Adriano Machado/Crusoé

URGENTE: MPF denuncia Glenn Greenwald e mais 6 por invasão hacker

21.01.20 11:59

O Ministério Público Federal em Brasília denunciou nesta terça-feira, 21, o jornalista Glenn Greenwald e outros seis investigados por envolvimento no ataque hacker que alvejou trocas de mensagens entre o ministro Sergio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e dezenas de outras autoridades.

“O jornalista Glenn Greenwald, de forma livre, consciente e voluntária, auxiliou, incentivou e orientou, de maneira direta, o grupo criminoso. Durante a prática delitiva, agindo como garantidor do grupo, obtendo vantagem financeira com a conduta aqui descrita”, diz um trecho da denúncia do MPF.

No texto, o procurador Wellington Divino Marques de Oliveira frisa que a acusação não representa uma afronta à liberdade de imprensa. Ele lembra que há jurisprudência para garantir que o profissional que apenas divulga dados sigilosos, sem participar, de maneira direta, da quebra do sigilo dessas informações, não pratica crime.

O caso de Glenn, explica, é distinto. “Diferente é a situação em que o “jornalista” recebe material ilícito enquanto a situação delituosa ocorre e, tendo ciência de que a conduta criminosa ainda persiste, mantém contato com os agentes infratores e ainda garante que os criminosos serão por ele protegidos, indicando ações para dificultar as investigações e reduzir a possibilidade de responsabilização penal.”

Greenwald foi denunciado pelos crimes de associação criminosa e interceptação ilegal de comunicações.

Além dele, também são alvos da denúncia seis investigados presos pela Polícia Federal na Operação Spoofing: Walter Delgatti Neto, Thiago Eliezer Martins, Luiz Henrique Molição, Gustavo Santos, Danilo Marques e Suélen Priscila de Oliveira foram enquadrados pelo MPF nos crimes de associação criminosa, interceptação ilegal e lavagem de dinheiro.

A Operação Spoofing teve duas fases. A primeira foi deflagrada em 23 de julho de 2019 e a segunda, em 19 de setembro do mesmo ano. Ao longo da investigação, o delegado Luiz Flávio Zampronha e uma equipe de peritos da PF conseguiram mapear as técnicas utilizadas pelo grupo para invadir as contas do Telegram de Moro, Dallagnol e várias outras autoridades, incluindo ministros de tribunais superiores — houve até tentativa de interceptar mensagens do presidente da República.

A apuração da PF chegou à conclusão de que o líder do grupo era Walter Delgatti, o Vermelho, estudante de direito de Araraquara, cidade no interior de São Paulo. Além de Vermelho e seus amigos do interior paulista — Danilo, Gustavo, Suélen e Molição –, a PF descobriu, posteriormente, um tentáculo do grupo em Brasília, representado pelo programador Thiago Eliezer Martins, o Chiclete. A participação de Chiclete no esquema foi revelada em uma reportagem de capa de Crusoé. O  brasiliense, com ampla experiência em informática, era espécie de “guru” de Vermelho e teria desenvolvido as técnicas para invasão do aplicativo.

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