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Twitter começa a rotular veículos ligados a governos

08.08.20 18:10

Nos últimos anos, o governo da Rússia criou uma extensa rede de veículos de comunicação, em diversos idiomas, para interferir em assuntos domésticos de outros países e enaltecer o presidente Vladimir Putin. Os mais famosos são o Russia Today, conhecido pela sigla RT, e o Sputnik (foto). Eles ajudaram na eleição do americano Donald Trump, em 2016, tentaram impedir a vitória do francês Emmanuel Macron no ano seguinte e insuflaram protestos raciais nos Estados Unidos.

Agora, a rede social Twitter começou a rotular as contas de veículos de comunicação vinculados a governos. Em nome da transparência, os perfis do Sputnik e do RT passaram a vir com a frase “mídia afiliada ao governo russo”. Os jornalistas que ocupam cargos mais elevados nesses sites também começaram a ser identificados como pessoas ligadas ao governo.

A medida do Twitter inclui meios de comunicação dos cinco países que integram o Conselho de Segurança da ONU: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Na China, um dos que ganharam o carimbo foi o jornal Global Times, porta-voz do Partido Comunista de Pequim. Os russos foram os mais atingidos pela medida porque são os que conduzem a maior campanha de propaganda internacional. Até este sábado, órgãos oficiais brasileiros, como a TV Brasil, ainda não tinham recebido a observação em seus perfis na plataforma.

Como critério, o Twitter definiu que “mídia afiliada ao governo” são os veículos em que “o estado exerce controle sobre o conteúdo editorial por meio de recursos financeiros, pressões políticas diretas ou indiretas e controle sobre a produção e distribuição de notícias”. Veículos que são financiados por governos, mas que mantêm independência editorial, como a britânica BBC ou a americana National Public Radio (NPR), não serão rotulados.

Coincidentemente, nesta quarta, 5, um relatório do Departamento de Estado americano lançou um alerta sobre o “ecossistema de propaganda e desinformação da Rússia”, que inclui diversos sites governistas, institutos, veículos de imprensa financiados pelo Kremlin e contas em redes sociais. “A abordagem via ecossistema serve muito bem ao propósito da Rússia de questionar o valor das instituições democráticas e de enfraquecer a coesão e credibilidade dos Estados Unidos e de seus aliados, diz o relatório americano.

Para o Twitter, tudo é uma questão de transparência. “Como nossa missão é servir ao debate público, uma importante parte do nosso trabalho é dar às pessoas o contexto, para que elas possam formar opiniões sobre o que veem e decidir como querem se engajar no Twitter”, justificou a rede social em um comunicado.

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  1. Espero q as demais mídias entendem q além de ganhar dinheiro elas tem uma responsabilidade social. Não pode dar abrigo as quadrilhas da desinformação. Parabéns ao Twitter. Moro22

  2. Lá igual cá. Toda imprensa livre tem sua identidade ou preferência ideológica, as financiadas sem comentários infelizmente vivemos em um mundo onde o interesse de poucos prejudica uma nação inteira.

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