Adriano Machado/Crusoé

Ramagem, a figurinha carimbada das crises do governo Bolsonaro

07.05.21 14:02

Delegado da Polícia Federal, Alexandre Ramagem (foto) aproximou-se do clã Bolsonaro em 2018, quando coordenou a equipe de segurança do então deputado federal e candidato ao Planalto. De lá para cá, estreitou laços e passou a integrar o seleto time dos homens de confiança de Jair Bolsonaro. Não à toa é figurinha carimbada das crises envolvendo o presidente.

O nome de Ramagem esteve nos holofotes pela primeira vez em maio de 2020, quando, em depoimento no âmbito do inquérito aberto para investigar a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, Sergio Moro mencionou o interesse do presidente da República em colocá-lo no comando da PF, no lugar de Maurício Valeixo.

Na ocasião, Moro afirmou que houve “desvio de finalidade” na troca, dado que Ramagem era “pessoa próxima à família do presidente”. Depois do desembarque de Moro do governo, Bolsonaro chegou a nomear Ramagem para a direção-geral da PF. O ato, no entanto, acabou derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

À frente da Abin, Ramagem protagonizou situações reprováveis. Em um deles, como revelou Crusoé, o diretor-geral da agência entregou a Flávio Bolsonaro relatórios com orientações para viabilizar a anulação do inquérito que investiga o filho 01 do presidente pela prática do crime de “rachid” em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio, a Alerj. A papelada foi elaborada após a defesa do parlamentar relatar, em uma reunião no Planalto, a suspeita de que a investigação começou a partir de uma devassa irregular nos dados fiscais de Flávio por funcionários da Receita.

A ministra Cármen Lúcia, do STF, determinou à Procuradoria-Geral da República a investigação do caso. Na decisão, a magistrada anotou que os fatos, “pelo menos em tese, podem configurar atos penal e administrativamente relevantes (prevaricação, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional, crime de responsabilidade e improbidade administrativa)”.

Agora, a Abin, comandada por Ramagem, está de novo sob suspeita de usar o aparato estatal em defesa dos interesses particulares de Bolsonaro. Crusoé revelou com exclusividade em sua mais nova edição semanal que, na última quarta-feira, 5, um dia após o depoimento de Luiz Henrique Mandetta à CPI da Covid, a Abin distribuiu uma “demanda urgente” às 26 superintendências da agência determinando uma “compilação de dados” sobre “irregularidades relacionadas à pandemia” em “âmbito estadual e municipal”. O prazo para a resposta vencia às 18 horas do mesmo dia.

Em reação à reportagem, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, informou que vai propor ao plenário da comissão a convocação de Alexandre Ramagem e a votação de uma representação para ser encaminhada ao Supremo Tribunal Federal com pedido de afastamento cautelar do delegado.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. Depois da saída do Diogo do MC, esse programa serve ainda para alguma coisa? Ainda mais ao se curvar aos petistas e tucanos, que em última análise são porcos que se chafurdam na mesma lama. Crusoé é essencial, como o ar que respiro. Parabéns a Crusoé por se manter contra todos os corruptos, de todos os partidos, e ao lado da verdade, por um Brasil melhor.

    1. Está cada vez mais difícil ler a Crusoé... só continuo para tomar conhecimento dos absurdos veiculados por seus redatores... Ademais, a grande maioria dos leitores é de gentalha, mal educada, o que se pode constatar nos comentários!

Mais notícias
Assine agora
TOPO