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Vacina chinesa pode gerar atrito entre Bolsonaro e Piñera

28.11.20 10:01

O Instituto Butantan, laboratório do governo de São Paulo que produzirá no Brasil a Coronavac, vacina chinesa criticada por Jair Bolsonaro, já recebeu manifestações de interesse dos governos da Argentina e do Peru. O Instituto também vai participar da concorrência internacional da Organização Pan-Americana de Saúde, OPAS, para fornecer vacinas aos demais países da América Latina.

As doses fabricadas em São Paulo podem fazer parte ainda do acordo que o governo chileno de Sebastián Piñera – hoje aliado de Jair Bolsonaro – tenta costurar com a Sinovac chinesa. Há algumas semanas, um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores do Chile se encontrou com executivos chineses nos Emirados Árabes Unidos. Uma fonte a par das negociações acredita que a logística da vacina a partir de São Paulo pode ser mais viável, caso Santiago bata o martelo em favor da compra do imunizante chinês.

“Nós decidimos não politizar a questão da vacina”, assegura um integrante do governo chileno ouvido, sob reserva, por Crusoé.

A postura de Jair Bolsonaro com relação às vacinas contra a Covid-19 vem sendo acompanhada de perto pelos principais meios de comunicação do país. A prioridade zero de Santiago é a vacinação com componentes que sejam seguros e eficazes, independentemente da origem da substância, o que contraria frontalmente o discurso de Bolsonaro.

A falta de coordenação entre os países da região em políticas conjuntas para enfrentamento da pandemia tem incomodado Piñera, primeiro e atual presidente do Prosul, organismo criado em 2019 para a integração na América do Sul.

Não seria a primeira rusga entre o chileno e o mandatário brasileiro. Em agosto do ano passado, o chefe do Planalto bateu o pé para não receber aviões de combate a incêndios na Amazônia bancados com dinheiro doado pelo governo de Emmanuel Macron, da França, em um acordo que havia sido costurado por Piñera com países do G7.

À época, o presidente chileno havia combinado com líderes de países ricos que estava disposto a receber recursos e coordenar uma operação de ajuda a nações vizinhas que enfrentavam incêndios na floresta amazônica. Com a recusa do Planalto, Piñera ficou em uma saia justa. A negociação colocou o Chile no meio do fogo cruzado entre Bolsonaro e o presidente francês.

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