Reprodução/redes sociaisBolsonaro exibe novo corte de cabelo na semana em que disse que o país está "quebrado": um tiro na já combalida economia do país

Ele está louco?

Ao afirmar que o país está quebrado, Bolsonaro rasga dinheiro. Ao ordenar a suspensão da compra de seringas, ele de novo brinca com a vida dos brasileiros. Fomos atrás de especialistas para entender se o presidente está lelé
08.01.21

Negação da gravidade de uma pandemia que já matou 200 mil brasileiros, ameaça bélica à maior potência militar do planeta, apoio a manifestações contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, acusação sem prova de fraude nas urnas eletrônicas e apologia à tortura. Se a primeira metade do governo de Jair Bolsonaro foi marcada por uma coleção de atos e declarações incompatíveis com a liturgia do cargo de presidente da República, o início da segunda e derradeira etapa do mandato demonstra que o atual inquilino do Palácio do Planalto não está lá muito disposto a abandonar o comportamento errático, e por vezes confuso, que transforma o Brasil em motivo de chacota global e compromete a recuperação da crise que se abateu sobre o país. Nesta semana, Bolsonaro agregou novas peças a seu já vasto repertório de desatinos ao dizer que o país “está quebrado” e que ele, como presidente, não pode fazer nada. Nada poderia ser pior para uma economia em frangalhos ávida pela chegada de investimentos estrangeiros que, certamente, uma declaração desse naipe não ajuda a atrair. Na sequência, o presidente anunciou a suspensão da compra de mais de 300 milhões de seringas necessárias à campanha de vacinação contra a Covid-19 – uma emergência nacional – até que “os preços voltem à normalidade”. Outro sinal evidente de descolamento da realidade: sabe-se lá qual a intenção do anúncio, mas a medida explicita total e absoluta ignorância de uma das mais basilares regras do mercado, a lei da oferta e da procura – é evidente que, com o mundo inteiro precisando de um produto, seu preço vai subir.

As declarações fizeram ressurgir, especialmente nas redes sociais, questionamentos sobre a sanidade mental do presidente – em outubro passado, um grupo de advogados chegou a acionar a Justiça para tentar obrigá-lo a se submeter a um exame clínico, mas o pleito foi rejeitado. Também não faltaram pedidos de renúncia ou impeachment, sob o argumento de que ele não estaria em condições de seguir no poder. Nos últimos dias, Crusoé procurou psicólogos e psiquiatras para entender o comportamento do presidente à luz dessas ciências. Mesmo sem submeter o presidente a uma avaliação, o que é essencial para elaborar um diagnóstico preciso sobre qualquer paciente, os especialistas analisaram as atitudes e as declarações públicas do presidente (confira, mais abaixo, uma seleção delas) para delinear, digamos, a psiquê bolsonarista. O que leva um líder de uma nação, democraticamente eleito, a negar fatos tão óbvios — e espalhar outros que são falsos –, a se eximir de suas responsabilidades, a transformar adversários políticos em inimigos figadais e a não ter empatia pela dor alheia? É tudo estratégia política ou há algum tipo de transtorno de personalidade a guiar as ações de Bolsonaro?

Os especialistas apontaram três características psíquicas marcantes no comportamento do presidente em público: 1) personalidade epiléptica, que envolve, por exemplo, explosividade, irritabilidade, mau humor e egocentrismo; 2) paranoia sistêmica, marcada pelo personalismo e por um senso de grandiosidade e uma espécie de síndrome de perseguição; e 3) um traço de perversão, caracterizado pelo prazer com a angústia ou com o sofrimento do outro. Na Psicologia, a perversão apresenta alguns elementos comuns com a psicopatia – hoje classificada como transtorno de personalidade antissocial, o TPA. Um deles é a agressividade.  Mas estudiosos reputam aos psicopatas um comportamento menos impulsivo e mais ardiloso, ou calculista, com mais ação e menos declaração, algo que, segundo os especialistas, foge um pouco do comportamento conhecido de Bolsonaro.

Bolsonaro tem uma personalidade epiléptica, que é mais explosiva, puramente reativa, que responde aos estímulos de maneira mais precária, irracional. Normalmente, as pessoas de uma maneira geral fazem o juízo no pensamento sobre uma determinada ação e suas consequências e, então, decidem se vão agir daquela forma ou não. Na personalidade epiléptica, é como se houvesse um curto-circuito. É rápido, não há um juízo. Bateu, levou. Basta ver como o Bolsonaro responde aos jornalistas de forma atravessada quando não gosta da pergunta. No final do ano, na Praia Grande, por exemplo, ele estava no barco e o pessoal na praia começou a gritar o nome dele, ele foi lá e pulou no mar, sem nem pensar o que aquilo poderia causar“, explica o psicoterapeuta Eduardo Ferreira-Santos, mestre em psicologia clínica e professor convidado da USP. Formado em psiquiatria, Ferreira-Santos atuou como médico do Exército em parte da carreira e acredita que a formação militar de Bolsonaro, que é capitão reformado, ajudou a formar a personalidade do presidente, que ele classifica como “rústica“.

ReproduçãoReproduçãoO mergulho com banhistas: até a segurança presidencial se surpreende
O psicanalista Christian Dunker, que também dá aulas na Universidade de São Paulo, credita ao “raciocínio militar” alguns dos aspectos do comportamento de Bolsonaro, como a negação da gravidade de pandemia do coronavírus e a própria politização da crise. “O Bolsonaro replica, com menos sofisticação, o raciocínio militar de minimizar a quantidade de perdas, dando a ele um feitio peculiar que é o de produzir inimigos em vez de adversários. Uma vez disseminado esse medo de inimigos, quando as pessoas ficam convencidas desse perigo, imediatamente vem a solução, que é uma resposta preventiva e violenta. Isso estava funcionando muito bem quando valia para os inimigos políticos. Mas agora ele enfrenta um problema circunstancial de estar diante de um inimigo que não tem a cor vermelha, que não é político, que é invisível e vem da natureza. Por isso, a aposta dele é transformar o vírus em inimigo político. Ele antropomorfiza o mal, o vírus, algo que a gente observa desde o início da modernidade, com os mitos“, afirma Dunker.

A criação e até a ampliação do rol de inimigos compõem o que Dunker classifica como “paranoia sistêmica“, que difere um pouco da paranoia clínica, na qual o sujeito apresenta um delírio bem constituído, como a perseguição por alienígenas. Na sistêmica, há um discurso permanente de perseguição e vitimização que serve para fomentar a polarização com o inimigo. “Outra característica da paranóia sistêmica é o empuxo à grandiosidade, que pode se exprimir pela via de um nacionalismo exacerbado, pelo próprio enaltecimento de si, das suas propriedades corporais, do físico de atleta, da saúde excepcional. Então, o sujeito é alguém especial que está lutando contra inimigos muito fortes e poderosos e, por isso, não pode apresentar fraquezas, não pode fazer algo muito importante para a produção de empatia que é voltar atrás, reconhecer sua insuficiência, se autolimitar. Essa falta de autolimitação vai, obviamente, transbordar as fronteiras e criar uma preocupação permanente, uma questão artificial, em torno dos outros — os inimigos externos que potencialmente podem atacar para invadir o país, como a Venezuela, ou tirá-lo do poder“, prossegue Christian Dunker.

Para Ana Beatriz Freire, psicanalista e professora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o traço mais marcante na personalidade de Bolsonaro é o da perversão, que ficou explícito mais de uma vez durante o atual mandato – quando, por exemplo, ele colocou em dúvida a tortura sofrida pela ex-presidente Dilma Rousseff durante a ditadura militar e quando insinuou que sabia como o pai do presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, havia desaparecido pelas mãos do regime. “O perverso faz do outro a satisfação do seu gozo. As bravatas que ele faz para angustiar o outro, essa apologia à tortura, é para colocar o outro como objeto do seu próprio gozo. Ele não consegue se colocar no lugar do outro. Ele se esquece que é representante do povo brasileiro e não só dos seus seguidores. Ele acha que tudo é ele que determina e, por isso, só fala para a sua redoma, que se presta à liderança de uma forma quase hipnótica, como (Sigmund) Freud mostrou em ‘Psicologia das Massas e Análise do Eu‘ (obra publicada em 1921)”, diz Ana Beatriz. Ela não vê em Bolsonaro uma patologia propriamente — o que, afirma, torna o presidente ainda mais responsável por suas atitudes. “Quando a gente patologiza uma figura pública, a gente tira responsabilidade do sujeito“, emenda.

Os especialistas dizem que o fato de  Bolsonaro mostrar-se descolado da realidade em diversos momentos, como na campanha contra a vacina obrigatória e na ameaça de usar a “pólvora” contra os Estados Unidos caso o presidente eleito Joe Biden aplique sanções econômicas ao Brasil por causa do desmatamento da Amazônia, indica que ele parece viver apenas em uma “realidade paralela“, habitada por seu séquito. “Existe na Psiquiatria a despersonalidade e a desrealização, que é quando o sujeito realmente se descola da realidade e começa a achar que é quem ele não é. No caso do Bolsonaro, ele está cercado na realidade dele, uma realidade onde ninguém do entorno morreu de Covid-19, todos que pegaram se recuperaram e fizeram tratamento com cloroquina. Não existe realidade absoluta. A realidade do pobre na periferia é diferente da realidade de um empresário milionário. Como presidente, ele deveria enxergar todas essas realidades, mas parece estar ligado só na realidade onde é bem aceito e tem seguidores“, afirma o psicoterapeuta Eduardo Ferreira-Santos.

Agência BrasilAgência BrasilVersão sem cortes: muitos dos arroubos surgem, de repente, no improviso das lives semanais
Pessoas com o tipo de personalidade descrito pelos especialistas dificilmente recorrem a alguma ajuda ou se sujeitam a qualquer tipo de tratamento. Têm dificuldades até mesmo para enxergar a existência de algo diferente na própria postura. “Para procurar e permanecer numa análise  a pessoa precisa apresentar algum tipo de sofrimento, uma angústia, uma vontade de querer melhorar. Acho que o Bolsonaro não demonstra isso“, afirma a psicanalista Marina Bilenky, diretora da Federação Brasileira de Psicanálise. “Ele só enxerga o que lhe convém. Não leva em conta todos os aspectos da realidade presente. Isso ficou muito claro com a pandemia, que ele diz ser um exagero da mídia. Não tem uma visão de comunidade e só conversa com quem pensa igual.. Quem não pensa igual, ele não conversa, despreza, destrói. O Bolsonaro tem traços muito fortes de perversão, ele faz para chocar mesmo as pessoas, e paranoia, no sentido de ver inimigos em todo o canto, mas isso não é loucura. Ele sabe muito bem o que quer atacar“, completa Bilenky.

Os arroubos de Bolsonaro coincidem, quase sempre, com momentos de crise. Seja nos lances capitais das investigações sobre o filho 01, nas situações de pressão pela vertiginosa evolução da pandemia ou agora mesmo, quando ele vê sua popularidade em risco em razão do fim do auxílio emergencial, o presidente costuma disparar sua metralhadora verbal de maneira mais incontida e recorrer a atitudes incomuns para um chefe de estado quando está na berlinda. No caso da pandemia, por exemplo, noves fora a aparente descrença dele em relação aos perigos do coronavírus, o incomoda a certeza de que, com a situação resolvida no país, ele perde não apenas a oportunidade de manter vivo seu discurso de negação, que retroalimenta sua militância radical, mas também o motivo para distribuir recursos e avançar sobre fatias do eleitorado com as quais não contava — graças ao coronavoucher, por exemplo, ele viu sua popularidade crescer na região Nordeste, antes tida como um bastião petista.

As suspeitas de insanidade mental envolvendo chefes de estado remontam ao período dos grandes monarcas. Entre os casos mais conhecidos da história está o do rei Ludwig II da Baviera, deposto em 1886 por uma comissão de seu próprio governo após torrar uma fortuna do reino com a construção de palácios, como o famoso Castelo de Neuschwanstein, para satisfazer seu grande apreço pelas artes. Antes de ser preso, contam os historiadores, ele indagou como poderia ser declarado insano sem nunca ter sido examinado. O médico que atestou sua loucura respondeu, então, que os depoimentos dos serviçais já eram provas abundantes do seu transtorno psíquico. Em Portugal, a rainha Maria I ganhou o apelido de “Louca” porque foi obrigada a ceder, em 1792, o trono ao herdeiro, o então príncipe regente dom João VI, após ter sido diagnosticada com uma doença mental por um psiquiatra francês. Nos Estados Unidos, autoridades cogitam usar a 25ª Emenda Constitucional para afastar o presidente Donald Trump por incapacidade, com o argumento de que ele não tem mais condições mentais de permanecer no cargo até o fim do mandato, no dia 20, depois de ter insuflado com informações falsas de fraude eleitoral apoiadores que invadiram e depredaram o Congresso nesta quarta-feira, 6. A invasão resultou em cinco mortes. Com ou sem diagnóstico, poderosos com mandato que agem como loucos são um perigo para a democracia. A loucura de um político sempre tem método e objetivo. O Brasil deveria começar a se preocupar, verdadeiramente, com isso.

Dizem que sou…
A seguir, listamos várias situações ilustrativas do comportamento heterodoxo que leva a questionamentos sobre a sanidade mental do presidente.

NEGAÇÃO DA PANDEMIA
Passeio na praia (janeiro de 2021)
Bolsonaro faz um passeio de lancha e, no mar de Praia Grande, no litoral paulista, nada em direção a uma aglomeração de pessoas que gritavam “mito”.

O ‘fim’ da doença (dezembro de 2020)
O presidente diz que a pandemia “está chegando ao fim” exatamente no momento em que o país volta a assistir a um preocupante aumento do número de casos. “A pandemia realmente está chegando ao fim. Os números têm mostrado isso aí. Estamos com uma pequena ascensão agora, o que se chama de pequeno repique. Pode acontecer. Mas a pressa para a vacina não se justifica, porque você mexe com a vida das pessoas.”

“E daí?’ (abril de 2020)
Bolsonaro se irrita com a pergunta de um jornalista sobre o fato de o Brasil ter ultrapassado a China em número de óbitos pela Covid-19.
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre.”

O atleta e a gripezinha (março de 2020)
Durante um pronunciamento nacional em rede de rádio e televisão, Bolsonaro chama pandemia de “gripezinha” e critica fechamento de escolas e do comércio. “Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão.”

CONTRA A VACINA E O ISOLAMENTO
‘País de maricas’ (novembro de 2020)
Durante um evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro ataca medidas de distanciamento social. “Tem que acabar com esse negócio (isolamento social). Lamento os mortos, todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade, tem que deixar de ser um país de maricas.”

Isolamento inútil (abril de 2020)
Em sua live semanal no Facebook, Bolsonaro diz que a adoção do isolamento social é inútil para achatar a curva de casos do coronavírus no país, contrariando recomendações feitas mundialmente por cientistas e organizações de saúde. “Até porque, repetindo: 70% da população vai ser infectada. E, pelo que parece, pelo que estamos vendo agora, todo empenho para achatar a curva praticamente foi inútil. Agora, a consequência disso? O efeito colateral disso? O desemprego.”

‘Não tomo vacina’ (dezembro de 2020)
O presidente diz publicamente que não irá tomar a vacina contra a Covid-19. “Eu não posso falar como cidadão uma coisa e como presidente, outra. Mas como eu nunca fugi da verdade, eu te digo: eu não vou tomar vacina. E ponto final. Se alguém acha que a minha vida está em risco, o problema é meu. E ponto final.”

‘Vacina só pro cachorro’ (outubro de 2020)
Bolsonaro faz piada com a vacina contra o coronavírus em suas redes sociais em vídeo ao lado do cachorro adotado pela primeira-dama.
“Vacina obrigatória só aqui no (cachorro) Faísca.”
‘Brasileiro tem que ser estudado’ (março de 2020)
Após os Estados Unidos se tornarem o país com o maior número de casos de Covid-19, Bolsonaro minimiza a transmissão do coronavírus no Brasil. “O brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara pulando em esgoto (…) e não acontece nada com ele. Eu acho até que muita gente já foi infectada no Brasil, há poucas semanas ou meses, e ele já tem anticorpos que ajudam a não proliferar isso daí.”

Festa contra a vacina (novembro de 2020)
Bolsonaro celebra em sua rede social a suspensão de testes da vacina desenvolvida por um laboratório chinês em parceria com o governo de São Paulo após a morte de um voluntário, sem conexão com o imunizante. “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos a tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha.”

ATAQUES ÀS INSTITUIÇÕES
‘Acabou, porra!’ (maio de 2020)
Em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro critica duramente a decisão do Supremo que autorizou uma operação da Polícia Federal contra parlamentares, blogueiros e empresários bolsonaristas no inquérito que investiga os atos antidemocráticos. “Acabou, porra! Me desculpem o desabafo. Acabou! Não dá para admitir mais atitudes de certas pessoas individuais, tomando de forma quase que pessoal certas ações.”

Atos antidemocráticos (maio de 2020)
Em plena pandemia, Bolsonaro participa de manifestações organizadas por apoiadores em Brasília que pedem o fechamento do Congresso e do Supremo e a volta do regime militar. “Tenho certeza de uma coisa, nós temos o povo ao nosso lado, nós temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia, e pela liberdade. E o mais importante, temos Deus conosco.”

Hienas contra o leão (outubro de 2019)
O presidente publica em suas redes sociais um vídeo em que ele era representado por um leão atacado por hienas que levavam os nomes do STF, de partidos políticos e de veículos de comunicação.

ACUSAÇÕES SEM PROVAS
Queimadas na Amazônia (novembro de 2019)
Bolsonaro acusa durante sua live semanal no Facebook uma ONG internacional e o ator americano Leonardo DiCaprio de financiarem as queimadas na Amazônia. “O pessoal da ONG, o que eles fizeram? O que é mais fácil? Botar fogo no mato. Tira foto, filma, a ONG faz campanha contra o Brasil, entra em contato com o Leonardo DiCaprio, e o Leonardo DiCaprio doa 500 mil dólares para essa ONG. Uma parte foi para o pessoal que estava tocando fogo, tá certo? Leonardo DiCaprio tá colaborando aí com a queimada na Amazônia, assim não dá.”

Fraude na eleição (março de 2019)
Bolsonaro afirma a apoiadores brasileiros em Miami, nos Estados Unidos, que houve fraude na eleição presidencial de 2018 e que ele foi eleito no primeiro turno. “Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu fui eleito no primeiro turno mas, no meu entender, teve fraude (…) E nós temos não apenas palavras, temos comprovado, brevemente quero mostrar, porque precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos. Caso contrário, passível de manipulação e de fraudes. Então acredito até que eu tive muito mais votos no segundo turno do que se poderia esperar, e ficaria bastante complicado uma fraude naquele momento.”

ARROUBOS DIPLOMÁTICOS
Pólvora contra os EUA (novembro de 2020)
O ex-capitão do Exército diz ser preciso ter “pólvora” para fazer frente aos Estados Unidos, a propósito de uma declaração do presidente eleito americano Joe Biden sobre impor barreiras comerciais ao Brasil caso o país não preserve a Amazônia. “Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como nós podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, né Ernesto (Araújo, ministro das Relações Exteriores). Porque, quando acabar a saliva, tem que ter pólvora. Senão, não funciona. Precisa nem usar a pólvora, mas precisa mostrar que nós temos.”

Invasão à Venezuela (abril de 2019)
Bolsonaro ameaça invadir a Venezuela para destituir o ditador Nicolás Maduro, em meio a uma onda migratória de venezuelanos para o norte do Brasil. “Vamos supor que haja uma invasão lá (na Venezuela). A decisão vai ser minha, mas eu vou ouvir o Conselho de Defesa Nacional e depois o Parlamento brasileiro para tomar a decisão de fato. (…) Nós não podemos deixar aquilo se transformar em uma nova Cuba, ou até mesmo em uma Coreia do Norte. Depois, como você vai resolver esse assunto? (…) A intenção dos americanos e a nossa também é haver uma fissura, uma divisão no Exército venezuelano. Não tem outro caminho.”

PROTEÇÃO AO CLÃ
Ameaça a jornalista (agosto de 2020)
“Minha vontade é encher tua boca na porrada, tá?”, disse Bolsonaro a um jornalista que insistiu em uma pergunta ao presidente sobre os cheques depositados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, revelados por Crusoé.

Governo em risco (março de 2020)
“Se a economia afundar, afunda o Brasil. E qual o interesse dessas lideranças políticas? Se acabar a economia, acaba qualquer governo. Acaba o meu governo. É uma luta de poder.”

O ‘sucesso’ do filho 01 (dezembro de 2019)
Bolsonaro comparou Flávio Bolsonaro, seu filho cujos negócios estão sob investigação, ao jogador Neymar. “Acusaram ele (Flávio) de estar ganhando mais na casa de chocolate. O que acontece, quem leva mais cliente para lá, ele leva um montão de gente importante, ganha mais. É mesma coisa chegar para o, deixa eu ver, o Neymar e (perguntar) ‘por que está ganhando mais do que outros jogadores?’. Porque ele é o mais importante. Não é comunismo.”

‘Cara de homossexual’ (dezembro de 2019)
Bolsonaro se exaltou com um repórter que o indagou sobre as acusações envolvendo Flávio. “Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual.”

APOLOGIA À TORTURA
O raio-x de Dilma (dezembro de 2020)
Bolsonaro coloca em dúvida a tortura sofrida por Dilma Rousseff durante a ditadura militar. “Os caras se vitimizam o tempo todo: ‘Fui perseguido’. Teve um fato aí, esqueci o nome da pessoa, mas é só procurar na internet, vai achar com facilidade, que a Dilma foi torturada e que fraturaram a mandíbula dela. Eu disse: ‘Traz o raio-x pra gente ver o calo ósseo’. E isso que eu não sou médico, hein. Até hoje estou aguardando o raio-x.”

Elogio a Ustra (outubro de 2019)
Bolsonaro recebe a viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e, depois, elogia o primeiro militar condenado por sequestro e tortura durante a ditadura. “Eu sou apaixonado por ela (Maria Joseíta). Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer.”

O sumiço de Santa Cruz (julho de 2019)
Bolsonaro provoca o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, dizendo que pode “contar a verdade” sobre como o pai dele desapareceu na ditadura militar, após ser preso pelas forças do estado. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade”.

NONSENSE
Virar um jacaré (Dezembro de 2020)
Bolsonaro fala sobre possíveis efeitos colaterais da vacina contra o coronavírus. “Na Pfizer, está bem claro no contrato: ‘Nós não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral’. Se você virar um jacaré, é problema de você. Não vou falar outro bicho aqui para não falar besteira. Se você virar o Super-Homem, se nascer barba em alguma mulher aí ou um homem começar a falar fino, eles não têm nada a ver com isso.”

‘Guaraná boiola’ (outubro de 2020)
“Agora virei boiola, igual maranhense, é isso? O guaraná cor-de-rosa do Maranhão aí, quem toma esse guaraná vira maranhense (risos). Guaraná cor-de-rosa no Maranhão, que boiolagem isso aqui.”

Cloroquina x tubaína (maio de 2020)
Bolsonaro defende em sua live semanal no Facebook o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, mesmo sem comprovação científica da eficácia do tratamento. “Toma quem quiser, quem não quiser, não toma. Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma tubaína”.

Inveja francesa (agosto de 2019)
No Facebook, Bolsonaro zomba da primeira-dama francesa em um comentário feito por um seguidor no qual ele insinua que o presidente francês Emmanuel Macron persegue o líder brasileiro por inveja, porque a primeira-dama brasileira seria mais bonita: “Não humilha, cara. Kkkkkkk”, escreveu.

‘Xixi na cama’ (abril de 2019)
Bolsonaro diz em um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto que não se arrepende de declarações polêmicas feitas ao longo dos 28 anos de carreira política.
“Não posso (me arrepender). Vou me arrepender que fiz xixi aos cinco anos na cama? Saiu, pô.”

Golden shower (março de 2019)
O presidente compartilha em sua conta no Twitter um vídeo com conteúdo pornográfico gravado durante o carnaval de rua de São Paulo.

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