SergioMoro

Um breve texto

12.03.21

A semana está repleta de fatos dolorosos e que colocam em dúvida se o país está indo para frente ou se estamos regredindo.

O pior deles consiste na escalada do número de vítimas da Covid. Na quarta-feira, foram mais de 2.349 vítimas. O país ultrapassou pela primeira vez a marca de 2 mil mortes por dia. Não há sinais de alívio em curto prazo. Isso demandaria a acelaração da vacinação e a coordenação federal dos esforços de distanciamento social, mas são dois fatos praticamente impossíveis de acontecer no atual contexto.

A recuperação da economia vacila diante do quadro sanitário ruim, da sinalização de que não haverá reformas econômicas robustas, da antecipação do calendário eleitoral marcado por predominância de alternativas extremas e populistas.

A minha impressão é que o Brasil, por se acostumar por tanto tempo com a visão idílica de que seria o país do futuro, de que se transformaria em uma potência mundial, de que a comunidade de nações lhe cederia com alegria uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, relaxou quanto às lições de casa. Pela crença equivocada em um destino manifesto nunca realizado, deixamos de modernizar nossa economia, de nos abrirmos para o mundo e de investir, de forma eficiente, em educação, ciência ou tecnologia.

Nossas ambições atualmente são mais modestas, como sermos admitidos na OCDE. Ainda assim, parecem bem distantes de realização diante da falta de reformas e dos retrocessos sofridos.

Talvez o erro tenha sido acreditar que as transformações venham do estado, mais especificamente do governo, ano a ano, década a década, sem que de fato isso ocorra. Talvez a modernização só possa vir mesmo da sociedade civil e do setor privado. Isso não significa dizer que não devemos continuar cobrando, de nossos representantes eleitos, suas promessas de modernização. Isso faz parte da democracia. Mas pelo menos o fim das ilusões quanto a uma solução vinda de cima dá a dimensão do que deve ser feito e ressalta nossa responsabilidade pessoal.

Não falarei aqui sobre novos sinais de arrefecimento do combate à corrupção e o que isso significa. Ficará para outra oportunidade. Como disse, esse é um texto breve.

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