DiogoMainardina ilha do desespero

A quarta via

09.10.20

Jair Bolsonaro é, hoje, quase uma unanimidade. Ele pode contar com o Exército, com o Congresso Nacional, com uma ala do STF, com o empresariado. Sua base tem novatos e veteranos, réus e condenados, de direita e de esquerda. Não se via tantos nomes ilustres, unidos em torno de um mesmo propósito, desde os tempos do departamento de propinas da Odebrecht.

A Odebrecht, por sinal, continua sendo o centro de tudo. Jair Bolsonaro só conseguiu atrair todos esses apoios porque destruiu a Lava Jato. O jantar na casa de Dias Toffoli, no sábado passado, é a prova disso. Os participantes daquela suruba institucional celebravam o fim de seus inquéritos. Em particular, o amigo do amigo, delatado por Marcelo Odebrecht.

Jair Bolsonaro enganou o eleitorado dizendo que Sergio Moro saiu do governo porque pretendia se candidatar a presidente. Na verdade, foi o contrário: Sergio Moro foi chutado do governo. E ele foi chutado porque, como revelou a Crusoé em agosto do ano passado, Jair Bolsonaro já havia fechado um acordo com o STF e com os delatados da Odebrecht para aniquilar a Lava Jato, garantindo impunidade para si e para seus cúmplices.

Nesta semana, Janaina Paschoal disse que Sergio Moro pode representar a quarta via em 2022. Para quem tem ojeriza da primeira via – Jair Bolsonaro –, da segunda via – Lula –, e da terceira via – seja ela quem for –, a quarta via parece uma escolha natural. Mas falta um tempo danado até lá. O que importa neste momento é construir uma defesa contra os estragos provocados pelo bando de Jair Bolsonaro e Dias Toffoli. Algo que se assemelhe à decisão de Luiz Fux de julgar os criminosos em plenário, impedindo as manobras abusivas da Segunda Turma. Antes de pensar em quarta via, portanto, temos de trilhar a via Fux. Só ela pode conduzir o país a um 2022 um tantinho menos sórdido.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO