Adriano Machado/Crusoé

PT lidera ranking de gastos com escritórios de advocacia: R$ 5,5 milhões

19.09.21 08:02

O diretório nacional do PT foi o que mais gastou com escritórios de advocacia entre os 33 partidos que prestaram contas das despesas do ano passado ao Tribunal Superior Eleitoral. Ao todo, as legendas repassaram 33,5 milhões de reais a bancas que as defendem em processos relacionados à atividade partidária. Só a sigla comandada pelo ex-presidente Lula (foto) torrou 5,5 milhões de reais.

Estão na folha de pagamentos do PT 13 escritórios, incluindo o de Cristiano Zanin, que defende Lula nos processos da Lava Jato e recebeu 516,7 mil reais do partido em 2020, como mostrou Crusoéduas semanas. Ao TSE, a sigla informou que os valores repassados a Zanin tem como origem as doações em dinheiro e não o fundo partidário, verba pública que, por lei, só pode ser gasta com advogados que atuam em processos envolvendo a sigla.

A banca que mais recebeu repasses do PT no ano passado foi a de Eugênio Aragão, ministro da Justiça no segundo governo de Dilma Rousseff: 2,4 milhões de reais. Aragão defende não somente o partido, mas também o ex-presidente Lula, em ações de calúnia e danos morais. O segundo maior gasto jurídico do diretório petista foi com a advogada Edilene Lobo, responsável pela prestação de contas da legenda na Justiça Eleitoral, com 681,5 mil reais.

Depois do PT, o diretório que mais gastou com advogados no ano passado foi o do PSL. Foram 4,6 milhões de reais repassados a 16 bancas diferentes. Entre elas estava o escritório do advogado Victor Granado, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro e que defendeu o presidente Jair Bolsonaro enquanto recebia 40 mil reais do partido. Os pagamentos cessaram depois que Bolsonaro e seu filho 01 deixaram o PSL.

O PSDB aparece em terceiro no ranking de despesas partidárias com consultoria jurídica. Gastou 2,8 milhões de reais. Das oito bancadas contratadas pelo diretório nacional, a segunda que mais recebeu pagamentos — 455 mil reais — foi a de José Roberto Santoro, defensor de tucanos notórios em processos criminais, como o senador licenciado José Serra, o ex-ministro Aloysio Nunes e o ex-diretor da Dersa e operador Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto.

Em 2019, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu um salvo-conduto a Santoro proibindo que a Lava Jato abrisse inquéritos para investigar o defensor dos tucanos. A decisão foi tomada depois que os investigadores descobriram uma transferências de 3,7 milhões de euros feitas de uma conta de Paulo Preto nas Bahamas para uma conta do advogado em Portugal, entre 2018 e 2019.

O PSDB também repassou 361,8 mil reais para o escritório do advogado Marcelo Braga Nascimento, que já defendeu o governador paulista João Doria em processos anteriores e presidiu, até meados deste ano, a filial chinesa do grupo empresarial fundado pelo tucano e hoje administrado pelo filho mais velho dele, como mostrou Crusoé em abril.

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