DiogoMainardina ilha do desespero

Autogolpe

10.09.21

Hamilton Mourão, em 2018, durante a campanha presidencial, falou em “autogolpe”.

Na época, todos se apavoraram, mas ninguém entendeu direito do que se tratava, nem mesmo Jair Bolsonaro, que respondeu:

“Eu o desautorizei. Não entendi o que ele quis dizer com autogolpe, mas isso não existe.”

Dois anos e meio mais tarde, com um rastro de 580 mil cadáveres e o fracasso retumbante do circo bolsonarista em 7 de Setembro, descobrimos que o “autogolpe” existe, sim. Jair Bolsonaro deu um golpe nele mesmo, implodindo seu próprio governo, e o resultado deve ser seu impeachment, com a posse de seu sucessor imediato, o vice-presidente.

O “autogolpe”, portanto, não era o que imaginávamos, mas deu certo para Hamilton Mourão. O general que todos temiam transformou-se na saída menos intragável – e mais segura – para a tragédia bolsonarista.

Os crimes que o sociopata cometeu a fim de reunir aqueles 200 mil imbecis na Esplanada dos Ministérios e na avenida Paulista já asseguraram sua inelegibilidade. Basta o TSE rastrear o dinheiro investido por ruralistas para bancar os eventos, num ato de campanha descaradamente ilegal, para impugnar sua candidatura em 2022. Além disso, seu discurso subversivo deve acelerar também a abertura de um processo de impeachment, com seu afastamento por 180 dias. O Brasil foi paralisado pelo “autogolpe”, e não vai permanecer assim por muito tempo.

Muitos comentaristas ironizaram o fato de que só agora o PSDB resolveu pedir o afastamento de Jair Bolsonaro. Mas é melhor ver a coisa pelo outro lado: se até os tucanos covardes e oportunistas aderiram ao impeachment, é sinal de que não há mais volta.

Neste domingo, nos atos convocados pelo MBL e pelo Vem Pra Rua, os brasileiros podem mostrar que Jair Bolsonaro está acabado. E, a partir de segunda-feira, é preciso que os democratas procurem uns aos outros e combinem os termos do mandato-tampão do “autogolpista” Hamilton Mourão.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO