Rafael Carvalho/Gabinete de TransiçãoOs ministros do futuro governo reunidos no quartel-general da transição, em Brasília

A tropa de Bolsonaro

A lista dos 22 escolhidos por Jair Bolsonaro para integrar o primeiro escalão do futuro governo está completa. Ela tem desde ministros superpoderosos, candidatos a estrelas da Esplanada, a ministros que já se mostram fracos. Damares Alves, dos Direitos Humanos, virou alvo de zombarias por ter dito que viu Jesus junto a uma goiabeira
14.12.18

O período de transição para a era Jair Bolsonaro tem dado ao eleitor uma pequena amostra do que ele pode esperar para os próximos quatro anos: um governo com diversos núcleos de poder que não necessariamente dialogam entre si. São quatro núcleos, liderados por homens fortes. O econômico, conduzido pelo superministro da Economia Paulo Guedes, terá a missão de promover as reformas da Previdência e do estado, além das privatizações. Sua maior dificuldade será convencer o velho sistema de Brasília a aceitar as mudanças. O segundo núcleo é o militar, que tem como principal referência o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno. Ao lado do vice-presidente eleito Hamilton Mourão, Heleno encabeça a turma da farda, que a partir de janeiro controlará áreas sensíveis que vão desde a articulação política ao setor de infraestrutura do país. O terceiro núcleo, o jurídico, é representado por Sergio Moro, o ex-juiz da Lava Jato que aceitou deixar para trás sua bem-sucedida carreira como magistrado para montar um aparato anticorrupção no novo governo. Na frente política, o quarto eixo de poder, está, ironicamente, o mais fraco dos ministros tidos como superpoderosos: Onyx Lorenzoni, alvo já durante a transição de fogo amigo por sua baixa capacidade de articulação política, o que acaba por representar um risco para o sucesso dos três primeiros grupos. A lista dos 22 ministros que integrarão a tropa de Bolsonaro foi fechada nesta semana. A seguir, um resumo da trajetória de cada um deles.

 

Pedro Ladeira/Folhapress

Paulo Guedes, 69 anos, ministro da Economia

Paulo Guedes e Jair Bolsonaro se conheceram no final de 2017. Àquela altura, o militar precisava de alguém para abrir as portas no setor financeiro, inseguro quanto ao que pudesse vir a ser seu eventual governo. Guedes não só cumpriu esse papel como elaborou todo o projeto econômico a ser implementado a partir de 2019. Ultraliberal, pretende avançar nas privatizações, na reforma do estado e da Previdência. Carioca, é mestre e doutor pela Universidade de Chicago, o templo mundial do liberalismo. Nunca, porém, conseguiu atuar no setor público nacional, onde coleciona desavenças com diversos economistas por críticas aos planos econômicos até aqui implementados. Em razão disso, sempre trabalhou no mercado. Fundou, por exemplo, o Banco Pactual e a Bozano Investimentos.

 

Adriano Machado/Crusoé

Sergio Moro, 46 anos, ministro da Justiça e Segurança Pública

O agora ex-juiz federal, paranaense, depois do seu trabalho à frente da Operação Lava Jato e de ter dado a sentença de prisão a Lula, chega a Brasília para estruturar no Executivo uma política pública eficiente de combate à corrupção. É um dos ministros fortes da Esplanada, mas seu trabalho pode ser abreviado com uma possível nomeação para o Supremo Tribunal Federal. Ele nega peremptoriamente que seja seu objetivo, mas, se tiver sucesso na empreitada contra o crime organizado e as máfias instaladas em Brasília, se cacifará para disputar a sucessão do próprio Jair Bolsonaro no Planalto.

 

Augusto Heleno Ribeiro, 70 anos, chefe do Gabinete de Segurança Institucional

General da reserva, é a principal referência das Forças Armadas no futuro governo. Foi comandante militar da Amazônia e chefe da Missão de Paz da ONU no Haiti. Cotado inicialmente para ser vice-presidente na chapa de Bolsonaro, acabou preterido por divergências partidárias. Isso não impediu que durante a campanha fosse um dos mais próximos conselheiros do novo presidente. Acabou anunciado antes mesmo da vitória como ministro da Defesa, mas foi deslocado depois, por recomendação do Exército, para o GSI. Seu gabinete será no Palácio do Planalto. Terá como principal atribuição prestar aconselhamento político a Bolsonaro e fazer a interface com as Forças Armadas.

 

Adriano Machado/Crusoé

Onyx Lorenzoni, 64 anos, ministro da Casa Civil

Quando, muito antes da campanha eleitoral, a aposta era de que Jair Bolsonaro derreteria, o deputado federal Onyx Lorenzoni organizava encontros com parlamentares para angariar apoio ao seu governo. Ainda durante as eleições, o gaúcho que foi deputado estadual por duas vezes e está em seu quarto mandato na Câmara foi alçado a futuro ministro da Casa Civil. Não demorou muito para que ele, ligado à bancada da segurança pública, também conhecida como bancada da bala, virasse alvo de ataques de aliados do presidente eleito. Seus críticos o acusam de ser inábil na articulação política.

 

Adriano Machado/Crusoé

Fernando de Azevedo e Silva, 64 anos, ministro da Defesa

O general da reserva carioca Fernando de Azevedo e Silva é um dos militares com maior trânsito nos Três Poderes. E foi justamente essa característica que o levou ao cargo que ocupará a partir do dia 1º de janeiro. Foi assessor parlamentar do Exército, período no qual se aproximou do Congresso. Também foi assessor especial do presidente do Supremo tribunal Federal, Dias Toffoli, por onde conseguiu entrada na atual composição da corte. O general atuou, ainda, na segurança de ex-presidentes da República e foi chefe do Estado-Maior do Exército, um dos principais postos da instituição. Terá por função, ao lado do general Heleno, intermediar os interesses das Forças Armadas no novo governo.

 

Agência Brasil

Roberto Campos Neto, 49 anos, presidente do Banco Central

O próximo presidente do BC é neto de Roberto Campos, ex-ministro do Planejamento e expoente do liberalismo econômico, que o superministro Paulo Guedes promete defender e implementar. O executivo se especializou na Califórnia e trabalhou no Banco Santander por quase 20 anos. Passou ainda pela Bozano Simonsen e pela Claritas Investimentos. Seu nome foi bem recebido pelo mercado, que espera a manutenção do estilo de gestão de Ilan Goldfajn, com inflação e juros sob controle. Há expectativa, também, de como atuará após a aprovação pelo Congresso de um projeto garantindo a independência do Banco Central, um desejo de Paulo Guedes e sua equipe.

 

Fátima Meira/Futura Press/Folhapress

Carlos Alberto dos Santos Cruz, 66 anos, ministro da Secretaria de Governo

O general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz assumirá a Secretaria de Governo graças à amizade de mais de 40 anos com o presidente eleito. Os dois se conheceram no quartel, onde foram pentatletas juntos. Embora tenha sido escolhido para comandar o ministério responsável pela articulação política, não tem experiência na área. Seu currículo é restrito à área militar, onde atuou em importantes missões de paz da ONU. A primeira foi no Haiti, entre 2006 e 2009, período marcado por intensos confrontos entre militares do país e forças rebeldes. A segunda, em 2013, quando já estava na reserva e foi reincorporado ao Exército para chefiar a missão de pacificação da República Democrática do Congo, na África. Depois, voltou para a reserva e passou a atuar na iniciativa privada. Estava ministrando um curso em Bangladesh quando foi comunicado de que seria ministro. Sua escolha fez parte de uma articulação pessoal do general Augusto Heleno.

 

Jéssica Pizza/Folhapress

Ricardo Vélez Rodríguez, 75 anos, ministro da Educação

Colombiano naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez foi escolhido ministro nos acréscimos, depois que Mozart Ramos, do Instituto Ayrton Senna, foi rifado pela bancada evangélica. Ele é professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e foi uma indicação pessoal de Olavo de Carvalho, um dos gurus de Jair Bolsonaro e da direita brasileira. É autor do livro “A Grande Mentira – Lula e o Patrimonialismo Petista” e fechou acesso a seu blog pessoal após ser anunciado para a Esplanada. Em uma das publicações, elogiou Aécio Neves na eleição de 2014. Defendeu, em carta, que a educação nacional promova “valores caros à sociedade, que, na sua essência, é conservadora e avessa a experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista”. Também é apoiador do projeto Escola Sem Partido.

 

Charles Sholl/Raw Image/Folhapress

Gustavo Bebianno, 54 anos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência

O advogado carioca e lutador de jiu-jiutsu Gustavo Bebianno teve uma trajetória meteórica na política. De um simples admirador de Bolsonaro até há pouco, será um dos braços direitos do presidente eleito a partir do próximo ano. Terá como principal missão auxiliar na modernização da máquina pública, ainda que sua experiência na área seja praticamente nenhuma. Aproximou-se voluntariamente de Bolsonaro em 2017, quando se ofereceu para trabalhar como seu advogado. Ganhou a confiança do chefe e foi alçado ao cargo de presidente do PSL, partido escolhido pelo futuro presidente da República para disputar as eleições. Graças a isso, acompanhou de perto as principais decisões da campanha e goza de prestígio com o eleito. Até então, dedicava-se à advocacia. Trabalhou no escritório do advogado Sérgio Bermudes, um dos mais conhecidos do país. Em seguida, por indicação do próprio Bermudes, atuou como diretor jurídico do Jornal do Brasil na gestão de Nelson Tanure. Foi nesses dois empregos que conheceu e se aproximou do empresário Paulo Marinho, primeiro suplente do senador eleito Flávio Bolsonaro e que disponibilizou sua casa, no Rio, para que o então candidato do PSL ao Palácio do Planalto pudesse gravar os programas do horário eleitoral gratuito.

 

Fátima Meira/Futura Press/Folhapress

Ernesto Araújo, 51 anos, ministro das Relações Exteriores

O gaúcho Ernesto Araújo foi uma das grandes surpresas do gabinete de Jair Bolsonaro. Foi anunciado quando as apostas giravam em torno de outros nomes, mais badalados. Sua indicação também partiu de uma sugestão de Olavo de Carvalho, em articulação com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito. Durante a campanha, montou um blog no qual atacava o PT. Nele, também deixava bem clara a sua visão de mundo. É entusiasta de uma agenda internacional contrária ao globalismo, em que, diz, os interesses de organizações globais predominam sobre os interesses particulares dos países. É admirador do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

 

Valter Campanato/Agência Brasil

Luiz Henrique Mandetta, 54 anos, ministro da Saúde

Médico especializado em ortopedia pediátrica, é deputado federal pelo DEM. Foi presidente da Unimed de Campo Grande, sua cidade natal, entre 2001 e 2004, o que o cacifou para ser secretário municipal de saúde entre 2005 e 2010 na gestão de Nelsinho Trad, à época no MDB. Em razão desse período, é investigado por fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois na implementação de um sistema de prontuário eletrônico na cidade. É filiado ao DEM desde 2009. Antes, era do MDB. Está em seu segundo mandato como deputado federal e focou sua atuação parlamentar na defesa dos interesses do setor privado ligado à saúde. Durante a pré-campanha eleitoral, foi uma espécie de consultor informal de Bolsonaro sobre o tema.

 

Tony Oliveira/Trilux/Folhapress

Tereza Cristina, 64 anos, ministra da Agricultura

Engenheira agrônoma de formação, tem forte ligação com os ruralistas e o agronegócio. Ela e a família atuam na pecuária e no plantio de soja no Mato Grosso do Sul. Na política, seus cargos sempre tiveram relação com a área. Foi secretária de Desenvolvimento Agrário do Mato Grosso do Sul entre 2007 e 2014. No período, assinou acordos para conceder incentivos fiscais ao grupo JBS no final de 2013, mesma época em que manteve negócios com a empresa. Em 2014, elegeu-se para o primeiro mandato como deputada federal pelo PSB, que já anunciou que será oposição ao novo governo. Deixou a sigla em outubro do ano passado, após ser ameaçada de expulsão por ter votado a favor da reforma trabalhista. Filiou-se, então, ao DEM. Quando foi nomeada, era presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, principal responsável por sua indicação para o ministério. Como deputada, foi presidente de uma comissão especial que aprovou projeto facilitando o uso de defensivos agrícolas.

 

Reprodução

André Luiz de Almeida, 45 anos, advogado-geral da União

Na Advocacia-Geral da União (AGU) desde 2000, o paulista André Luiz de Almeida foi corregedor-geral do órgão. Fez mestrado e doutorado em direito na Espanha e teve passagens também pela Controladoria-Geral da União. Atuou como advogado da Petrobras e é pastor presbiteriano em Brasília. Terá a missão de defender o governo junto ao Supremo Tribunal Federal. O chefe da AGU costuma ser um dos principais conselheiros jurídicos do Palácio do Planalto e de toda a Esplanada dos Ministérios, mas André Almeida deverá contar, nessa missão, com a concorrência de colegas da área alojados em posições estratégias no governo, como o também advogado Gustavo Bebianno. Ele deverá ter trabalho diante da disposição de partidos de oposição e organizações não-governamentais de levar à Justiça alguns pontos do programa de governo de Bolsonaro, como a redução da maioridade penal.

 

Reprodução

Bento Costa, 60 anos, ministro das Minas e Energia

O almirante carioca foi escolhido para representar a Marinha na Esplanada, cujo desenho já tinha vários representantes do Exército. Ao ser convidado por Bolsonaro, integrava o conselho de administração da Nuclebrás, responsável por desenvolver o programa nuclear brasileiro. Também era diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha. Fez especializações nas áreas de ciência política e gestão na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Universidade de Brasília e na Fundação Getúlio Vargas.

 

Adriano Machado/Crusoé

Marcos Pontes, 55 anos, ministro da Ciência e Tecnologia

O futuro ministro da Ciência e Tecnologia faz questão de lembrar aos outros de que é um astronauta. Enquanto seus colegas de transição em Brasília trajam os habituais paletó e gravata, ele costuma andar metido em um macacão azul escuro espalhafatoso, que imita a roupa que vestiu quando foi ao espaço, em 2006. O governo desembolsou 10 milhões de dólares e Pontes foi o primeiro brasileiro a cumprir uma missão espacial. Dois meses depois de voltar à Terra, aos 43 anos, o tenente-coronel da Aeronáutica passou para a reserva. A partir daí, mergulhou em ações comerciais, sempre explorando seu feito. Escreveu livros rasgando elogios à própria carreira e passou a ministrar palestras, nas quais repete bordões de autoajuda. “Sonhos são as coisas mais preciosas que temos. São como sementes que plantamos no nosso destino”, diz em um deles. Filiado ao PSL e registrado na Justiça Eleitoral como “Astronauta Marcos Pontes”, é o segundo suplente do senador eleito Major Olímpio. Após ser anunciado ministro por Bolsonaro, Pontes segue em sua órbita: manda “abraços espaciais” para seus seguidores nas redes sociais e faz questão de assinar as postagens como “astronauta Marcos Pontes”.

 

Divulgação

Wagner Rosário, 43 anos, ministro da Transparência

O mineiro, ex-militar foi uma exceção no ministério do novo governo. Dos 22 ministros de Bolsonaro, é o único que integra atualmente o primeiro escalão de Michel Temer e seguirá na cadeira a partir de 1º de janeiro. É auditor federal de finanças e controle desde 2009. Formou-se em ciências militares pela Academia das Agulhas Negras, a Aman, e é pós-graduado na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército – escolas pelas quais Jair Bolsonaro passou. Fez mestrado em combate à corrupção na Espanha e é formado também em educação física. Ficou um ano inteiro como ministro interino de Michel Temer. Só foi efetivado na pasta em junho deste ano. Foi o primeiro servidor de carreira da CGU a chegar ao posto de ministro.

 

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Tarcísio Freitas, 43 anos, ministro da Infraestrutura

À frente da nova pasta, uma remodelagem do atual Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, o baiano Tarcísio Freitas tem passado militar e bom trânsito entre caciques políticos, como o enrolado emedebista Moreira Franco. É formado pela Academia Militar das Agulhas Negras e pelo Instituto Militar de Engenharia. Foi engenheiro do Exército até entrar para o quadro da Câmara dos Deputados, como consultor legislativo. Dirigiu o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o DNIT, e está no Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência (PPI), onde trata de concessões à iniciativa privada. Ainda durante a campanha, foi apresentado aos generais do entorno de Jair Bolsonaro por Adalberto Santos, chefe do PPI, em um encontro na casa do general Oswaldo Ferreira, que chefiou as discussões sobre infraestrutura durante a campanha e declinou do convite para ser ministro.

 

Fátima Meira/Futura Press/Folhapress

Ricardo Salles, 43 anos, ministro do Meio Ambiente

O advogado paulista Ricardo Salles foi escolhido para chefiar o Ministério do Meio Ambiente de Bolsonaro graças a sua relação com o agronegócio. Em suas entrevistas, costuma defender menor interferência do estado na atividade dos produtores rurais e a proteção da categoria às ações de movimentos sociais, como o MST. Foi secretário estadual do Meio Ambiente em São Paulo entre julho de 2016 e agosto de 2017, na gestão do ex-governador tucano Geraldo Alckmin, de quem foi secretário particular entre 2013 e 2014. O futuro ministro concorre a cargos políticos desde 2006, quando criou o movimento Endireita Brasil. Já tentou se eleger, sem sucesso, vereador, deputado estadual e deputado federal. Neste ano, tentou uma vaga na Câmara dos Deputados pelo partido Novo. Conseguiu 36,6 mil votos, que não foram suficientes para elegê-lo. Sua nomeação provocou polêmica porque Salles é réu por improbidade administrativa desde 2017. Ao lado de duas funcionárias de sua equipe, quando era secretário de Meio Ambiente de Alckmin, foi acusado de esconder alterações em mapas do zoneamento ambiental na várzea do rio Tietê, em São Paulo.

 

Adriano Machado/Crusoé

Gustavo Canuto, 40 anos, ministro do Desenvolvimento Regional

Secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional do atual governo, foi anunciado como uma indicação técnica pela equipe de Jair Bolsonaro. Engenheiro e advogado, se enquadra no perfil de superburocratas de Brasília, o grupo de servidores que transitam por diversos órgãos da máquina federal e estão sempre em ascensão, independentemente do partido do governo de ocasião – no de Michel Temer, por exemplo, a pasta em que trabalhava estava sob o domínio do MDB. É servidor efetivo do Ministério do Planejamento, mas já esteve na Secretaria de Aviação Civil, na Secretaria Geral da Presidência e na Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac.

 

Adriano Machado/Crusoé

Marcelo Álvaro Antônio, 44 anos, ministro do Turismo

Reeleito para seu segundo mandato na Câmara dos Deputados como o mais votado de Minas Gerais, passou por três partidos antes de chegar ao PSL, sigla do presidente eleito. Ele é da bancada evangélica e admite não ter qualquer experiência no setor de turismo, que Jair Bolsonaro apresenta como um dos caminhos para alavancar a economia nacional. O futuro ministro não tem ensino superior — ele abandonou o curso de engenharia civil no Centro Universitário de Belo Horizonte. Em julho, tentou se cacifar para ser vice-presidente na chapa de Bolsonaro.

 

Fátima Meira/Futura Press/Folhapress

Osmar Terra, 68 anos, ministro da Cidadania

Deputado federal há 20 anos com atuação relativamente modesta no MDB — nunca passou de vice-líder da sigla —, é médico e foi secretário de Saúde do Rio Grande do Sul. Foi ministro do Desenvolvimento Social de Michel Temer, posto do qual se desligou antes da campanha para candidatar-se novamente a deputado federal. Como ministro do atual governo, mandou fazer um pente-fino em busca de irregularidades em benefícios sociais. Sob seu guarda-chuva foi alojado o apagadíssimo programa Criança Feliz, criado para projetar a imagem da primeira-dama Marcela Temer. A partir de janeiro, deve trabalhar com a mulher de Bolsonaro para tocar um projeto para pessoas com deficiência. A pasta será ampliada: além do Desenvolvimento Social, geralmente lembrado por gerir o Bolsa Família e outros benefícios, absorverá os ministérios do Esporte e da Cultura. A propósito deste último, Terra cometeu sincericídio dias atrás, ao ser perguntado sobre sua experiência na área: “Só toco berimbau”.

 

Adriano Machado/Crusoé

Damares Alves, 54 anos, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos

Grudado em Jair Bolsonaro na campanha, o senador não-reeleito Magno Malta ficou de fora do ministério, mas viu Damares, sua assessora, virar ministra. Malta jura que a nomeação não se deu por indicação sua. Mas a considerar as declarações da futura ministra, também pastora evangélica, o alinhamento é evidente. Crítica ferrenha do aborto, ela disse a Crusoé ter sido vítima de abuso quando tinha seis anos, o que a tornou estéril: “Esse período de abuso, que demorou um certo tempo, não foi uma única vez”. Também já disse que, depois das experiências traumáticas na infância, passou a ter Jesus Cristo como amigo imaginário, com o qual interagia no alto de uma goiabeira. A proximidade com o sagrado não impediu que ela fosse suspeita de irregularidades. A ONG que fundou, batizada de Atini, é processada pelo Ministério Público Federal de Roraima por divulgar um filme que mostra crianças indígenas deficientes sendo supostamente enterradas vivas por parentes. Os procuradores afirmam que se trata de uma encenação, e que a prática não ocorre na tribo retratada, da etnia Karitiana. Em outra frente, o MP do Rio move ação para que uma criança indígena do Amazonas seja devolvida a sua tribo. Ela foi entregue pela Atini a um casal de Volta Redonda.

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