DiogoMainardina ilha do desespero

A terceira praia

18.06.21

A terceira via reuniu-se na quarta-feira. Entre os presentes, havia sabotadores lulistas e sabotadores bolsonaristas. Havia também sabotadores bolsolulistas, que podem apoiar tanto um lado quanto o outro, dependendo da oferta. No encontro da terceira via, só faltou a terceira via.

A imprensa lulista comemorou o fracasso do encontro, assim como a falange bolsonarista. É um bom momento para todos eles. Eu converso com um monte de gente sobre o assunto, porque meu engajamento nessa área extrapola o trabalho no site. O clima é muito ruim: de derrota. O Brasil, aparentemente, escolheu se ferrar.

Na semana passada, Gil Castello Branco resumiu o sentimento da nossa turma. Em entrevista à Crusoé, ele disse que, entre Lula e Jair Bolsonaro, sua terceira via é a aposentadoria na praia. Ele não é o único a pensar assim. A praia de Sergio Moro é em Washington. A de Luciano Huck, no Projac. Minha praia é atirar-me do campanário de São Marcos. A única via, fora da terceira via, é a fuga pessoal.

O encontro da terceira via foi organizado por Luiz Henrique Mandetta. Eu já disse aqui: ele tem meu voto. Todos sabem, porém, que o presidente de seu partido, ACM Neto, vai rifá-lo mais adiante, porque o DEM é mais governista do que o PP. Todos sabem também que Ciro Gomes vai tentar se segurar até 2022, mas seus correligionários já estão negociando a adesão a Lula no segundo turno. João Doria, por sua vez, é o exato contrário da terceira via: ele é primeiro Doria, segundo Doria e terceiro Doria. Com chance de terminar a campanha como quarto Doria ou como quinto Doria.

A terceira via é nanica porque o debate em torno dela é igualmente nanico. Enquanto seus representantes discutiam uma candidatura, parlamentares lulistas, com o apoio de bolsonaristas e de terceiristas, esfacelavam a Lei de Improbidade. A terceira via só vai crescer se souber mostrar ao eleitorado que a escolha não é entre um candidato nanico e outro, e sim entre a democracia e o caudilhismo de direita e de esquerda. Em 2022, 50 milhões de pessoas preparam-se para ir à praia. Mas elas ainda podem ser persuadidas a ir às urnas. Porque talvez seja a última vez.

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