DiogoMainardina ilha do desespero

Meu primeiro e último voto

20.07.18

Eu nunca votei para presidente do Brasil. Não foi por má vontade. Quando fiz 18 anos, havia a ditadura militar. Depois, fui morar no exterior e o consulado me deu uma carteirinha que me isentava de comparecer às urnas. Só recentemente fui obrigado a tirar um título eleitoral. Se tudo der errado, eu talvez acabe votando pela primeira vez em outubro.

Sou um militante da Lava Jato. Vou votar contra o candidato de Lula. Vou votar também contra o candidato de Michel Temer, de Rodrigo Maia, de Ciro Nogueira, de Valdemar Costa Neto, de Renan Calheiros, de Aécio Neves e de tantos outros. Meu guia é o departamento de propinas da Odebrecht. Tem codinome? Eu voto contra.

O marqueteiro do DEM, entrevistado pelo Valor, disse que a Lava Jato não rende votos para ninguém, porque os eleitores sabem que a rapina vai continuar independentemente do candidato que eles escolherem. Deve ser verdade. Mas a Lava Jato pode tirar votos — e já tirou de todos os criminosos que foram denunciados ou presos.

Neste momento, as pesquisas mostram Jair Bolsonaro e Marina Silva no segundo turno. Se isso se mantiver até o fim, será uma hecatombe para a ORCRIM. Os inimigos da Lava Jato, porém, apropriaram-se do fundo eleitoral e do tempo de TV. Não é impensável que, depois de uma campanha presidencial nauseabunda, dois representantes da bandidagem acabem disputando o Palácio do Planalto, com menos de 20% dos votos cada um. Nesse caso, a democracia brasileira vai afundar, com um golpe chavista ou um golpe militar. E meu primeiro voto para presidente deve tornar-se também o último.

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