DiogoMainardina ilha do desespero

O erro de Paulo Guedes

21.08.20

Paulo Guedes virou o tesoureiro da campanha de Jair Bolsonaro. Ele passa o dia tentando arrumar um dinheirinho – a expressão foi usada por Flávio Bolsonaro, um especialista no assunto, como mostrou o Coaf – para financiar o programa eleitoreiro de 2022.

Eu me enganei a respeito de Paulo Guedes. Pensei que ele fosse de um jeito, ele era de outro. É o caso de pedir desculpa aos leitores. Quando eu morava no Rio de Janeiro, cruzei com ele algumas vezes, na casa de amigos. É uma covardia, porém, atribuir meu erro a esse contato pessoal, esporádico – eu errei porque, estupidamente, acreditei em seu discurso público. Aquele Paulo Guedes explosivo, sem amarras, disposto a tudo para detonar os esquemas clandestinos brasilienses é uma fantasia da imprensa, que provavelmente ajudei a alimentar. O Paulo Guedes de verdade é esse aí, que mendiga seu cargo desfalcando o contribuinte para reeleger seu chefe. Avaliei mal seu caráter. Desculpa.

Na quarta-feira, depois que o Senado permitiu aumentos para os servidores, Paulo Guedes disse que os parlamentares deram um “sinal muito ruim”, e que “pegar dinheiro da saúde e permitir que vire aumento de salário do funcionalismo é um crime contra o país”. Claro que é um crime. Mas ele só foi cometido porque Paulo Guedes aceitou que Jair Bolsonaro transformasse o Ministério da Economia em palanque. Enquanto a escumalha se financia com rachadinha, caixa dois ou fundo partidário, o presidente conta com o aval do Tesouro para comprar votos, repassando o prejuízo – mais de 100% do PIB – para os pagadores de impostos.

Eu errei a respeito de Paulo Guedes. Paulo Guedes também errou a respeito de Paulo Guedes.

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