DiogoMainardina ilha do desespero

Mandetta é uma vacina

30.04.21

Eu voto em Luiz Henrique Mandetta. É uma insensatez escolher um candidato agora, a dezoito meses da disputa presidencial. Mas eu sou assim: um jogador insensato, um Dostoievski das urnas. Aposto minhas fichas num candidato, perco todas elas, penhoro o colar de minha mulher, aposto novamente.

Mandetta acertou tudo durante a epidemia. Dentro e fora do governo. Em fevereiro do ano passado, quando o infectologista Marcos Boulos, pai de Guilherme Boulos, ainda menosprezava o vírus, Mandetta já estava se preparando para a tragédia. Se Jair Bolsonaro houvesse mantido Mandetta no Ministério da Saúde, o Brasil teria tido duzentas mil mortes a menos. Se o sociopata houvesse mantido Mandetta no Ministério da Saúde, já estaria reeleito.

É um perigo citar Michel Temer. Sempre que O Antagonista cita seu nome, o Google Analytics despenca pavorosamente. Há um corre-corre de leitores, que se refugiam em outros sites. Quer ver? Michel Temer, Michel Temer, Michel Temer. Se ainda sobrou algum destemido aqui na coluna, leia o que ele disse nesta semana sobre o candidato do terceiro bloco:

“Vai acabar aparecendo alguém que caminhe pelo meio. Acho que isso não é improvável. Mas não será agora”.

E arrematou:

“Quem aparecer agora, será queimado”.

Ele está certo, claro. É por isso que Luciano Huck vai renovar seu contrato com a TV Globo. Ele só teria a perder candidatando-se agora. É por isso também que Sergio Moro vai continuar nos Estados Unidos. Ele precisa de salário para pagar suas contas.

Quem pode se mover com mais liberdade — quem tem de se mover — é Mandetta. Suas entrevistas costumam ter um efeito profilático. Elas ajudam a diminuir a taxa de contágio da Covid. Ele explica o que está ocorrendo agora e alerta para o que vai ocorrer mais adiante. Dessa maneira, salva vidas. Ainda mais salutar será seu depoimento à CPI, previsto para a semana que vem. Ele vai denunciar a conduta criminosa de Jair Bolsonaro e, assim fazendo, pode salvar mais vidas, se isso resultar no afastamento do presidente infeccioso.

O “caminho pelo meio” é incerto. Mas Mandetta tem uma chance de trilhá-lo sem se queimar. Ele é uma vacina contra o lulismo e contra o bolsonarismo. Eu voto nele.

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