Derrotada e decepcionada

08.05.20

Nas primeiras horas de terça-feira, pouco depois do ato que renomeou para a presidência da Funarte o maestro que Regina Duarte tinha pedido para demitir em março, a atriz tinha uma explicação na ponta da língua para quem lhe perguntava por que não recebeu nenhum aviso sobre a decisão do Planalto de reconduzi-lo ao posto. Regina dizia que estava desconectada do mundo desde a noite anterior porque havia sido obrigada a trocar o telefone celular em razão de um problema técnico. A atriz repetia que só soube da nomeação, publicada de madrugada, pela manhã. Como mostrou Crusoé logo nas horas seguintes, ela viu na medida um sinal de que Jair Bolsonaro a estava dispensando do governo. A reação da atriz, que depois protestou internamente e conseguiu que a Casa Civil cancelasse a nomeação, funcionou. Mas o clima continua pesado. Regina se viu, de repente, engolida pela máquina bolsonarista e, em especial, pelos olavistas com influência no Planalto. Até dias atrás, a atriz tinha esperança de conquistar em definitivo as áreas em disputa com os discípulos do guru, como o a Funarte e a Ancine – havia uma complexa negociação em curso, costurada pelo Planalto, e ela via chances de sair ganhando. Mas perdeu e, agora, procura tratar a derrota com ares de normalidade. A resignação, porém, é só da boca para fora. Ela não diz abertamente, mas está decepcionada com o governo. E, sim, pode sair a qualquer momento.

Adriano Machado/CrusoéAdriano Machado/CrusoéRegina no Planalto logo após chegar a Brasília: ambiente mudou

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