DiogoMainardina ilha do desespero

Eu voto em João Amoêdo

04.06.21

“Eu voto em João Amoêdo.”

Foi o que publiquei aqui na Crusoé, em 7 de setembro de 2018.

Naquele momento, Jair Bolsonaro liderava as pesquisas com folga, com 24%, e João Amoêdo penava em sétimo lugar, com apenas 3%. Depois do meu apoio, ele caiu para 2%.

Expliquei o motivo do meu voto:

“É claro que João Amoêdo não tem a menor chance de ser eleito. Se o Partido Novo tivesse escolhido um candidato mais popular do que ele — Bernardinho, por exemplo –, talvez já estivesse disputando o segundo lugar.

O fato de não ter nada a perder, porém, deve ter ajudado a campanha de João Amoêdo, porque ele se sentiu ainda mais à vontade para atacar todas aquelas imbecilidades demagógicas que paralisam o Brasil há mais de quarenta anos, sobretudo em temas como pobreza e desigualdade.

Os 3% de João Amoêdo nas pesquisas mostram que existe um parcela minoritária do eleitorado disposta a repensar o país.”

Nesta semana, o Novo anunciou mais uma candidatura presidencial de João Amoêdo. Os 3% continuam sendo 3%. A parcela minoritária do eleitorado continua sendo minoritária. E a necessidade de encontrar um candidato capaz de atrair votos é ainda mais urgente do que em 2018, porque o Brasil apodreceu de lá para cá — não basta repensá-lo, é preciso refundá-lo.

A candidatura de João Amoêdo, por mais que eu simpatize com ela, é o contrário disso. Ela revela a implosão da terceira via. Os nomes que se uniram no WhatsApp, algumas semanas atrás, acabaram se desunindo fora dele, porque ninguém se mostrou disposto a renunciar à própria vaga. Em particular, João Doria e Ciro Gomes.

A um ano e meio do voto, o esfacelamento da sociedade agravou-se. João Amoêdo está praticamente sozinho, porque metade de seu partido bandeou para o bolsonarismo. Bernardinho está em Paris. Eu estou me atirando do décimo-quinto andar. E o Brasil se prepara para o desastre. De novo.

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