formadas em suas áreas de atuação. É o único caminho possível.

  4. Fez o que todos governantes deveriam fazer: gestão, ou seja ter eficiência como meta, gastar menos do que arrecada sem comprometer os serviços básicos e ser o norte dos investimentos estruturantes, aumentando os investimentos da iniciativa privada, gerando aumento de arrecadação, formando um círculo de prosperidade. Mas este é o caminho mais difícil no Brasil que foi acostumado com o populismo para as classes menos abastadas para formar o curral eleitoral e com o corporativismo do funcionalismo.

  5. Defensor de ideais republicanos e de via gestão pública. Uma pena estarem descaracterizando a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ela deveria sim se tornar mais rígida.

  6. Exemplo assumir , vamos torcer para que a equipe de Bolsonaro se inspire , neste grandioso Estadista . Parabéns o texto está perfeito não só pelo conteúdo mas, principalmente pela qualidade das “ações “ do autor .

    1. Vc não deve ser daqui do ES para falar isso. No texto reclamou dos antigos governos que quase quebraram o estado, governo o qual ele apoiou agora com a entrada do socialista Casagrande. Na atual conjuntura, teria ajudado muito mais se continuasse no governo. Falou mal do Bolsonaro e agora vem com esse papo.

  7. Deve governar bem, mas não escreve com a mesma acuidade, nada obstante o uso correto da linguagem. As boas ideias passaram batidas em meio a autocongratulações e evasivas. É a personalidade do político que acaba falando mais alto. Capaz até de ter bom caráter, ou não?

    1. Não! Sabe gestão, mas não passa de mais uma raposa!

  8. Então... Pelo que li precisamos mais honestidade e... Reforma fiscal. Ainda acho que a Previdência precisa antes de ajuste moral para ter apoio da opinião pública.

    1. Reforma da previdência... Depois de décadas de autêntica farra, corrupção, desvios etc., chega a fatura da previdência. Reta saber quem vai pagar a conta, ou seja, quais categorias sociais serão "demonizadas" ante a opinião pública, de modo a tornar palatável a adoção de medidas para pagamento da fatura acima mencionada. Muitos já saíram da mesa do irresponsável banquete previdenciário de anos a fio. Quem ainda está sentado vai receber a conta do garçon Paulo Guedes.

  9. O Espírito Santo era considerado o mais perigoso Estado do Brasil para se viver. O Hartung resolveu o problema dentro do possível silenciosamente sem se expor. Este é um governante em que os outros deveriam se espelhar.

  10. Desejamos que o seu exemplo de administração pública, possa servir de modelo para outros estados, principalmente Rio de Janeiro e Minas Gerais. Parabéns!

  11. Morei em Cachoeiro de Itapemirim por 13 anos. Lembro-me que em uma das gestões, Hartung encontrou o estado quebrado. Os funcionários públicos não recebiam há mais de ano. Que fez ele? Disse: vou pagar o funcionalismo em dia, a partir de agora, e o que não foi pago, pagarei em várias parcelas. Achei uma boa decisão para o problema.

  12. parabéns Hartung vc fez com o seu estado o q nenhum outro realizou tão bem e o capixaba reconhece reelegendo-o sempre. Sua exposição foi excelente e é bom exemplo para os políticos recentemente eleitos, se quiserem ser reeleitos.

  13. Fui e sempre serei eleitora dele! O melhor gestor da vida pública brasileira. Graças a ele o Espírito Santo não foi a bancarrota.

  14. Talvez tenha feito um bom trabalho, mas para um público qualificado como o da Crusoe, deveria ter apresentado dados objetivos e ter sido muito mais profundo para fugir do discurso tradicional dos políticos e da vala comum.

  15. Sim, temos um gravíssimo problema fiscal... gerado pelos agentes públicos corruptos e q se escoram na Constituição de privilégios, q não querem mudar de jeito nenhum!

  16. Ajudaria apresentar alguns números e fatos para explicar do que está falando. Para um cidadão de outro estado fica apenas a pergunta: o que de tão diferente da média nacional aconteceu no Espírito Santo?

    1. Concordo com o último comentário. Só parecemos melhor porque os vizinhos se afundaram com corruptos como Cabral e Pimentel

    2. O ES criou, no apagar das luzes e com aprovação do legislativo em 2 minutos, uma nova estatal (ES GÁS) indo de encontro a um estado mínimo!!!!!

    3. ES teve uma queda de 9,5% do PIB no mandato, manteve superávit primário positivo todos os anos. Contas em dia e entrega um estado com um caixa livre de + 400 milhões. Criminalidade caiu de 38 homicídios/100mil habitantes para 29. Estradas e saúde deixou a desejar!!!!

    4. Absolutamente nada! Nasci e moro no ES desde sempre, e até agora não sei que Paulo Hartung é nesse de que estão falando. Muito menos, esse Estado que pintaram aí nos comentários.

  17. Enquanto análise perspectiva o artigo faz jus à pecha de toda uma classe política ‘exilada’: palavras ao vento e autopromoção. Talvez por mera falha de comunicação do Governador, ou mesmo por vício de discurso, fato é que se quiser maior projeção nacional para corroborar os índices qualificados que defendem seu trabalho terá que aprimorar consideravelmente nesse particular. Sem populismos sim, mas também sem psdbismos de oratória.

  18. Esse cara eh um demagogo perfeito! Nunca fez nada pelo ES, sempre cheio de conchavos, e nao ouvindo a populacao! O que ele esta fazendo na Crusoe???

    1. Esperava da Crusoé uma posição mais crítica e informada do que a da Miriam Leitão.

    2. Mais um artigo do Hartung e cancelo minha assinatura. Raposa velha.

    1. Então por que vcs não contam? Se não o fizerem, incorrem na mesma prática do que vcs estão condenando no autor do artigo...

    2. A Crusoé não conhece o Espírito Santo. E nada sabe o que se passa aqui.

    3. Perfeito! Independentemente do que foi ou não foi feito no ES, o artigo foi inútil. Peça publicitária.

    4. O Espírito Santo vigora na cabeceira de praticamente todas as listas de mensuração desempenho de gestões estaduais. Isso é fato inegável. Mas, tem gente que não leu. Ou não quis ler. rs

    1. Bem lembrado, o cais das artes é mais um elefante branco de gastos governamentais. Dinheiro público jogado no lixo, vende para iniciativa privada esse e outras propriedades governamentais como o Banestes, Bandes, Cesan, ... #PrivatizaTudo - Tem que cuidar da segurança e ponto! Só nos mantenha vivos e deixa que o resto a gente cuida!

    2. Por falar em excelência fiscal podiam dar uma olhada nos gastos com publicidade e propaganda institucional do Espírito Santo. Em percentual da receita verão que o Estado está no topo entre os mais gastadores. Se isso não é populismo, não sei o que mais seria.

    3. Ninguém fez nada direito, é tudo promoção pessoal, todos foram eleitos por um bando de imbecis. Por favor meus colegas de leitura, têm 4 anos para se preparar, vencer, governar e fazer certo. Força!

    4. Ainda espero mais da Crusoé. De publicidade governamental estou farta.

    5. Falou, falou, falou e nada disse. Pode convencer a equipe da Crusoé, mas a nos Capixaba, esta figura não engana mais.

    6. Plenamente de acordo Daniel só propagando e demagogia. E sobre o Cais das Artes, mais quatro anos de governo e aquele elefante branco ou cinza, horrível, inacabado e abandonado na entrada da baía de Vitória, ném uma palavra do “grande governador.

    7. Vão censurar mais uma vez meu texto sobre o Cais das Artes?

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