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Rei emérito da Espanha anuncia intenção de deixar o país após denúncias de corrupção

03.08.20 14:41

O rei emérito da Espanha, Juan Carlos I (foto), que entregou o trono para o seu filho rei Felipe em 2014, anunciou nesta segunda, 3, sua intenção de deixar o país.

A decisão foi comunicada ao filho em carta divulgada pela Casa Real. “Com o mesmo desejo de serviço à Espanha que inspirou meu reinado e dada a repercussão pública que certos eventos passados ​​em minha vida privada estão gerando, desejo expressar a você minha disponibilidade absoluta de contribuir para facilitar o exercício de suas funções”, escreveu o rei emérito para o rei Felipe.

“Guiado pela convicção de prestar o melhor serviço aos espanhóis, suas instituições e você como rei, comunico a minha decisão ponderada de me mudar, neste momento, para fora da Espanha”, escreveu Juan Carlos. “Com o carinho de sempre, seu pai.”

Juan Carlos é acusado de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal por ter organizado um consórcio de empresas espanholas que construiu uma linha de trem de alta velocidade entre as cidades de Meca e Medina, na Arábia Saudita. O monarca espanhol teria embolsado 100 milhões de dólares. Além disso, Felipe apareceu como beneficiário de uma fundação que o seu pai criou na Suíça para receber o dinheiro do Oriente Médio.

Em março, com o escândalo de corrupção ganhando força nos jornais da Europa, o rei Felipe renunciou à herança do pai e ao dinheiro que lhe era dado. O rei alegou que não tinha conhecimento e pediu que a sua designação na fundação ficasse sem efeito. Como Juan Carlos abdicou do trono em 2014, ele não tem mais foro privilegiado e pode ser processado.

Em 1975, com a morte do ditador Francisco Franco, Juan Carlos teve um papel essencial para que a Espanha voltasse a ser uma democracia. Ele permitiu eleições para o Parlamento e um referendo para a elaboração de uma nova Constituição. Manteve-se sempre como garantidor dos valores democráticos. Em 2007, mandou o venezuelano Hugo Chávez calar a boca. Durante uma reunião no Chile, Chávez insistia em chamar o primeiro-ministro espanhol, José María Aznar, de fascista. “Por que no te callas?”, disse o então rei para Chávez.

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  1. Quem perde com tudo isso é a Espanha, que após tanto sofrimento causado pela guerra civil, viu no retorno da Monarquia uma solução que daria uma segurança em busca da paz no País e agora o Rei que unificou o País, demonstra uma atitude tão pequena diante do papel que desempenhou. Uma boa cadeia vai ajudar a pensar um pouco no que fez.

  2. Triste ocaso! Talvez provocado por senilidade. A velhice nem sempre é uma benção. Por isso me preocupo tanto com a necessidade de renovação dos quadros políticos, embora presencie, a cada dia, as enormes inconveniências das dinastias, situação em que se preservam as carcaças dos velhos políticos juntamente com seus rebentos precocemente apodrecidos. É, portanto, relevante fazer uso do instrumento providencial do voto para abater vampiros esganados e zumbis insaciáveis. Que venham as eleições!

  3. Alguem me explica por favor, por que um Rei se mete em corrupção, tendo tudo que o dinheiro pode lhe proporcionar? Minha resposta, Rei é ser humano tambem, falivel como qualquer um na face da terra.

    1. O ensino de Auditoria evoluiu muito, naturalmente. Um dos meus professores americanos costumava referir-se a BBB -- babes, bets, booze -- como causas frequentes de delitos cometidos por profissionais. Babes resumiam aventuras amorosas; bets relacionavam-se com jogos de azar; e booze incluía, além de bebidas, qualquer substância capaz de gerar dependência. O Rei, foi o que li, deixou-se vitimar por paixão outonal. Final lastimável para quem desempenhou papel tão importante na transição política.

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