Adriano Machado/Crusoé

Sem apresentar dados, governo diz ter confirmado que vermífugo reduz carga viral do coronavírus

19.10.20 18:34

Com a presença do presidente Jair Bolsonaro, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações afirmou nesta segunda-feira, 19, ter obtido a comprovação científica de que o vermífugo nitazoxanida, conhecido comercialmente como Annita, reduz a carga viral de pacientes infectados pelo novo coronavírus.

“O que posso dizer é que nós temos, agora, um medicamento, comprovado cientificamente, que é capaz de reduzir a carga viral. O que significa isso na prática? Significa que reduz o contágio. Ou seja, as pessoas que tomam o medicamento assim que fazem o teste e descobrem que estão com Covid-19 contagiam menos outras pessoas. E mais: diminui a probabilidade dessa pessoa aumentar os sintomas, ir para o hospital e falecer”, declarou o titular da pasta, Marcos Pontes.

O governo federal, contudo, não apresentou os dados completos do resultado do ensaio clínico, finalizado em quatro meses. Ou seja, não esclareceu a quantidade de pessoas que receberam o medicamento, o percentual de eficácia apresentado, a diferença encontrada em relação ao grupos controle e os efeitos colaterais observados.

“Infelizmente, neste momento, não poderei relatar mais detalhes sobre o estudo, já que foi submetido a uma revista internacional e isso faria com que perdêssemos o ineditismo, limitando a publicação”, declarou a professora do Instituto de Biofísica do Instituto Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora do estudo, Patrícia Rocco.

De acordo com a bula, a nitazoxanida é indicada para o tratamento de gastroenterites virais provocadas por rotavírus e norovírus; helmintíases; amebíase; giardíase; criptosporidíase; blastocistose, balantidíase e isosporíase.

Os testes em humanos infectados pelo novo coronavírus foram anunciados pelo ministério em abril, após análises em laboratórios apresentarem uma eficácia de 94%. Pontes ressaltou, contudo, que a nitazoxanida não deve ser administrada para a prevenção da doença. “É só depois da detecção do vírus”, pontuou.

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