Agência Câmara

O isolamento político de Flordelis, à beira da cassação

12.09.20 10:01

Ao contrário de colegas acusados de crimes como corrupção e peculato, sistematicamente salvos pelo espírito corporativista reinante na Câmara, a deputada federal Flordelis (foto), do PSD do Rio de Janeiro, não deve escapar do processo de cassação no Conselho de Ética.

Para alguns deputados, o crime de homicídio é grave demais para ser ignorado diante da opinião pública. E as provas incluídas na investigação da Delegacia de Homicídios de Niterói e do Ministério Público do Rio de Janeiro são abundantes e convincentes – o MP informou que não pediu a prisão de Flordelis porque ela tem imunidade parlamentar e só poderia ser detida em flagrante.

O suporte político da parlamentar também é frágil. Deputada de primeiro mandato, ela não tem praticamente nenhuma interlocução na casa. Flordelis não contou nem mesmo com o apoio da bancada evangélica, que a afastou “até que os fatos sejam devidamente apurados”.

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, teve pressa para desvincular a sigla do escândalo e, no mesmo dia em que a parlamentar fluminense virou ré, anunciou sua suspensão do partido. A expulsão deve ser confirmada após os trâmites internos. Flordelis até tentou sensibilizar a bancada feminina com alegações de inocência, mas também não conseguiu convencer as colegas.

Sem nenhum apoio público ou de bastidores, Flordelis foi notificada na última quarta-feira, 9, sobre a abertura do processo por quebra de decoro. O corregedor da Câmara, deputado Paulo Bengston, do PTB, foi pessoalmente ao apartamento funcional da parlamentar para entregar o documento. A representação é de autoria do deputado Leo Motta, do PSL.

Flordelis terá cinco dias úteis para apresentar defesa. Depois disso, o corregedor terá 45 dias úteis para apresentar seu parecer à Mesa Diretora, que analisa se autoriza ou não o prosseguimento do processo. Se a Mesa der aval, o caso é encaminhado ao Conselho de Ética e, em seguida, é submetido ao plenário.

O último deputado cassado pela acusação de homicídio foi o alagoano Talvane Albuquerque, que perdeu o cargo em 1999. Ele era suplente da deputada Ceci Cunha e foi condenado a mais de 100 anos de prisão por tramar a morte da colega para substituí-la. Três parentes de Ceci também perderam a vida na emboscada.

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  1. Deveriam abrir logo um processo coletivo na Comissão de ética, fazer um combo de assassinos com corruptos e expulsar logo todo mundo dos mandatos! (Ah, se a justiça fosse ágil e objetiva assim... Sonho meu...).

  2. Que engraçado... no Congresso matar só um é crime grave e merece cassação. Matar milhares desviando da saúde e educação é normal e todo mundo faz...

    1. De pleno acordo, até porque crime não é só matar. Deviam ir todos para rua. Cabem num ônibus os conhecidos, os não conhecidos precisam de um metrô.

  3. Flordeliz deve ser presa e condenada e não ter nada a ver de ser mulher bem como o absurdo do foro. Ela cometeu um crime horroroso contra uma pessoa e esse crime nada tem a ver com o mandato.

  4. Se todos os prazos forem seguidos tão quão os prazos judiciais e o andamento de um processo judicial, a nobre deputada ainda terá uns dez anos para ser julgada no congresso.

    1. Mas com certeza ela não será reeleita. E aí, como é que faz? Gente que não é eleita não tem foro.

  5. Absurdo essa imunidade para crimes gravíssimos, tais como os atentados contra a vida. Que se mantenha a imunidade parlamentar para liberdade de expressão e opinião. Jamais para assassinato.

    1. Sabe como são as leis... essa imunidade é pra proteger o parlamentar de perseguições...

  6. Que essa assassina vá logo para a cadeia e, conjuntamente, todos os corruptos que, como ela, são igualmente assassinos, porque assassinam de formas diversificadas o POVO BRASILEIRO. CADEIA em todos eles!!!!

    1. Temos um jumento corrupto fdp na presidência e você se surpreende com uma bobagem dessas ???

  7. Hora de se adotar o mesmo critério para corruptos. Tolerar ladrões só difama quem pode e deve puni-los. A renovação do congresso precisa continuar nas eleições de 22. Enquanto elas não chegam, vamos exercitar esse pode nas próximas. Não voto em corrupto nem em quem não faz nada para combater a corrupção. Nem em quem diz que vai mas não vai.

    1. É isso, simples assim! Pena que tão poucos se importem de pesquisar os candidatos antes de votar... E pior ainda: é um absurdo que os partidos aceitem lançar criminosos como candidatos a cargos públicos! Deveria haver uma lei pra punir esses partidos por enganar a população dessa forma!

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