DiogoMainardina ilha do desespero

Abusos

10.09.20

Jair Bolsonaro derreteu nas redes sociais. A AP Exata, que mede em tempo real as mensagens presidenciais, mostrou que, em 2020, a repercussão das asnices bolsonaristas foi positiva em 32 dias e negativa em 202 (o resto foi neutro).

É claro que Jair Bolsonaro sabe disso. É claro também que, tendo derretido nas redes sociais, ele resolveu macaquear Lula, com sua aposta em instrumentos de persuasão mais arcaicos, como esmola, escambo e propaganda. A esmola e o escambo sempre funcionam. Quanto à propaganda, ela pode comprar o rebotalho da imprensa, pingando uns trocados nas contas da escória do jornalismo.

Na quarta-feira, enquanto a Lava Jato revistava os escritórios do advogado de Jair Bolsonaro, do advogado de Lula, do filho de um ministro do TCU (Aroldo Cedraz) e do filho do presidente do STJ (Humberto Martins), em busca de provas sobre a propina desviada do Sistema S, o presidente do STF, Dias Toffoli – que foi advogado do PT –, recebia uma homenagem de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, aplaudido pelo presidente do STJ (aquele mesmo Humberto Martins cujo filho foi acusado de ter recebido 42,9 milhões de reais do operador Orlando Diniz para influenciar os ministros da corte).

Durante a homenagem, Rodrigo Maia exaltou o papel de Dias Toffoli, dizendo:

“A principal marca de sua gestão é o compromisso com o Estado Democrático de Direito. Com a Constituição e a democracia. A coragem e a altivez para defender as instituições daqueles que, abusando de seus direitos, procuram não criticar, mas constranger, ameaçar e, por fim, calar os poderes da República.”

Rodrigo Maia referia-se às redes sociais bolsonaristas, que continuaram a atacá-lo mesmo depois que ele se rendeu ao Palácio do Planalto. Como demonstram os números da AP Exata, porém, o que realmente destrói a democracia não é a hashtag impulsionada às 3 da madrugada pelos imbecis que comandam a máquina de propaganda de Jair Bolsonaro. O que destrói a democracia é o suborno ostensivo e generalizado: dos pobres, dos parlamentares, da imprensa e, sobretudo, do Judiciário, que abusa de seus direitos para calar aqueles que denunciam esses abusos.

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