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Presidente da Argentina defende fura-fila da vacina: ‘Vamos parar com a palhaçada’

23.02.21 15:15

O presidente da Argentina, Alberto Fernández (foto), defendeu nesta terça, 23, a “vacinação VIP” de funcionários e pessoas ligadas ao governo peronista em uma coletiva de imprensa no México ao lado do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador.

Na Argentina, reconhecemos que, em situações irregulares, foi vacinado um grupo de cerca de 70 pessoas. O conceito de ‘irregular’ é um conceito a se revisar, porque entre os vacinados havia pessoas que estrategicamente deveriam ser vacinadas. Os meios de comunicação na Argentina colocam Alberto Fernández entre as pessoas que receberam a vacina indevidamente, mas eu tive de tomar a vacina porque os meios diziam que não se podia confiar na vacina russa“, disse Fernández.

Uma campanha cruel foi desatada na Argentina pelos meios de comunicação para dizer que a vacina Sputnik V era um veneno. E até me denunciaram por estar distribuindo veneno. E agora o resultado é que as pessoas que me denunciaram estão pedindo para que eu dê veneno a elas. E que consiga mais veneno. Eu gostaria que a Argentina funcionasse de outra maneira. Claramente, quando eu descobri o que tinha acontecido, eu reagi e perdi um ministro, em cujo Ministério (da Saúde) aconteceram essas coisas. O que ele fez foi suficientemente grave para que, como ministro, González García, tivesse de deixar o seu cargo. Mas vamos parar com a palhaçada. Eu já pedi aos promotores e aos juízes que façam o que precisa ser feito. Não há nenhum tipo penal na Argentina que diga que será castigado aquele que vacine outro que se antecipou na fila. Não existe esse delito. E não se podem construir delitos graciosamente“, diz Fernández, que foi professor de direito na Universidade de Buenos Aires.

Fernández então iniciou um longo ataque à oposição e ao ex-presidente Mauricio Macri, dizendo que há outros delitos que não estão sendo investigados pela imprensa. Em seguida, defendeu a vacinação para os privilegiados. “O fato sem dúvida é reprovável, porque ninguém pode aceitar que nas circunstâncias em que vivemos alguém tenha a possibilidade de se antecipar na vacinação. Mas peço que sejam rigorosos com a leitura dessas listas. Nesta lista, há pessoas que precisaram ser vacinadas pela função que desenvolvem. Vacinar o presidente das Comissões de Relações Exteriores da Câmara de Deputados e do Senado (os peronistas Eduardo Félix Valdes e Jorge Taiana) é algo absolutamente razoável se pensamos que ele precisa sair do país e se expor ao risco de contágio. Vacinar o ministro de Economia (Martín Guzmán tem 38 anos) que precisa iniciar uma viagem por vários países para buscar apoio para a Argentina, é algo absolutamente razoável, porque sua vida ficará exposta com tudo isso. Eu detesto os privilégios. Eu não os exerço nem faço uso deles. Não suporto que isso aconteça. Lamento que alguns tenham feito isso“, disse Fernández.

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    1. Captou meu pensamento: América latrina. Seja de direita ou de esquerda.

  1. Adoro o discurso comunista. É longo, exaustivo, cheio de mea culpa, mas semnpre lembrando que não há culpa no q fazem. Espertamente, ele coloca na linha de frente as pessoas que, reconhecidamente poderiam, "em tese", furar a fila (Em tese pq, com o discurso do "Fique em Casa" e o recurso da teleconferência, pra diabos viajar? Pra q aglomerar?) . Aceito esses argumentos pela população, ele se vira e diz pros assessores: "Pronto! aplaudiram! Pode deixar passar a boiada!".

  2. Como está colocado, até entendo o esforço de Fernádez. No Brasil, dadas as circunstâncias, seria de bom alvitre que, mesmo furando a fila, Bolsonaro se vacinasse e passasse a falar bem das vacinas. Assim, seu mau exemplo anterior estaria um pouco redimido...

    1. Azevedo, eu acho que o presidente, ministros da suprema corte e embaixadores deveriam sim ser vacinados, afinal são os responsáveis pelo país.

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