O Antagonista publicou cinco posts iguais em menos de dezesseis horas. O site não está gagá. Repetimos cinco vezes o mesmo post porque Jair Bolsonaro repetiu cinco vezes a mesma promessa de vetar o fundão eleitoral de 5,7 bilhões de reais, sendo aclamado por meia dúzia de imbecis.

O primeiro post foi publicado às 7h13; o último, às 22h40. No meio da tarde, entre o terceiro post e o quarto, Jair Bolsonaro chutou o general Luiz Eduardo Ramos da Casa Civil e comunicou-lhe que sua vaga ministerial passaria a ser ocupada por Ciro Nogueira.

Ao mesmo tempo que retirava alguns bilhões de reais do Centrão, portanto, o sociopata entregava-lhe alguns trilhões, guardados no cofre da União. Ciro Nogueira me deve um jantar. Sempre que o site publica uma denúncia sobre ele, seu cacife junto ao bolsonarismo aumenta. Duas semanas atrás, escrevi numa coluna que, em sua conversa com Luis Miranda, Jair Bolsonaro havia relacionado os rolos no Ministério da Saúde a Ricardo Barros, Arthur Lira e, claro, Ciro Nogueira. Na semana seguinte, a Crusoé foi ainda mais longe e noticiou que a CPI da Covid estava investigando o pixulé no transporte de vacinas comandado pelas mesmas figuras mencionadas pelo presidente. No caso de Ciro Nogueira, a reportagem envolvia até um operador que lhe havia cedido a própria mulher.

No lulismo, Ciro Nogueira notabilizou-se por aquilo que a PGR apelidou de quadrilhão do PP. No bolsonarismo, ele deu mais um pulo e tornou-se o principal fiador do governo. Jair Bolsonaro sabe que a especialidade do senador piauiense é fazer rolos, que de vez em quando degeneram em inquéritos. E é exatamente isso que ele espera de seu parceiro: rolos para escapar do impeachment e rolos para conseguir se reeleger. Fizemos publicidade oculta de Ciro Nogueira, denunciando seu único talento, que agora passará a ser exercido diretamente do Palácio do Planalto. Cuidado, Michelle.