DiogoMainardina ilha do desespero

Dezesseis meses

27.08.21

Jair Bolsonaro quer que Alexandre de Moraes prenda Carlos Bolsonaro ou Eduardo Bolsonaro.

Um militar palaciano disse para o Valor:

Se tiver prisão de filho, aí ele vai para cima”.

Segundo os ministros do Supremo que conversaram com o jornal, o plano bolsonarista é ainda mais demente: “o presidente estaria esticando a corda em busca de sua própria prisão”.

Se ninguém se atreveu a prender Jair Bolsonaro depois de seus 575 mil cadáveres, é impensável que isso possa ocorrer por causa de uma arenga golpista nas redes sociais. O sociopata só deverá ir para a cadeia em 2023, quando já estiver longe do Palácio do Planalto. Até lá, minha aposta é que ele vai poder continuar a recitar sua pantomima bananeira, e até estimular seus milicianos a praticarem um ou outro gesto incendiário, porque isso corresponde à necessidade dos quadrilheiros e de seus cúmplices de conservá-lo no poder até o fim do mandato, marginalizado e sob chantagem.

O protesto de 7 de setembro, nesse sentido, é essencial. Seu sucesso vai garantir a sobrevida do governo, com o argumento de que não se pode derrubar um presidente que ainda possui apoio da sociedade, por mais crimes que ele tenha cometido. É o que desejam o Congresso Nacional, Lula e o STF, que está pronto para engolir os ataques rasteiros disparados por Jair Bolsonaro na Avenida Paulista. O golpismo será tolerado por todos, desde que seja na medida certa: o bastante para desidratar ainda mais o eleitorado do imbecil, mas sem atrapalhar demasiadamente os negócios.

O que de fato perturba os conchavos brasilienses é o ato de 12 de setembro, convocado pelo MBL e pelo Vem Pra Rua. A chance de que ele obtenha o resultado esperado — o impeachment do assassino serial — é nula. Dependendo de seu tamanho, porém, ele poderá acelerar o esfacelamento do bolsonarismo. A imprensa já está em contagem regressiva para a posse de Lula — faltam dezesseis meses —, mas o cálculo cronométrico desconsidera as patologias de Jair Bolsonaro. Seu relógio mental é desprovido de ponteiros. Confrontado com o fracasso, ele tem tudo para despirocar, reagindo de maneira alucinada, com o propósito de fugir da disputa eleitoral. Ele pode constranger o TSE a torná-lo inelegível ou, mais simplesmente, renunciar. Ele pode também provocar uma baderna capaz de mandar um de seus filhos para a cadeia, provavelmente o mais descartável deles, Carlos Bolsonaro. A minha única certeza é que os próximos dezesseis meses não serão iguais aos últimos dezesseis.

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