Marcos Corrêa/PR

Sem avião do Zé Gotinha e 55 mil dólares pelo transporte: os bastidores da negociação entre Brasil e Índia

21.01.21 19:30

Se o Ministério da Saúde deu a largada no plano de vacinação contra a Covid-19 sem contar com as 2 milhões de doses da vacina de Oxford importadas da Índia – e que finalmente estão a caminho do Brasil –, parte do atraso se deve à pirotecnia do governo federal, na avaliação de diplomatas que participaram das negociações entre Brasil e o país asiático e que haviam recomendado máxima discrição à equipe de Eduardo Pazuello. Após o primeiro revés, a pasta do SUS parece ter entendido o recado.

No começo da semana, integrantes do Itamaraty se reuniram com autoridades indianas para renegociar a entrega dos imunizantes produzidos pelo instituto Serum. A articulação contou com Ernesto Araújo, que se reuniu com o ministro das Relações Exteriores da Índia, e com o embaixador do Brasil naquele país, André Correa do Lago, que operou a parceria em Nova Délhi. O próprio Jair Bolsonaro se reuniu com o embaixador da Índia em Brasília, Suresh Reddy. Ficou combinado com o governo asiático que as duas milhões de doses seriam enviadas na sexta-feira, desde que o plano fosse mantido em segredo e que houvesse discrição do Brasil.

Para evitar a pirotecnia do avião da Azul adesivado com o Zé Gotinha decolando do Brasil rumo a Mumbai, o Itamaraty sugeriu a Pazuello que a operação logística fosse contratada diretamente na Índia, em um voo comercial. O transporte até o Brasil custará 55 mil dólares, segundo fontes diplomáticas que acompanharam as tratativas ouvidas por Crusoé. O marketing da vacina só será feito após a chegada no país. “A carga vinda da Índia será transportada em voo comercial da companhia Emirates ao aeroporto de Guarulhos e, após os trâmites alfandegários, seguirá em aeronave da Azul para o aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de janeiro”, informou o Ministério da Saúde.

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