DiogoMainardina ilha do desespero

Morrer em paz

12.06.20

“MBL da terceira idade.” Algum bolsonarista me apelidou assim. E ele está certo. Em vez de me dedicar a tarefas mais condizentes com meu estado senil, como babar no travesseiro, ainda estou aqui, esperneando de maneira humilhante e incontinente contra um patife no Palácio do Planalto.

Em minha defesa, posso dizer que tentei derrubar todos os presidentes da República desde o general Costa e Silva — e, na época, eu tinha apenas 7 anos. Mas isso torna o quadro ainda mais grotesco; apesar de acumular meio século de derrotas em meus desvarios subversivos, continuo insistindo.

Em 2019, o Brasil teve 41.635 assassinatos. Nesta sexta-feira, o número de mortes registradas por Covid-19 vai ultrapassar o de assassinatos. É uma marca chocante. O autor material do crime foi a China, claro, que disparou o vírus. Mas ele só conseguiu matar tanta gente porque contou com a cumplicidade de Jair Bolsonaro, que sabotou a quarentena, e de governadores e prefeitos, que aproveitaram a calamidade para pilhar os cadáveres.

É um período assombrosamente degradante da história nacional. Juro, porém, que nunca foi melhor. O MBL da terceira idade continua a urrar no megafone, pedindo o impeachment de todos esses vermes. O mais correto seria calar a boca e morrer em paz.

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