DiogoMainardina ilha do desespero

O encolhimento de Bolsonaro

20.11.20

Jair Bolsonaro pode voltar ao PP.

A nota foi publicada na quarta-feira, em O Antagonista, e ninguém deu a menor pelota para ela — nem entrou na lista das mais lidas do site.

O senador Luis Carlos Heinze disse a Diego Amorim:

“Estamos juntos já há muitos anos. Em 2014, eu fui um dos poucos deputados que estavam ao lado dele, para ele concorrer pelo nosso partido a presidente.”

A volta de Jair Bolsonaro ao PP é um assunto insuportavelmente aborrecido. Eu entendo e compartilho o desinteresse. Mas seu sentido histórico, antropológico, precisa ser registrado. E eu me imolo dedicando-lhe esta coluna (a primeira e última sobre o tema, prometo).

O PP que se prepara para acolher Jair Bolsonaro é aquele do quadrilhão. Ciro Nogueira, um dos chefes do esquema criminoso, segundo a Lava Jato, foi denunciado em 2017 pelo desvio de 390 milhões de reais da Petrobras. O processo está parado há mais de um ano no STF, por causa de um gracioso pedido de vista de Gilmar Mendes. De lá para cá, Ciro Nogueira tornou-se o predileto de Jair Bolsonaro — o 05. Seu parceiro no quadrilhão do PP, Arthur Lira, foi escolhido pelo próprio presidente para disputar a vaga de Rodrigo Maia. Em dois anos, portanto, Jair Bolsonaro passou de Sergio Moro ao departamento de propinas da Odebrecht. O folclore político brasileiro é repleto de guinadas, mas jamais houve uma mais infame e despudorada do que essa.

A volta de Jair Bolsonaro ao PP espelha também o encolhimento de sua figura. Depois de se agigantar magicamente, como Alice na toca do coelho, ele está recuperando seu tamanho real. Rodrigo Maia — sempre ele — disse que Jair Bolsonaro voltou a ser o que era antes da facada. Até 2022, ele pode diminuir ainda mais, e retomar o aspecto miniaturizado que tinha em 2014, quando era apenas um deputado federal de terceira linha do PP, o velho colega de Luis Carlos Heinze.

Duvido que Jair Bolsonaro possa desaparecer completamente — mas quase.

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