Em busca de uma saída
A ditadura da Venezuela e a oposição retomam nesta sexta-feira, 3, as conversas para encontrar uma saída para a crise em que o país está mergulhado há décadas. Reuniões já ocorreram na Cidade do México em meados de agosto e deverão se prolongar até, pelo menos, o próximo dia 6. Nas quatro rodadas anteriores, realizadas desde 2014, nenhum resultado foi alcançado. Os encontros serviram apenas para o ditador Nicolás Maduro ganhar tempo e deslegitimar seus rivais. Desta vez, as mudanças nas peças do tabuleiro internacional aumentam as possibilidades de um acordo, ainda que haja inúmeros obstáculos pela frente.
O principal movimento com potencial de impactar no resultado das negociações aconteceu na Casa Branca, em Washington. Em 2019, durante a quarta rodada de conversas, os Estados Unidos, então sob o governo de Donald Trump, exigiam que qualquer solução implicasse a destituição de Maduro. Diplomatas da Noruega conduziram as tratativas, mas não houve consenso. Em janeiro deste ano, com a posse do democrata Joe Biden, os Estados Unidos se mostraram propensos a um acerto que traga algum respiro para o país, mesmo mantendo o ditador no Palácio de Miraflores, em Caracas. “A entrada de Biden em cena propiciou uma melhor coordenação com outros países e uma ação mais multilateral”, diz o advogado venezuelano Mariano de Alba, pesquisador do International Crisis Group e especialista em resolução de conflitos.
Ao longo deste ano, países e organizações internacionais demonstraram boa vontade para tentar obter concessões do regime. Em abril, seis funcionários da filial americana da estatal venezuelana PDVSA, que estavam presos por corrupção, peculato e organização criminosa, foram autorizados a ficar em prisão domiciliar. No mesmo mês, a ONU ofereceu ao governo um programa para alimentar 185 mil estudantes venezuelanos. No final de junho, Estados Unidos, União Europeia e Canadá afirmaram que poderiam retirar algumas sanções impostas ao regime venezuelano, caso Maduro se comprometesse a libertar presos políticos, respeitar a imprensa, acabar com as violações de direitos humanos e realizar eleições limpas com partidos independentes.
Da parte da ditadura, pequenos gestos foram feitos. O ex-deputado Freddy Guevara, do partido Vontade Popular, foi libertado após um mês detido. Ele se sentará à mesa de negociação no México. O Conselho Nacional Eleitoral, o CNE, que organiza as eleições, incluiu dois membros independentes, para além dos três chavistas. O órgão ainda ampliou o prazo de inscrições duas vezes para permitir candidatos de oposição e tem conversado com a União Europeia para viabilizar a presença de observadores internacionais nas eleições regionais de novembro. Na terça, 31, Maduro disse que está empolgado com a provável presença da oposição no pleito. “Vou sentar na minha poltrona, com a televisão ligada, com a minha pipoca, para ver Juan Guaidó votar no dia 21 de novembro e aí aplaudirei, porque conseguiremos inseri-lo novamente na democracia”, disse o ditador. Guaidó, que era o chefe da Assembleia Nacional, foi proclamado presidente interino em janeiro de 2019 e não reconhece Maduro.
Mesmo países que apoiam o ditador querem avanços nas negociações. Para eles, é importante que a economia venezuelana se recupere, seja porque têm dívidas a receber ou porque investiram na região. A Rússia, por exemplo, que vendeu armas para Caracas e se aventurou no setor petrolífero venezuelano, acompanha as negociações no México como convidada. De todos os aliados da Venezuela, Cuba é o mais receoso. Para a ilha comunista, que tem diversos de seus membros infiltrados no governo venezuelano, é crucial manter Maduro no poder, ainda que a catástrofe venezuelana tenha feito desaparecer a ajuda que Caracas costumava dar a Havana.
“O governo de Jair Bolsonaro, que estava muito alinhado com o de Donald Trump, ficou perdido com a chegada de Biden. Isso fez com que o Brasil, o maior país da América Latina, perdesse o papel de articulador nessa crise”, diz Dorival Guimarães Pereira Jr., professor de relações internacionais do Ibmec, em Belo Horizonte. “Outra questão é que, com sucessivas crises internas, o Brasil ficou sem tempo e sem energia para exercer uma liderança regional.”
Nas reuniões no México, há nove representantes da oposição venezuelana. Já Maduro mandou três representantes próximos e leais. Entre eles, está seu filho Nicolás Maduro Guerra, o Nicolasito, de 31 anos, que é deputado. Outras alas do chavismo foram excluídas. Dessa forma, o ditador controlará o processo e dará a palavra final. Agradá-lo não será uma tarefa simples. Um dos maiores medos de Maduro é ter de encarar o Tribunal Penal Internacional, em Haia. No ano passado, uma missão da ONU o acusou de crimes contra a humanidade. Esse ponto não está na agenda de negociações, mas pode atrapalhar.
“Os noruegueses estão conduzindo tudo com muito cuidado. Eles falam com os dois grupos separadamente, diversas vezes, assim como fizeram no acordo de paz entre o governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias das Colômbia, as Farc”, diz o cientista político Luis Daniel Alvarez, professor de relações internacionais na Universidade Central da Venezuela, em Caracas. Em vez de dar margem para as desavenças entre as partes, os especialistas noruegueses estimulam as pessoas a buscarem os pontos em comum. Só quando a discussão avança todos entram na mesma sala. “Esse método já deu certo antes, mas os mediadores terão de ser muito hábeis para convencer o ditador a assumir alguns compromissos.” A sorte dos venezuelanos está, de novo, lançada.
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Dialogar com ditaduras revolucionárias?! O mundo está farto de desvios de conduta. Farto de gente gananciosa. O Comunismo corroe o planeta!
Dialogar com tiranossauros é impossível. Maduro vai enrolar até conseguir o que quer. Guaidó já demonstrou que é fraco, não é a pessoa ideal para liderar a oposição.
Qual mais maluco esse ,ou o daqui, farinha do mesmo saco.
Esquerdopata age como cachorro não larga o osso por nada. Viver as custas do dinheiro público sem nada produzir é parte da ideologia desta gente safada.
o osso faz parte também do cardápio da gangue Bolsonaro.
O Brasil chega lá! Lênin ou Hitler, não há diferenças para o povo. Só muda o grupo que se beneficia.
Esse é professor do Psicopata.Bolsonaro lhe ama ....
Tudo conversa fiada. Só pra Inglês e latino-americanos verem. Vocês nem deviam perder tempo com isso. Jamais vai largar o osso. Não é só ele. Tem um grupo grande de corruptos narcotraficantes que o apoia. Eventual saída do governo só com anistia ampla, geral e irrestrita para todos do grande grupo de corruptos ladroes incompetentes. Qual outro tipo de negociação daria certo?
LULA: os EXEMPLOS EXECRÁVEIS que uma SOCIEDADE tão CORRUPTA é capaz de produzir! São DEGENERADOS MORAIS que IMPEDEM o BRASIL de AVANÇAR! Em 2022 SÉRGIO MORO “PRESIDENTE LAVA JATO PURO SANGUE!” Triunfaremos! Sir Claiton
Tamo junto. #MORO22
Acredito que não da para negociar com narcotraficantes. Negociar o quê?
É parecido com negociar com o Bolsonaro ou o Lula.
Eis o Brasil de amanhã!!