RuyGoiaba

Todo mundo de que
não gosto é Hitler!

13.07.18

Então a Copa acabou para o Brasil, apesar dos belos discursos do coach de autoajuda que é o Tite. Agora vai: o povão alienado vai prestar atenção no que é realmente importante e, só para começo de conversa, resolver os 60 mil assassinatos por ano e dar saneamento básico à metade do país que ainda faz cocô no buraco ou no córrego. Certo?

“Ah, mas agora tem eleição, vamos renovar o Congresso, os governos, a Presidência, é nossa chance de começar a resolver”, dirá você. Amigo, seu otimismo deixaria até o Dr. Pangloss do Voltaire arrepiado. Sim, houve avanços: a Lei da Ficha Limpa é um, ainda que se considere que o brasileiro precisa de lei para não votar em ladrão. A Lava Jato, claro, é outro. Mas o sistema se regenera, como a Hidra da mitologia grega – corta-se uma cabeça, aparecem duas no lugar.

E o nível do — por assim dizer — debate não ajuda, sobretudo na cloaca em que se transformaram as redes sociais, ótimos lugares para linchamento virtual e discussão com espantalhos. As mesmas redes, porém, popularizaram um meme que resume bem a coisa. É uma capa fictícia de livro infantil, com um desenho de Hitler sorridente deslizando por um arco-íris. O título é “Todo mundo de que eu não gosto é Hitler! — o guia da criança emocional para a discussão política”.

Recentemente, o PT, que é craque em ser infantil e berrar, deu mais um exemplo disso com aquela dublagem do filme “A Queda” em que o Hitler nervosinho é Sergio Moro inconformado com a soltura de Lula (aliás, meu despotismo esclarecido também banirá essas dublagens engraçadinhas de “A Queda”). Mas o, ahn, “recurso retórico” é comum: Moro é Hitler. O Antagonista é Hitler. Diogo Mainardi, então, vixe. Eu, você que assina Crusoé, você que me lê: tudo nazistão.

Queria ser menos óbvio, mas não consigo: se todo mundo é “nazista”, ninguém é, e não poderia haver ambiente melhor para o fascismo real vicejar. Chamar as coisas por seus nomes corretos já seria um bom começo.

ReproduçãoReproduçãoBruno Ganz como Hitler em “A Queda”, filme que o nazistão aqui vai proibir

***

A GOIABICE DA SEMANA

Eu sei que “goiabice” é pouco para descrever o que Rogério Favreto fez no domingo passado. Mas chamar a pré-candidatura de Lula de “fato novo” deve ter batido algum recorde – mundial, olímpico, não sei — de ridículo. A tal pré-candidatura do hóspede da Polícia Federal em Curitiba foi lançada há uns seis meses, no mínimo, e o PT já fez uns 200 mil “atos de pré-lançamento” antes e depois de o Grande Líder ser preso.

Mais “fato novo” que isso, só Neymar caindo em campo. Ou o Brasil sendo eliminado assim que encara um time europeu melhorzinho.

 

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