Adriano Machado/CrusoéMiro Teixeira: do mensalão ao petrolão, ele viu de perto as maiores mazelas do Congresso

A democracia não está em risco

Miro Teixeira, o decano do Congresso que está prestes a deixar Brasília, faz uma leitura sincera do comportamento dos colegas, conta como viu o mensalão nascer e rechaça a ideia de que a democracia está em risco no Brasil
05.10.18

Aos 73 anos, Miro Teixeira já viu muita coisa. Da atual composição da Câmara, é o deputado federal com mais mandatos no currículo. Onze, ao todo. Ele passou mais da metade de sua vida no Congresso Nacional. A estreia, em 1971, se deu quando o Rio de Janeiro, seu estado de origem, ainda se chamava Guanabara. No ano que vem, é certo que Miro não estará mais no mesmo lugar. O decano se despede dos carpetes verdes da Câmara e só continuará no Congresso se nestas eleições ganhar votos suficientes para alcançar os carpetes azuis do Senado – a julgar pelos resultados das pesquisas, é quase impossível que ele consiga uma das duas cadeiras em disputa. Nesta entrevista a Crusoé, o deputado traça um panorama sincero do Parlamento e dos maus hábitos que atentam seus integrantes e os fazem flertar com a corrupção já na chegada. “O camarada não fala com o diabo só quando ele quer. Depois o diabo volta e pede 30 alminhas”, brinca.

O veterano deputado conta como viu, a partir de uma posição bastante privilegiada, os primeiros sintomas do mensalão. Bem antes de o escândalo eclodir, ele soube por Roberto Jefferson que o governo Lula estava comprando votos. Era só o começo de um enredo que, diz, emendaria com o as cifras bilionárias petrolão e acabaria por minar a crença popular na política. Ainda assim, às vésperas da eleição mais radicalizada da história brasileira, Miro não enxerga ameaças à democracia, como muitos propalam. “Dentro das Forças Armadas, a última coisa que eles desejam é uma nova ditadura”, afirma. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Onze mandatos depois, o senhor se cansou da política?
Não. Pelo contrário. Eu teria uma eleição tranquila para deputado, mas não é mais um mandato que busco, é mais presença política. Eu pretendia ser candidato ao governo do Rio, porque a situação do estado é muito penosa. Mas não obtive coligações capazes de me viabilizar. A outra forma de eu procurar soluções para o Rio era na candidatura ao Senado.

O senhor está em quinto lugar nas pesquisas. Alguns de seus adversários já foram condenados, como César Maia e Lindbergh Farias. Não é frustrante concorrer com essas pessoas?
É muito estranho você disputar com alguns inelegíveis.

O fim do financiamento privado de campanhas acabou com o caixa dois?
Fizemos tanto para a eleição ficar mais barata, mas ela só ficou mais barata para quem cumpre a lei. Para quem não cumpre a lei e vai continuar não cumprindo, ficou muito mais fácil o trabalho. O que vai se passar agora é o que eu chamo de momento do espanto. Quando acabar a propaganda eleitoral, nas últimas 48 horas finais, é a hora do espanto. É a hora em que o caixa dois se faz mais presente. São legiões nas ruas com centenas de milhões de panfletos. É nessas horas que o crime atua, pressionando as áreas mais carentes para votar de uma forma ou de outra. O caixa dois alimenta tudo isso. O crime organizado tem lucros e mandatos de proteção. Aqueles que habitualmente usavam caixa dois estão agindo com o maior desembaraço. É necessário ter uma força-tarefa que prenda essas pessoas. Basta correr as cidades. Diversos prefeitos estão obrigando funcionários a votarem neles.

O crime organizado prevaleceu nesta eleição?
Esta eleição não é diferente das outras. É que hoje o crime organizado se mistura muito com a bandidagem, de um lado, e com os políticos bandidos de outro. Não há muita diferença nessa gelatina. É o mesmo corpo, inteiramente solidário. Eu tenho mensagens de candidatos que não conseguem entrar em determinada comunidade porque ela está fechada com um candidato. Mas se ele tiver dinheiro para contratar 30 pessoas que os camaradas (os bandidos) indicam, ele pode ter a sua própria propaganda circulando pela comunidade. Tudo se misturou. Aquilo que antes era exclusivo do controle do bandido passou a ser também do controle do político bandido.

O que faz esta campanha presidencial ser tão diferente?
Há muitas coisas diferentes. O Lula preso, inelegível, mantido nas pesquisas noticiadas diariamente, o que causou um nó na cabeça do eleitorado. Isso nunca foi visto. Dificultou bastante a formação do pensamento dos eleitores. Essa retroalimentação de pesquisa e noticiário permitiu que ele fosse o principal personagem do processo eleitoral.

Por que isso aconteceu?
Interessava a grupos políticos um ambiente de perplexidade na população. Do outro lado, havia a insistência do PT em dizer que ele era candidato.

Que grupos queriam a perplexidade da população?
Grupos partidários que esperavam criar um anti-Lula. Era a tese de que, estando na pesquisa, o Lula preso perderia força. Mas não foi isso que aconteceu.

Como Jair Bolsonaro conseguiu ser o maior beneficiário do sentimento anti-Lula?
O Bolsonaro é beneficiário da autenticidade dele. Você pode concordar ou divergir do Bolsonaro. Graças a Deus, estamos num país livre. A ideia de criar uma candidatura de centro para se opor ao lulismo falhou.

O que acha do Bolsonaro?
Eu me dou pessoalmente bem com ele, mas divirjo inteiramente de algumas posturas dele. Ao longo dos mandatos, ele foi ficando mais tranquilo. Inicialmente era uma pessoa que vez ou outra queria partir até para o confronto físico. Um deputado dizia que eu era o “amansa Bolsonaro”, porque uma vez eu vi que ele ia partir mesmo para cima e, confiando na fragilidade dos meus cabelos brancos, olhei para ele e disse: “Fica na tua”. E ele ficou.

Quando foi isso?
Ano passado.

O que aconteceu?
Ele foi chamado de “fascista” e queria partir para a porrada. Eu estava mais ou menos no meio dos dois no corredor do plenário. Vi na expressão dele que ele não ia chegar conversando. Ia chegar batendo. Então eu me coloquei na frente dele e disse: “Fica na tua. Volte para o seu lugar”. Era com a Jandira Feghali ou uma das outras deputadas. Começou com elas, mas acabou se formando um bolo.

Adriano Machado/CrusoéAdriano Machado/Crusoé“O crime organizado se mistura com a bandidagem, de um lado, e com os políticos bandidos de outro”
O que pensa do Haddad?
Eu tenho a impressão de uma pessoa serena. Não tenho qualquer outra avaliação a fazer dele.

Como estão os eleitores nesta campanha?
Eu tenho o grande prazer de andar sozinho pelas ruas, mantenho uma boa relação com as pessoas. Mas o eleitor está diferente. Estranhamente mais calado. É muito curioso. Já fiz campanha com o Ulysses Guimarães, com o Ciro Gomes. Havia, na rua, naturalmente os prós e os contras. Agora, as pessoas estão decididas e não querem perder tempo em discussões que, para elas, não vão levar a nada. Na campanha do Brizola de 1990, ao governo no Rio, ele foi eleito com 63% dos votos. Mas no comício final, em Nova Iguaçu, não tinha ninguém. Nem 50 pessoas. No carro, eu falei: “Governador, eu acho que deveríamos ter mobilizado um público maior”. Ele respondeu: “Miro, o povo já decidiu. Por isso é que não foi”. Isso está acontecendo agora.

Mas o país não está conflagrado?
Isso está mais na internet do que na rua. A manifestação contra o Bolsonaro na Cinelândia (centro do Rio) foi extremamente numerosa e pacífica. E a manifestação a favor do Bolsonaro na Avenida Paulista também. As pessoas estão se respeitando. Os caras-feias estão na internet, na solidão e no anonimato.

A facada em Bolsonaro não mostra o contrário?
Houve um momento de apreensão, claro, em que pensei: “O que será isso?”. Tive preocupação com a saúde dele, isso foi generalizado. A morte de Bolsonaro poderia ter desencadeado um movimento de violência. Mas como ele se recuperou e ficou claro, pelo menos até agora, que o agressor agiu sozinho, não houve qualquer outro tipo de manifestação de violência. Nem ovo jogaram sobre qualquer candidato.

Por que os extremos têm liderado a corrida eleitoral?
É a recente cultura do bipartidarismo. Na ditadura, tínhamos os lados muito definidos. Depois, tivemos o multipartidarismo, que não agregou identidade à população. A população não se considera representada pelo ideário do partido político. E aí chegamos, então, à disputa que não é de ideias, mas sim de pessoas. Voltamos ao estágio de pessoas e símbolos. De um lado, o Lula. Do outro, o Bolsonaro. Nós regredimos a isso. O dinheiro público financia os partidos políticos, são máquinas, e os dirigentes se remuneram. O magnata americano John Rockefeller dizia que o melhor negócio do mundo é um poço de petróleo bem administrado. Isso é porque ele não conheceu partido político no Brasil. Partido político no Brasil é um negócio. Há uma promiscuidade absoluta no funcionamento dos partidos políticos brasileiros. Isso é muito claro. A solução é que partidos possam ser criados livremente, mas que se retire todo o dinheiro público das siglas.

Onde está o erro original?
É muito marcante a fala do Roberto Cardoso Alves (ex-deputado e ex-ministro), na Constituinte, em 1988, com a deformação da oração de São Francisco (“É dando que se recebe”). Foi um ponto de referência. Mas tem uma coisa que eu acho mais significativa. É o discurso do Severino Cavalcanti (presidente da Câmara dos Deputados no governo Lula), em 2005, dizendo que o PP queria uma diretoria da Petrobras, mas não uma qualquer: uma que fura poço. Esse é o momento em que se torna mais visível. O que levou o Severino Cavalcanti a isso? Ele tinha conhecimento do que se passava na Petrobras, seguramente. E ele queria participar. Ele e os próximos a ele.

Era, aparentemente, o prenúncio do petrolão, uma década antes.
Pois é! Aquilo ali era o anúncio de que isso já existia. O Cavalcanti sabia que ele iria entrar. E entrou, porque ganhou uma diretoria. Não a que fura poço, mas a que cuida dos contratos.

Como começa a corrupção de um parlamentar?
O parlamentar frequenta gabinetes de ministros, do vice, do presidente da República. Começa às vezes com uma causa nobre até, levando lá um pleito da sua paróquia. E depois vai se relacionando com a máquina, com o pior lado da máquina, e acaba entrando na turma da corrupção. Porque o camarada não fala com o diabo só quando ele quer. Depois o diabo volta e pede 30 alminhas. E aí, pronto, já entrou no círculo infernal.

Esse comportamento é generalizado?
A subserviência é muito grande. Às vezes, o parlamentar está de olho no atendimento das reivindicações, sem corrupção. Mas, de qualquer maneira, é incabível, já que os poderes devem funcionar de modo separado e harmonioso. Pelo Parlamento, você tem instrumentos para fazer requerimentos de informação, pedir tomada especial de contas. Porém, é mais confortável, do ponto de vista pejorativo, ser subserviente ao Poder Executivo.

O que ganham em troca?
Ganham mais força em seus municípios, porque se relacionam com prefeitos. E, em alguns casos, acabam participando dos lucros de obras superfaturadas, como se vê nos inquéritos e processos. Mas não posso quantificar, porque seria injusto. Não tenho essa régua.

Adriano Machado/CrusoéAdriano Machado/Crusoé“A política é a maior criação da inteligência humana”
E aí fica mais fácil se reelegerem.
Aí, pronto. Quando chega a hora da eleição, o prefeito providencia ali a boca de urna, o caixa dois. Nunca houve uma investigação dessa natureza, e acho que deveria haver.

A corrupção parece começar pelo mau uso da verba de gabinete.
Enquanto houve verba indenizatória, nunca usei. Tem deputado que, só de verba de combustível, dá para dar voltas ao mundo. Então o que falta é uma boa auditoria nessas contas. O que a Câmara faz é uma simples conferência das notas. Já teve até despesa de motel. É uma aberração. Esse penduricalho acaba sendo maior do que o salário, porque sobre ele o deputado não paga imposto de renda.

Na delação de Antonio Palocci, o senhor é citado como integrante da mesma corrente política dele, que defendia que o apoio do Congresso se daria em torno da aprovação de grandes reformas.
Está correto. Foi numa reunião no gabinete do Lula no Planalto. Era janeiro, o governo estava no primeiro mês. Estávamos discutindo maioria parlamentar, que era precária. Eu disse: “Olha, a maneira que eu vejo é a maioria eventual, dependendo do tema. Isso é plenamente possível”. Sem trocas por cargos. Aí o (José) Dirceu, numa visão ideológica, não era algo em torno de dinheiro para ele, nada disso, ele disse: “Esse Congresso burguês só funciona à base de orçamento”. Era uma visão que correspondia um pouco à história dos 300 picaretas do Lula (em 1993, Lula disse que havia 300 picaretas no Congresso). Aí o Palocci falou: “Eu concordo com o Miro. Temos que fazer alianças conforme o programa de ação”. E o Lula ficou calado. Diante daquele silêncio eloquente, eu disse que tinha outro compromisso, pedi licença e me retirei do gabinete do presidente. E o Palocci também foi se levantando para ir embora. Depois, você viu como se compôs a maioria: deu no mensalão. Não tenho dúvida. O Palocci, inclusive, me indicou como testemunha e prestei esse depoimento ao juiz Moro.

Muitos investigados têm boas chances de se reelegerem no Congresso. É uma derrota que a velha política impõe à operação Lava Jato?
Não. Enquanto não se der um tratamento processual diferenciado ao crime de corrupção, isso vai continuar acontecendo. Enquanto um garoto delinquente apanhado em flagrante é levado imediatamente a um estabelecimento prisional, o autor do crime de corrupção pego em flagrante não é levado a lugar nenhum. Cometemos um erro na Constituição quando usamos a expressão “prazos razoáveis”. Os prazos têm de ser determinados. Advogados são obrigados a cumprir prazos, mas a Justiça não.

O que esperar do próximo Congresso?
O conceito de renovação é muito esquisito. Eu vi o Miguel Arraes (ex-governador de Pernambuco) voltar do exílio, se eleger deputado e entrar na cota de renovação. A chamada renovação abriga as oligarquias, os sucessores. Essa tentativa de levar para a vida pública os outsiders, tenho impressão que será frustrante no Congresso. No Rio, a filha do Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara) e o filho do Sérgio Cabral (ex-governador do Rio) estão fazendo uma campanha muito forte. Filhos, netos, bisnetos de políticos se elegem graças a isso, no Brasil inteiro. Renovação é uma expressão inadequada. É o filhotismo.

Então, não há perspectivas de um Congresso melhor?
O colegiado pode ser bom ou mau. Não é a qualidade de cada parlamentar que faz isso. O mesmo Congresso que se associou ao Fernando Collor e depois o derrubou se associou ao Itamar Franco. E com o Itamar, foi um bom Congresso. Fez o Plano Real.

Como ele conseguiu?
A austeridade do presidente da República impede que haja ofensas à moralidade.

Ainda é possível esperar austeridade de um presidente?
Há várias formas de legitimação. O eleito estará legitimado pelo voto. Passado um tempo, tem que estar legitimado pelo desempenho. E, finalmente, há os que podem se legitimar pelo objetivo. O general João Figueiredo, como presidente, poderia ter se legitimado pelo objetivo, se ele tivesse convocado eleições diretas. Ninguém poderá dizer que o presidente eleito não teve voto.

O senhor vê risco à democracia, como muitos afirmam?
Não. O PIB brasileiro é diferente do PIB da Venezuela. Nossas instituições são muito fortalecidas. Estamos falando aqui do Congresso, mas temos os três poderes. As instituições garantem o equilíbrio democrático. Aí entra a atuação da imprensa livre, da sociedade, do Ministério Público, dos poderes. Dentro das Forças Armadas, a última coisa que eles desejam é uma nova ditadura.

Está tranquilo quanto a isso?
Tenho tranquilidade absoluta. A globalização nos ajuda. Qualquer guinada ditatorial fará o Brasil sofrer sanções. O país não suportará. O mundo não tem mais esse isolamento que deu origem a ditaduras. O Brasil é um país relevante. É inadmissível imaginar que venha algo que coloque em risco os contratos, os direitos adquiridos.

Bolsonaro e Haddad, líderes nas pesquisas, já falaram em fraude nas eleições.
Nunca vi perdedor ficar satisfeito. Mas questionamento de resultados, o discurso de que houve fraude, não pode ser feito.É preciso prova técnica.

Por que a candidatura de Marina Silva, a líder de seu partido, derreteu?
A Marina é autêntica, estudiosa, sincera, se recusa a fazer proselitismo político. Ainda precisamos avançar mais na nossa democracia para que a eleição seja um fato normal. Para que não seja uma disputa movida por ódio e para que se racionalize a frase constitucional de que todo o poder emana do povo. Não chegamos a isso. O Brasil é uma república de sucessivas ditaduras, estados de sítio, anomalias democráticas. Tivemos alguns anos de normalidade, especialmente até o primeiro governo Lula. Depois começaram a surgir denúncias de corrupção, o mensalão, o petrolão. Isso contaminou muito a população contra a própria democracia.

O senhor sabia do mensalão antes de o escândalo vir à luz?
Eu já tinha ouvido do Roberto Jefferson (então deputado federal), quando eu estava no ministério. Ele foi conversar comigo sobre um convite para eu ir para o PTB, e na saída, depois de dois cafés, ele foi acompanhado do José Múcio (ex-ministro de Lula e atual ministro do TCU), que era líder do partido. E o Jefferson disse: “No PTB não tem mesada para deputado não”. Perguntei: “Como é isso?”, e ele respondeu: “Não sabe não?”. Eu disse que não, e pedi para que se sentasse de novo. Ele disse: “Ah, tem um esquema aí, distribuem mesada para deputados”. Eu falei: “Precisamos sair daqui e ir ao presidente da República, porque isso bota em risco não o Congresso, mas a democracia”. Ele não quis ir. Depois eu voltei à Câmara, o encontrei no corredor e disse: “Olha, vamos ao microfone, um fala e o outro confirma”. Ele disse: “Não, eu não posso fazer isso, porque senão eu transformo o Lula num Lech Walesa (líder sindical e ex-presidente polonês)”.

O que sentiu quando ouviu o relato de Jefferson?
A primeira coisa foi uma dúvida sobre o que movia o Roberto Jefferson. Quando eu propus ir ao presidente Lula e ele se recusou, entendi que ele queria espalhar a história para que chegasse aos ouvidos do presidente que ele estava dizendo isso, e ele ser chamado para resolver alguma coisa. Eu só não quis ser instrumento. Imagine eu chegar para o Lula e o Jefferson desmentir depois.

Se o senhor não for eleito, seguirá na política?
Na política, sempre. Vou viver de advocacia, mas reunir experiências que adquiri e escrever sobre isso, mostrando que há caminhos. É preciso ter otimismo no Brasil.

Disputaria outra eleição?
Aí vou usar uma frase do Brizola: “Vou fazer uma pausa”.

O que aprendeu ao longo de tantos mandatos?
Não existe um mandato igual ao outro. Todo mandato é diferente. Você teve a Constituinte, o impeachment do Collor, os anões do Orçamento, o impeachment da Dilma, as denúncias contra o Temer. Não fique seguro de que você não se surpreenderá a qualquer momento com alguma coisa nova.

Qual foi o momento mais difícil em seus quase 50 anos de Congresso?
Nunca vivi nenhuma dificuldade. Sempre tive o cuidado em não ter nomeações. Quando deixei o Ministério das Comunicações, o Lula me perguntou: “Quem você quer manter lá?”. Eu disse: “Ninguém”. Sempre busquei ter minha autonomia para votar. Sempre agi como eu achava que deveria. Se acertei, errei, sei lá. Mas jamais tive um esqueleto para levar pela vida dentro de um armário porque deixei de fazer ou fiz algo que julgava que não deveria.

E o episódio mais triste?
O fechamento do Congresso no pacote de abril de 1977. As eleições a governador seriam pelo voto direto no ano seguinte. Então, quando vi o Congresso sendo fechado, e eu estava lá, foi o momento mais triste.

A política tem jeito?
A política é a maior criação da inteligência humana. As leis existem por causa da política. Em função disso, as pessoas não saem fazendo o que querem com as outras. O entendimento é de que todos abrem mão um pouco dos seus direitos para o benefício de todos. É pela política que se alcança o bem geral.

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  1. Ao ler a entrevista de Miro Teixeira, politico que não conheço pessoalmente, mas que me inspira confiança, fiquei bastante tranquilo e confiante em nosso país. Se Deus nos brindar com grande numero de pessoas desta categoria, com certeza vou estar muito mais tranquilo e feliz. Dr. Miro que Deus o ilumine e o proteja sempre.

  2. Acho sim que a democracia brasileira está em risco! Basta ler o programa de governo do PT registrado no TRE, ouvir as declarações de Jose Dirceu (recentes), ao jornal El Pais, os compromissos declarados da sua vice Manuela D'avila, e os desejos secretos no nosso querido presidiário e deus onipotente do PT

  3. um bom nome pro conselho político de Bolsonaro....pode ajudar muito na condução.das propostas das reformas...principalmente a política...

  4. Concordo plenamente com o Miro: nenhum dinheiro público - e nem de empresas - para partido político. Eles que sejam bons o bastante para conseguirem muitos afiliados (e, aí, teremos muito menos partidos) e que eles mesmos o mantenham. Asim como um clube social do qual somos sócios proprietários. Quem inventou essa ideia de que campanha política tem que ser esse carnaval de comícios, shows, artistas caros (pagos em moeda forte!!!!). Ainda mais hoje, com as mídias digitais. Fim ao Fundo Partidário

  5. Palavras bonitas, mas lembrem-se que é um político e muitíssimo experiente. Fala conciliadoras não me enganam mais. Falou que temos instituições sólidas, que é necessária prova técnica de fraude eleitoral e que no atentado ao Bolsonaro o agressor agiu sozinho! Panos quentes e conversa para boi dormir, como todo político experiente.

    1. E para completar, ainda deu um jeito de dizer que o Bolsonaro partiu para agredir fisicamente a Jandira Feghali e outras mulheres e só foi contido por ele. Eu acompanho a movimentação política e não acho que a TV e os jornais e também a esquerda iriam deixar isso passar em branco. O Miro é um macaco velhíssimo na política. Começou a despontar mesmo foi no clientelismo chaguista. Depois virou brizolista. Grande malandro. Não dou um tostão furado por ele. Quem quiser que o compre.

  6. Saber que a democracia não será abalada me anima em votar no Bolsonaro sem a dúvida que tentam me incutir. Parabens Miro Teixeira, Saúde e Paz!

  7. Os bons deveriam sempre ter uma compensação, mas nem sempre ocorre! Miro Teixeira, vai trabalhar e ganhar tua grana como advogado.

  8. É um político carioca diferenciado, com imensas diferenças se comparado a um Pisciani, Cabral, Paes, Pezão, Romário e escumalha. Pode-se até desconfiar, mas nunca ouvi ou li sobre algum deslize cometido por ele. É o tipo de entrevista que deixa a gente entusiasmado, ou seja, a de que, embora minúscula, há gente séria na política. Mas uma andorinha não faz verão, essa máxima já desgastada. Ao optar por nomes o eleitor brasileiro corrói a boa política. Lula, Collor, Haddad, Bolsonaro, Dilma, etc.

  9. Um cara como Miro Teixeira, no Rio; como Reguffe, no DF e não vão ser eleitos no domingo. É de uma tristeza inominável. Pobre Brasil.

  10. Muito a aprender com a maturidade política do parlamentar.Possa sua longa experiência contribuir para o fortalecimento da nossa democracia.

    1. Uma das melhores entrevistas que li nos últimos tempos. Serena e verdadeira. Parabéns.

  11. Excelente caráter. Obrigado à revista por trazê-lo à luz. Esta é a velha guarda que precisamos para todas as boas transições: Simon, Miro, Jarbas Vasconcelos, Cristóvão Buarque, Arthur Virgílio ...

    1. Amigo, concordo com todos os outros nomes mas tire jarbas Vasconcelos dessa lista. Para garantir o mandato de senador , até o pedido de lula livre andou fazendo

    2. Excelente entrevista com um parlamentar que honrou seus mandatos! Independentemente do partido em que estivesse sempre teve o meu voto. Para senador é um dos meus candidatos. Não desista da política, Miro!

    1. o meu voto também é dele. Pena que não seremos tantos, o suficiente para nos representar decentemente no Congresso.

  12. O que mais me chamou a atenção foi a expressão "filhotismo", é a mais pura verdade, as raposas velhas estão espalhando seus filhotes por todo sistema político brasileiro, sem falar naquelas nomeações fruto do nepotismo cruzado, infelizmente a grande maioria do eleitorado ignora estes truques sujos.

  13. Tenho o maior respeito para Junqueira e Barreto que relataram fielmente a entrevista. Só um ponto: a respeito da resposta relativa a fraudes na eleição a pergunta deveria ter sido mais abrangente comparando nossas urnas de primeira geração com as de segunda. Qual prova se, pelo que eu sei, a recontagem dos votos é impossível com nossa urna? Analogamente a resposta a pergunta:" O crime organizado prevaleceu nesta eleição ?" deveria ser atrelada a das 'fraudes' ou seja, algo ficou mal explicado.

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