Temer, Sarney e FHC em busca de ‘um novo rumo’

14.09.21 18:20

Nesta quarta-feira, 15, os ex-presidentes Michel Temer, José Sarney e Fernando Henrique Cardoso se encontrarão virtualmente para discutir “um novo rumo para o Brasil”. Sim, é exatamente isso o que você leu. Ao menos esse foi o nome escolhido para batizar o ciclo de debates, organizado pelos institutos do DEM, PSDB, MDB e Cidadania, que começa amanhã e se estende até o dia 27 de setembro. O encontro prega o novo, mas já nasce com aspecto de velho. Os painéis pretendem abordar temas como crise fiscal, política, meio-ambiente, segurança pública e a pandemia do coronavírus. Mas o foco é a discussão sobre democracia, “terceira via” e saída para a crise institucional.

Quando concebido, há pouco mais de um mês, o seminário foi interpretado como um sinal de convergência para as eleições presidenciais de 2022 entre os partidos organizadores do evento. Hoje, qualquer acerto nesse sentido é encarado como uma quimera. Senão vejamos: o DEM articula uma fusão com o ex-bolsonarista PSL e não será surpresa para ninguém se iniciar 2022 no colo de Bolsonaro. O PSDB parece não querer saber de terceira via. Para o governador de São Paulo, João Doria, a eleição é uma via de mão única, a dele. Já FHC flerta com Lula, enquanto Aécio Neves segue mais preocupado com suas questões paroquiais. O MDB de Temer, por sua vez, ensaia o lançamento de uma candidatura própria, mas nem mesmo a indicada, a senadora Simone Tebet, é capaz de apostar nisso. Talvez o mais empenhado entre eles em costurar uma alternativa fora da polarização seja o presidente do Cidadania, Roberto Freire, mas seus esforços até agora foram em vão.

Sobre o outro tema principal do evento, qual seja, a saída para a crise institucional, um dos mentores do seminário alardeia já tê-la encontrado. Na última semana, Temer foi o grande artífice do acordão com o STF, Alexandre de Moraes e tudo, destinado a salvar a pele de Bolsonaro. O acerto foi comemorado nesta segunda-feira, 13, em animado jantar promovido em São Paulo por Naji Nahas, o mesmo que quebrou a Bolsa do Rio de Janeiro em 1989, acusado de comandar um esquema especulativo.

Detalhe não menos importante: as palestras serão mediadas pelo ex-ministro do STF e da Defesa Nelson Jobim. Em maio, Jobim foi o anfitrião do famoso almoço em que Fernando Henrique e Lula trocaram amabilidades – o tucano chegou a dizer, ao término do convescote, que, se o segundo turno de 2022 ficasse entre Lula e Bolsonaro, ele votaria alegremente no petista. A propósito, nem isso será novo: FHC já havia votado em Lula no segundo turno de 1989, quando ele concorreu com Fernando Collor, hoje aliado de primeira hora de Bolsonaro, o socorrido por Temer.

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