Adriano Machado/Crusoé

PF pediu para STF abrir dois inquéritos sobre Aécio com base em delação de Cabral

15.05.21 10:02

Além de ter embasado o pedido de abertura de inquérito para investigar o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, por suposta venda de decisões judiciais e obstrução de investigações, a delação premiada de Sérgio Cabral levou a Polícia Federal a solicitar à corte duas investigações sobre supostos crimes praticados pelo deputado Aécio Neves (foto), do PSDB.

O pedido para investigar Aécio deve ficar em suspenso até que o Supremo decida sobre a validade da delação de Cabral, conforme determinou nesta sexta-feira, 14, o ministro Edson Fachin. Na mesma decisão, ele negou o pedido da PF para investigar Toffoli.

Cabral acusou Aécio de atuar em favor da contratação da empreiteira Cowan nas obras da linha 4 do metrô carioca durante seu governo no Rio, em troca de vantagens indevidas que chegam a 14 milhões de reais para ele e para o parlamentar tucano, e de se beneficiar durante anos de um esquema de lavagem de dinheiro por meio do Banco BMG.

Em depoimento prestado à PF no dia 10 de setembro do ano passado, ao qual Crusoé teve acesso, Cabral afirmou que o esquema do BMG “permitia que Aécio lavasse de R$ 100.000,00 a R$ 500.000,00 mensais”. O ex-governador do Rio de Janeiro disse que foi o próprio tucano quem “confidenciou” a ele que o banco “era forte parceiro seu no recebimento de valores indevidos e contribuições para suas campanhas e de seus aliados”.

Segundo Cabral, a geração dos recursos ilícitos em espécie para Aécio era providenciada pelo empresário Georges Sadala, que já foi preso e condenado pela Lava Jato do Rio, acusado de ser um dos operadores financeiros do esquema de corrupção montado pelo ex-governador.

Sadala era sócio de uma empresa que administrava o serviço Rio Poupa Tempo e é um dos empresários que aparece nas imagens da chamada “Farra dos Guardanapos”, como ficou conhecido um jantar em Paris do qual participaram o próprio Cabral e seus secretários em 2009.

Em sua delação, Cabral afirma que foi Aécio quem o apresentou a Sadala, em 2004, e que o empresário exercia “grande influência” sobre ele por causa da relação com o tucano. Aécio Neves foi padrinho de casamento de Sadala em 2007 e batizou um dos filhos do empresário.

Ainda segundo Cabral, Aécio conseguiu que Sadala se tornasse um “correspondente bancário do BMG” e, posteriormente, operador de recursos ilícitos junto ao banco.

No pedido de abertura do inquérito sobre Aécio, enviado no dia 30 de abril ao ministro Edson Fachin, a PF apresenta dados levantados em outras operações que investigam Sadala e afirma que “identificou, de fato, elementos mínimos sobre a utilização do Banco BMG por parte do parlamentar Aécio Neves da Cunha para a lavagem de ativos obtidos ilicitamente”.

Assim como ocorreu com o pedido de inquérito sobre Toffoli, Fachin encaminhou as representações da PF para investigar Aécio para a Procuradoria-Geral da República.

Em nota, o advogado Alberto Toron, que defende Aécio no STF, afirmou que “são totalmente falsas e absurdas” as afirmações feitas por Cabral sobre o tucano e que “é preciso que se investigue as motivações que estimularam mentiras absurdas como essas” na delação do ex-governador do Rio.

Toron afirmou ainda que o Banco BMG é “uma empresa privada que não tem qualquer relação com o governo de Minas Gerais e que o deputado Aécio Neves sequer conhece o dirigente citado”.

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  1. Com o GM no STF, nada prospera contra o Aécio e grandes bandidos da República. Os processos sempre prosperam contra Moro, Dallangnol e as Forças Tarefas.

  2. 1- o Tancredo deve estar se revirando no túmulo. 2- a delação do Cabral e nada é a mesma coisa. 3- somente desafetos têm seus inquéritos encaminhados.

  3. Vamos até aceitar que seja caixa 2 para as eleições. O stf é conivente com essa irregularidade ao não avalizar a delação do Sergio Cabral, pois continuará tudo "na sombra".

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