Adriano Machado/Crusoé

Reverendo diz se sentir usado e detalha agendas com o governo

03.08.21 12:23

Reverendo e fundador da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, Amilton Gomes de Paula (foto) afirmou à CPI da Covid que não costuma atuar na negociação de vacinas e declarou que somenteindicou” ao Ministério da Saúde a Davati Medical Supply como empresa com disponibilidade para o fornecimento de imunizantes contra a Covid-19 desenvolvidos pelo laboratório AstraZeneca.

Hoje, com a série de eventos divulgados, entendemos que fomos usados de maneira odiosa para fins espúrios. Vimos um trabalho de mais de 22 anos de uma ONG, entidade séria, voltada para ações humanitárias e educacionais, jogado na lama“, disse Amilton, após a própria empresa admitir que não representa o laboratório britânico.

O reverendo declarou ter sido procurado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que, em princípio, alegou falar em nome da Latin Air Support. Ele disse que enviou e-mail ao Ministério da Saúde pela primeira vez em 22 de fevereiro, pedindo uma reunião, e foi atendido no mesmo dia. Às 16 horas e 30 minutos, ele foi recebido pelo então diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério, Laurício Monteiro Cruz.

Amilton contou que, depois, a pedido do representante comercial, a Senah enviou e-mail, em 24 de fevereiro, para pedir uma agenda com o então secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, para a apresentação da proposta relatada.

Em um primeiro momento, a reunião, segundo Amilton, foi marcada para 2 de março — o agendamento aconteceu de forma célere, em comparação às tratativas entre o governo e outras empresas, como a Pfizer. De acordo com o depoimento, um dia antes, porém, Dominguetti alertou diretores da Senah sobre uma “mudança” da empresa fornecedora de vacinas — foi então que entrou em cena a Davati.

Ele alegou que [a alteração aconteceu por a Davati] ter maiores condições de atender com mais rapidez os pedidos de documentos exigidos pelo Ministério da Saúde e por se tratar de uma empresa de medicamentos com larga experiência em vacinas“, explicou o reverendo, que disse que, neste encontro em específico, nem Elcio Franco, nem Dominguetti compareceram.

Entre 2 e 11 de março, segundo narrou Hamilton, a Senah entrou em contato com Herman Cardenas, presidente da Davati, para reforçar a necessidade de entrega de documentos que comprovassem que a empresa atuava, de fato, como intermediária da AstraZeneca e que detinha as doses para entrega.

No dia 12 de março, então, a Davati foi recebida no Ministério da Saúde por Elcio Franco. De acordo com Amilton, o então secretario-executivo reiterou mais uma vez as exigências e, em sequência, deixou a sala.

Diante de tal assertividade das informações trazidas pelo secretário e da inexistência de documentação pertinente por parte da empresa Davati, a Senah pensou seriamente em encerrar sua participação nesse episódio de apresentação de vacinas para o ministério. Entretanto, diante de novas informações trazidas pelos representantes da Davati, aliada à diminuição de preço, acreditamos que, de fato, havia vacinas para pronta entrega“, prosseguiu.

O religioso admitiu que, em 24 de março, a Senah enviou nova proposta ao Ministério da Saúde, com a oferta de imunizantes da AstraZeneca e da Janssen ao valor de 11 dólares a dose. “Não obtivemos resposta até a presente data“, esclareceu.

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  1. essa estória cheira mal desde o nome da ONG : Secretaria Nacional pressupõe uma entidade governamental. É para parecer oficial. Só que não.

    1. esse Sr. Hamilton, tá escondendo o jogo, tem mais gente por trás disso. Claramente protegendo alguém que tem acesso ao governo e não pode aparecer. Aí tem...

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