Prevendo prejuízo ao BNDES, TCU vai investigar transferência da JBS para o exterior

O Tribunal de Contas da União abriu uma investigação para apurar eventual prejuízo ao BNDES em razão de uma possível transferência de ativos da JBS para Holanda ou Luxemburgo. O ministro Aroldo Cedraz (foto) acolheu representação aberta por deputados federais integrantes da CPI do BNDES. De acordo com técnicos da corte de contas, a mudança para a Europa pode inviabilizar que a companhia dos irmãos Joesley e Wesley Batista repare um prejuízo de 3,3 bilhões de reais em análise no tribunal. 

Na decisão, Cedraz pediu para que a JBS e o próprio BNDES fossem ouvidos. Auditores do TCU que examinaram o assunto dizem que funcionários do banco se omitiram na defesa dos interesses da União ao saberem da possibilidade do dano. O banco, dono de 21,3% das ações do frigorífico, não renovou o acordo de acionistas que tinha com a empresa até o final de 2019. 

Cedraz quer que o BNDES esclareça quais medidas foram tomadas para “acautelar o patrimônio do sistema BNDES contra o perigo de dano apontado pelo TCU advindo do risco da perda de jurisdição sobre ativos da JBS”. O ministro pediu também à CVM que encaminhasse a cópia do processo administrativo em curso no órgão para tratar da transferência da JBS para o exterior.

O TCU pediu que se manifestassem, ainda, as forças-tarefa do MPF nas Operações Greenfield, Cui Bono, Carne Fraca e Bullish — que investigaram a companhia — sobre as providências adotadas para garantir que a JBS devolva o prejuízo causado aos cofres públicos. Inicialmente, a área técnica do TCU havia solicitado o bloqueio cautelar de ativos da JBS no montante de 3,3 bilhões por um ano, mas o pedido não foi acolhido por Aroldo Cedraz.