Divulgação/Governo de SP

Uip rebate Bolsonaro: ‘Respeitei seu direito de não revelar seu diagnóstico’

08.04.20 13:55

O coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 de São Paulo, David Uip (foto), rebateu nesta quarta-feira, 8, declarações do presidente Jair Bolsonaro, que cobrou o médico a revelar se usou cloroquina em seu tratamento contra o novo coronavírus. “Respeitei seu direito de não revelar seu diagnóstico [sobre Covid-19]. Respeite meu direito de não revelar meu tratamento”, disparou Uip em coletiva no Palácio dos Bandeirantes. 

De acordo com o infectologista, ele e sua clínica tiveram “as privacidades invadidas”. “Presidente, por favor me respeite e respeite meu direito de privacidade. Minha privacidade foi invadida. A privacidade da minha clínica, que lida com doentes sob sigilo absoluto, foi invadida. Tomarei as providências legais adequadas para essa invasão da minha privacidade e dos meus pacientes”, alertou. Pela manhã, circulou em grupos de Whatsapp uma suposta receita médica com prescrição de cloroquina assinada por Uip.

A pressão de Bolsonaro ocorreu na manhã desta quarta-feira pelas redes sociais. “Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz. Dois renomados médicos no Brasil se recusaram a divulgar o que os curou da Covid-19. Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do governador de SP?”, escreveu em sua conta oficial no Twitter, sem citar nominalmente Uip e o cardiologista Roberto Kalil, conhecido por cuidar de personalidades políticas, como o ex-presidente Lula.

Pouco depois do tuíte, Kalil admitiu que tomou o medicamento para se recuperar. e recomendou que a substância seja ministrada em pacientes que estão hospitalizados. O Ministério da Saúde já autoriza a prescrição da cloroquina para vítimas internadas, com o consentimento prévio do próprio paciente ou familiar.

Questionado sobre o fato de o cardiologista ter revelado o tratamento, Diavid Uip disse que esse era um direito de Kalil como paciente e sugeriu que foi ele próprio quem prescreveu o medicamento ao colega. “Doutor Roberto Kalil, meu amigo e meu paciente, declarou que tomou cloroquina e é seu direito”, afirmou Uip.

Na mesma coletiva, o governador de São Paulo, João Doria, responsabilizou o chamado “gabinete do ódio” do Palácio do Planalto pelos ataques nas redes sociais ao infectologista, registrados na terça-feira, 7.

De acordo com o tucano, a “milícia digital” tenta destruir a reputação do médico. “Não faz o menor sentido atacar o dr. David Uip como feito ontem à tarde pelas redes sociais, mais uma vez sob a orientação do dito gabinete do ódio em Brasília”, alegou. 

Doria criticou, ainda, as investidas contra o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e Kalil, na internet. “Não foi nenhum médico no Brasil que afirmou por várias vezes que a gravíssima epidemia do coronavírus era uma ‘gripezinha’ ou ‘resfriadozinho’”, emendou, em referência a Bolsonaro.

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