Adriano Machado/Crusoé

Wassef sobre lobby: ‘Advogar para os Bolsonaro não me impede de ter vida normal’

25.09.20 13:25

Contratado por 5 milhões de reais pela concessionária do aeroporto de Viracopos para resolver uma disputa bilionária com o governo federal, o advogado Frederick Wassef (foto) afirmou que o fato de advogar para o presidente da República e para o senador Flávio Bolsonaro não o impede de ter vida normal e continuar exercendo a profissão com seus demais clientes.

Conforme revela a reportagem de capa da mais nova edição semanal de Crusoé, Wassef usou sua proximidade com a família Bolsonaro para ganhar milhões de reais de empresários interessados em resolver problemas no governo. O contrato milionário com Viracopos foi negociado no dia 13 de novembro de 2019. No dia seguinte, Wassef promoveu um encontro entre representantes da concessionaria e o senador Flávio Bolsonaro em seu apartamento em São Paulo.

Em fevereiro deste ano, Viracopos conseguiu fazer um acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac, no qual abriu mão de brigar na Justiça para devolver a concessão do aeroporto para uma nova licitação e negociar uma indenização na corte de arbitragem. Na Anac, estava em fase final um processo de extinção do contrato que levaria a companhia à falência.

O decreto autorizando a relicitação foi publicado em julho pelo presidente Jair Bolsonaro. Dois meses antes, no dia 14 de maio, Bolsonaro recebeu o presidente do conselho de administração de Viracopos, João Villar Garcia, o Nico, em audiência no Palácio do Planalto. A agenda oficial mostra que Wassef teve uma conversa de 15 minutos a sós com Bolsonaro cerca de uma hora antes do encontro entre os dois clientes do advogado, Nico e o presidente da República.

Segundo uma fonte que acompanhou as tratativas de Wassef com Viracopos, o advogado promoveu ainda um segundo encontro entre Nico e Bolsonaro fora da agenda oficial, à noite, no Palácio da Alvorada. As visitas a Bolsonaro no Alvorada são mantidas sob sigilo pela Presidência da República. Em nota, Wassef nega a existência de “encontros secretos” e diz que continua “trabalhando para a concessionária de Viracopos”.

Em julho deste ano, antes de Crusoé revelar que Wassef recebeu 9 milhões de reais da JBS, o advogado havia negado ter o frigorífico dos irmãos Joesley e Wesley Batista como cliente. Depois, ele e a companhia afirmaram que havia um contrato de consultoria jurídica para atuar em inquéritos policiais.

A seguir, a íntegra da nota enviada pelo advogado Frederick Wassef:

“Por questão de obrigação e dever do advogado ao sigilo profissional, e em respeito às cláusulas de confidencialidade contratual, não posso passar informações de clientes e nem fazer afirmações de data de assinatura de contratos ou temas relacionados a isto, ficando na responsabilidade da revista Crusoé e seus jornalistas todas e quaisquer afirmações que sejam escritas na referida reportagem. Isto posto, e para evitar novas matérias sobre a minha pessoa que não trazem fatos ou informações verídicas, responderei suas perguntas dentro do que for permitido pela lei.

1) Fechei contrato com a concessionária de Viracopos pois sou advogado e esta é minha profissão desde 1992, e o fato de eu advogar para o presidente da República e para o senador Flávio Bolsonaro não me impede de ter minha vida normal e continuar exercendo minha profissão com demais clientes, não existindo qualquer restrição ou ilegalidade no regular exercício da advocacia. Continuo trabalhando para a concessionária de Viracopos e prestando serviço, sendo certo que ainda tem trabalho por muitos anos à frente, para se fazer justiça a um cliente que foi vítima de várias irregularidades e ilegalidades, inclusive desde governos passados.

2) Como é público, eu estive em audiência com o Presidente da República no Palácio do Planalto, na agenda oficial, e tratei apenas de assuntos jurídicos em que o Presidente é meu cliente e figura como vítima de crimes, não existindo qualquer relação entre esta reunião e as demais que o Presidente teve ao longo do dia, sendo certo e de conhecimento público que eu frequentava o Palácio com regularidade e não teria como controlar as demais agendas oficiais da Presidência, de forma que trata-se de mais uma ilação tentar vincular uma reunião à outra.

3 ) Sobre as afirmações que eu promovi encontros secretos e fora da agenda entre o Presidente da República e os donos da concessionária de Viracopos são informações que não correspondem à verdade e à realidade dos fatos. Da mesma forma vale para o senador Flávio Bolsonaro.

4) A Fecomércio não é meu cliente, não me contratou, nunca assinou contrato comigo, nunca me pagou e nunca tive qualquer relação comercial com esta entidade, motivos pelos quais não fui denunciado e nem sofri qualquer bloqueio de valores ou bens. Trabalhei apenas para um renomado escritório de advocacia criminal da cidade de São Paulo em que a dona é uma famosa e conhecida procuradora do Ministério Público do Estado de São Paulo aposentada, que dedicou toda sua vida à instituição Ministério Público e ao combate ao crime, zelando pelas vítimas. Fui o advogado mais exposto na mídia brasileira neste caso de forma injusta, apenas por causa de minha relação com a família Bolsonaro.

A todos os meus clientes presto o regular exercício da advocacia, trabalhando arduamente e de forma permanente com ética, moral e com o mais alto nível de prestação de serviços advocatícios, o que tem me gerado, ao longo de mais de 20 anos, a minha indicação para novos clientes através de clientes satisfeitos com meu serviço, lembrando que em 28 anos de advocacia jamais sofri qualquer reclamação ou representação na ordem dos advogados do Brasil, tendo meu nome limpo e, lembrando também, que jamais em minha vida respondi a qualquer processo ou fui investigado.

Estou vivendo uma verdadeira campanha de perseguição e de fake news patrocinada e articulada por poderosos grupos que tem um único objetivo que é atingir o presidente da República, usando de forma criminosa e fraudulenta a minha pessoa para tanto. Os ataques que venho sofrendo tendem a piorar vez que o presidente Bolsonaro alcança 40% de aprovação de seu governo e todos já sabem que ele será reeleito em primeiro turno em 2022. Aqueles que pensam que vão me usar para prejudicar o presidente Jair Bolsonaro vão se decepcionar, pois sempre fui íntegro e honesto, não existindo qualquer irregularidade em minha vida, motivo pelo qual, em ato de desespero, tentam agora criminalizar a advocacia. Comigo não terão êxito, pois sempre prestei meus serviços com sucesso, sempre declarei todos os meus honorários à Receita Federal e sempre paguei todos os meus impostos na íntegra, além de ser aprovado pelo compliance de todos os bancos e de todos os clientes.”

 

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