DiogoMainardina ilha do desespero

Em defesa do linchamento virtual

07.12.18

Jair Bolsonaro pode governar por meio do Twitter? A imprensa diz que não. Os analistas consultados pela imprensa dizem que não. Os congressistas plantam notas na imprensa dizendo que não. Eu discordo de todos eles: governar por meio do Twitter é a única chance que ele tem.

Merval Pereira citou uma frase de um assessor de Jair Bolsonaro que participou de suas conversas com os partidos. Ele disse: “A facilidade com que pedem um porto é impressionante”. Só há duas maneiras de se lidar com isso: entregar o porto ou denunciar o achaque. Michel Temer entregava o porto. Dilma Rousseff entregava o porto. Lula virava sócio do porto. Jair Bolsonaro tem de escolher outro caminho: publicar uma hashtag com o nome do parlamentar e o seu pedido.

A Lava Jato mostrou como funcionava o Palácio do Planalto (Lula já está preso, ainda falta prender Dilma Rousseff e Michel Temer) e o Congresso Nacional (com suas centenas de portos). É um sistema apodrecido, incapaz de se regenerar sozinho. Por isso mesmo, sugiro que Jair Bolsonaro recorra a outra tática: a do linchamento nas redes sociais. Vale para os achacadores do Congresso Nacional, assim como para os ministros do STF. O presidente eleito tem de pregar na parede algo que ele próprio disse na quarta-feira: “Eu posso não saber a fórmula do sucesso, mas a do fracasso é essa que foi usada até o momento, de distribuir ministérios e bancos para partidos políticos. Essa fórmula não deu certo”.

Jair Bolsonaro, em entrevista para O Antagonista, disse que estava pensando em colocar seu filho Carlos na Secom. Na ocasião, eu o acusei de praticar um nepotismo vergonhoso. Ele acabou fazendo a coisa certa: deu o cargo para o general Floriano Peixoto, com a missão de reduzir o gasto com publicidade estatal. Mas Carlos Bolsonaro sabe usar a internet melhor do que todos os assessores do governo. Ele pode ajudar seu pai informalmente, fomentando o linchamento virtual dos chantagistas que tentam barganhar regalias em troca de apoio político.

Jair Bolsonaro tem seis meses de tempo para aprovar as reformas na economia, sem as quais ele não vai durar até o fim do mandato. Ou ele rompe a velha fórmula e governa por meio do Twitter, ou ele está destinado ao fracasso.

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