‘Porta-voz do MBL’ é acusado de chutar cozinheira e chamá-la de ‘crioula’

11.11.19 16:50

O administrador de empresas Thiago Dayrell (foto), de 24 anos, foi autuado em flagrante pelos crimes de injúria racial e vias de fato suspeito de chutar e chamar de “crioula” a cozinheira Eliana da Silva, de 43 anos, na noite de sábado, 9, em um restaurante da Savassi, área nobre de Belo Horizonte. O jovem se apresenta nas redes sociais como porta-voz do Movimento Brasil Livre (MBL) e “amante da boa política”.

Foi o gerente do estabelecimento quem acionou a Polícia Militar. Em depoimento, testemunhas contaram que Thiago chegou ao bar “gritando”, quando foi abordado pelo gerente, que pediu para ele diminuir o tom de voz. O gerente contou à polícia que o jovem jogou o cartão de crédito na operadora de caixa e disse “cobra essa p… logo”. Nesse momento, Eliane teria tentado apaziguar a situação, pedindo calma. Foi quando Thiago teria dito “não coloca a mão em mim, sua crioula”.

De acordo com a ocorrência, Thiago chamou o gerente para a briga e teria tentado agredi-lo. Em meio à confusão, Eliana tentou separar os dois. Neste momento, ela teria sido agarrada pelo pescoço por Thiago, que a chutou na coxa direita. Foi necessária a interferência de populares para apartar a briga. Thiago estava no bar com a namorada de 22 anos.

Autuado em flagrante, o autoproclamado porta-voz do MBL foi liberado após pagar fiança de R$ 1 mil. Em seu depoimento, Thiago contou ter entrado no restaurante, pedido uma cerveja e uma refeição. Ele disse ter sido informado inicialmente que o pedido levaria 10 minutos para ficar pronto, mas que depois de a espera extrapolar esse tempo ele foi informado que a refeição demoraria mais de 20 minutos para ser servida. Então, pediu ao garçom para encerrar a conta, dirigindo-se até o caixa para pagar a cerveja já consumida.

Ainda em sua defesa, Thiago disse que teria reclamado do atendimento só depois que o garçom o insultou, dizendo “vai se f… seu merda”. Ele alega que um dos garçons o puxou pelo braço, expulsando-o do estabelecimento. Também afirma que foi empurrado e que o funcionário jogou a cadeira contra ele, quando a namorada interveio.

O MBL de Belo horizonte  confirma que Thiago Dayrell integra o movimento, mas diz não haver função formal de porta-voz em Belo Horizonte ou Minas Gerais. Diz que ele é um coordenador do MBL na capital mineira. Também afirmou, por meio de nota, que reprova “o comportamento de Thiago em tomar parte em discussões baixas” e que o o expulsará “caso acusação apresente validade”.

No entanto, destaca o MBL, um vídeo feito por uma testemunha provaria “torna o argumento dos agressores extremamente frágil”. “Como se pode ver pelo próprio vídeo gravado, não há qualquer ofensa racial proferida pelo rapaz. Ao contrário. A agressão efetiva foi cometida pelos funcionários do estabelecimento contra ele, como ficou comprovado em boletim de ocorrência feito após o incidente, que traz fotos de marcas e escoriações provocadas pelas agressões”, afirma o movimento. “Se não bastasse a agressão física, ainda querem acusá-lo de crime de injúria racial, configurando-se assim denunciação caluniosa, o que também é delito passível de ação judicial”, completa o texto.

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