Adriano Machado/Crusoé

Primeiro pronunciamento mostra um André Mendonça ‘na Lua’ e terrivelmente deslumbrado

01.12.21 20:45

O tom adotado pelo futuro ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça, em seu primeiro pronunciamento, logo após ser aprovado pelo plenário do Senado, expôs o seu deslumbre, e olhe que ele ainda nem sequer sentiu o peso da toga. O sucessor de Marco Aurélio Mello, que transformou a ascensão à vaga no STF numa cruzada pessoal, parecia falar como se tivesse sido eleito presidente da República, tamanha era sua excitação.

Ao começar o discurso, mais semelhante a uma pregação, Mendonça contrariou o que se comprometeu a fazer durante sabatina poucas horas antes, ou seja, respeitar a laicidade do estado. Fazendo uma adaptação da célebre frase do astronauta Neil Armstrong, disse: “É um passo para o homem, um salto para os evangélicos. Dei glória a Deus por essa vitória”.

Realmente, Mendonça parece estar na Lua. Em outro trecho do pronunciamento, contou que a conquista da vaga no Supremo foi o triunfo de alguém “desencorajado por uma professora aos 9 anos de idade” — além do exagero retórico, um ressentimento incompatível com quem se jacta de cumprir os mandamentos de Deus.

O ex-ministro do STF Ayres Britto afirmou, certa feita, que o tribunal não estava “a salvo de práticas reveladoras de uma certa pequenez da alma, como o vedetismo e o culto à personalidade”. Se seguir o comportamento adotado hoje, antes mesmo de sua estreia na cadeira mais cobiçada do Judiciário brasileiro, Mendonça irá começar muito mal.

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