DiogoMainardina ilha do desespero

O conselheiro Gilmar

17.07.20

Gilmar Mendes não vai derrubar Jair Bolsonaro. Por que ele o derrubaria? O presidente faz exatamente o que ele quer. Já chutou Sergio Moro. Já se acertou com a PGR para exterminar a Lava Jato. Já indicou um de seus assessores para a AGU. Gilmar Mendes só teve tanto poder assim com Michel Temer.

Como o ministro do STF é um homem de sorte, ele foi premiado também com o processo de Flávio Bolsonaro, do qual é relator. O fato de ter o destino do filho do presidente no bolso da toga confere-lhe um crédito ainda maior. É claro que Gilmar Mendes não tem o menor interesse em patrocinar um impeachment, minando um acordo que lhe é imensamente vantajoso.

Nesta semana, Gilmar Mendes espalhou para a imprensa que foi ao Palácio do Planalto e aconselhou Jair Bolsonaro sobre a melhor maneira de se esquivar de uma denúncia no Tribunal Penal Internacional, por crimes cometidos durante a epidemia de Covid-19. De acordo com o relato dos jornalistas, o ministro do STF foi ainda mais longe: assumindo o papel de advogado do presidente — no lugar de Frederick Wassef e Karina Kufa —, ele orientou Jair Bolsonaro sobre sua defesa no próprio STF.

O Exército irritou-se porque Gilmar Mendes, disparando uma tolice sem tamanho, culpou-o pela calamidade da Covid-19. De fato, enquanto os militares fabricavam cloroquina, nos laboratórios faltavam reagentes para testar o novo coronavírus e nas UTIs faltavam remédios essenciais para salvar vidas. Como se sabe, porém, a responsabilidade pela tragédia não é do Exército, e sim de Jair Bolsonaro, que teria de ser julgado e cassado por causa disso. Não é o que Gilmar Mendes pretende fazer. Ele é parceiro do presidente, tanto que, para contornar a disputa com os generais, conversou diretamente com ele — e, mais uma vez, vazou tudo para a imprensa.

Os bolsonaristas podem relaxar. Em vez de derrubar Jair Bolsonaro, Gilmar Mendes vai domá-lo e cavalgá-lo até 2022.

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