Ministério da Economia

Salim Mattar chegou a alinhar as privatizações de Correios e Telebrás, mas se sentia desprestigiado

11.08.20 20:51

Secretário de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar parecia menos descontente com a agenda de privatizações do governo nas últimas semanas, graças aos avanços nos processos de venda dos Correios e da Telebrás. Por conta disso, o pedido de demissão anunciado nesta terça-feira, 11, pegou de surpresa integrantes do governo que vinham conversando diariamente com o secretário. 

Ao sair, no entanto, Mattar reclamou que o governo não conseguia entregar as privatizações prometidas, como a da Eletrobrás, que está travada na Câmara dos Deputados. A cúpula da estatal chegou a se queixar oficialmente ao Ministério da Economia, argumentando que as constantes especulações vazadas à imprensa por integrantes do governo impactam no preço das ações da empresa. 

O secretário vinha se sentindo desprestigiado por causa das tentativas do governo de concentrar o plano de privatizações no Programa de Participações e Investimentos comandado por Martha Seillier. Nas últimas semanas, porém, Paulo Guedes achou que havia serenado os ânimos ao entregar Correios e Telebrás a Mattar. O próprio ministro Fábio Faria, responsável pelas estatais, chegou a pleitear a condução destes processos, conforme mostrou Crusoé, mas acabou ajustando os ponteiros com Salim, no final de julho. 

Dentro do Ministério da Economia, tanto Salim Mattar quanto Paulo Uebel integravam o chamado núcleo duro da pasta, árduos defensores do liberalismo e da redução do papel do estado na economia. Outro integrante dessa ala era Rubem Novaes, que renunciou à presidência do BB — ele próprio defendia a privatização. Todos eles estavam descontentes com o ritmo político dado à agenda liberal. 

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO