DiogoMainardina ilha do desespero

‘Pacto pelo Brasil’

16.04.21

Sergio Moro trabalha nos Estados Unidos. Vacinado, ele pode programar suas primeiras viagens pela Alvarez & Marsal. Como não enriqueceu com rachadinhas nem com propinas de empreiteiras, ele tem de ralar. Escolheu o lugar certo. Nos Estados Unidos, a Lava Jato continua sendo a Lava Jato — aquela que prendeu uma penca de corruptos e corruptores. E Sergio Moro ainda é admirado por causa disso. Azar do Brasil, que o trocou por Lula, Jair Bolsonaro e Gilmar Mendes.

Desde o ano passado, Sergio Moro participa de um grupo de WhatsApp com Luiz Henrique Mandetta e João Amoêdo. Eles conversam todas as sextas-feiras, às cinco da tarde. No aniversário do golpe de 1964, Luciano Huck, João Doria, Eduardo Leite e Ciro Gomes foram incluídos no grupo, e assinaram juntos um manifesto pela democracia. O plano, agora, é apresentar um documento denominado “Pacto pelo Brasil”, que deve ter meia dúzia de pontos programáticos, em torno dos quais os signatários pretendem construir uma candidatura única em 2022.

É aí que a coisa se complica. O envolvimento de Sergio Moro é limitado por seu contrato de trabalho. Luciano Huck submergiu nas últimas semanas. Ciro Gomes tem seu próprio programa, e ninguém acredita que ele possa a renunciar a mais uma candidatura ao Palácio do Planalto. E João Doria, apesar de pontuar 3% nas pesquisas, convenceu-se de que é o favorito para derrotar Jair Bolsonaro e Lula, justamente por ser o nome mais rejeitado pelos eleitores bolsonaristas e lulistas. O cálculo não faz o menor sentido, mas é assim que João Doria pensa.

Repito semanalmente aqui na Crusoé: estou à procura de um candidato capaz de tirar Jair Bolsonaro do segundo turno, uma vez que Lula já tem sua vaga assegurada na disputa. O “Pacto pelo Brasil”, que está sendo rascunhado neste momento, pode servir de base para juntar mais apoios, dentro e fora dos partidos. Ele tem tudo para crescer — e até para eleger o futuro presidente da República. Mas o pessoal do grupo de WhatsApp precisa estar disposto a sacrificar o próprio nome. Sem isso, nem adianta enviar o primeiro emoji.

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