DiogoMainardina ilha do desespero

O terceiro nome

12.03.21

Se o voto fosse hoje, Lula estaria eleito. É o que mostra a pesquisa Atlas, realizada imediatamente depois do putsch do STF, que anulou os processos do ex-presidiário. A pesquisa foi publicada na quinta-feira em O Antagonista, mas ainda tenho um ou dois comentários a fazer a seu respeito.

O primeiro comentário é que dei um azar danado. Na semana passada, prometi dedicar todas as minhas colunas — de agora até a posse do novo presidente — à disputa eleitoral. Quando fiz a promessa, jamais imaginei que isso fosse me condenar a escrever sobre Lula por 94 semanas seguidas. Alguns anos atrás, por mérito da Lava Jato, tranquei o chefe da Orcrim numa cela mental, e uma espécie arteriosclerose cívica estava se encarregando de apagar para sempre da minha memória aquela sua figura grotesca. O STF, porém, tratou de enfiar uma lima dentro do bolo e, com ela, Lula serrou as grades do meu cérebro, escapando do confinamento.

Vai ser duro para mim. Mas vai ser duro também para ele. Apesar de estar quase empatado com Jair Bolsonaro no primeiro turno, e de ganhar dele no segundo (45% x 39%), Lula é rejeitado por 2 a cada 3 eleitores. Mais ainda: de acordo com a pesquisa, a maioria absoluta dos brasileiros continua a apoiar sua prisão. Esse dado é revelador do humor do eleitorado, que está disposto a votar em qualquer um — até mesmo num condenado — para se livrar de Jair Bolsonaro.

A pesquisa do Atlas incluiu outros nomes na lista de candidatos: Sergio Moro, Ciro Gomes, Luiz Henrique Mandetta, João Doria, Luciano Huck, João Amoêdo, Marina Silva, Flávio Dino e Alexandre Kalil. No primeiro turno, eles perdem de lavada contra Jair Bolsonaro e Lula. Somados, porém, chegam à frente de ambos. E, no mano a mano, alguns deles esmagam Jair Bolsonaro no segundo turno. Se surgir um terceiro nome capaz de unir o eleitorado, portanto, ele tem tudo para vencer, porque a maioria dos brasileiros repudia tanto Jair Bolsonaro quanto Lula. A maior prova disso é que, segundo a pesquisa, Lula derrotaria Jair Bolsonaro, mas um candidato genérico apoiado por Lula teria mais votos do que o próprio Lula.

Neste momento, se a escolha fosse entre “um bandido e outro bandido”, como disse Júnior Bozzella, Lula estaria eleito. A coisa, porém, ainda está muito longe. Calma, Diogo, calma.

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