Nilson Bastian/Câmara dos Deputados

PF monitorou entrega de propina para ex-deputado nomeado por Bolsonaro

01.12.20 14:10

A Polícia Federal monitorou durante a investigação da Operação Poço sem Fundo a entrega de 35 mil reais em propina para o ex-deputado Benjamim Maranhão. O ex-parlamentar do MDB foi nomeado, em abril de 2019, para o cargo de diretor-executivo da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, a Anater, pelo presidente Jair Bolsonaro, mas acabou exonerado em 28 de maio deste ano para concorrer às eleições municipais.

O repasse da propina feito por um empresário ocorreu em 3 de fevereiro de 2018, quando Maranhão ainda era deputado. Por isso, o caso foi remetido ao Supremo Tribunal Federal. A Poço sem Fundo mira um esquema de desvio de dinheiro no Departamento Nacional de Obras Contras as Secas, o Dnocs, no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o Incra, e na prefeitura de Araruna, comandada à época pela mãe do ex-deputado.

Segundo a PF, servidores dos órgãos federais indicados por Maranhão se valeram de fraudes em contratações de empresas para perfuração de poços e instalação de sistemas de abastecimento de água na Paraíba para cobrar propina de empresários interessados nos certames públicos. Um desses empresários, Severino Xavier Pimentel Júnior, da Cesan Construtora, teria efetuado pagamentos ao ex-parlamentar.

Por meio de interceptações telefônicas e monitoramento a campo, a PF conseguiu acompanhar a entrega de valores feita pelo motorista de Pimentel Júnior no Edifício Saint Michel Boulevard, em João Pessoa, capital da Paraíba, onde o deputado tem um apartamento.

“O motorista utilizou um veículo (VW GOL, cor vermelha, placas NQC 2766) da Cesan para levar o dinheiro até o apartamento, dinheiro que decorre de contratos firmados por empresas controladas por Severino Pimentel (Civiltec e SPC), com o Dnocs/PB e o Incra/PB, cujo Superintendente Rinaldo foi indicado por Benjamin Maranhão”, diz trecho de uma decisão judicial da operação.

Maranhão, diz a investigação, integraria o núcleo político da organização criminosa e se valia do “seu cargo, através da liberação de recursos por meio de emendas parlamentares, e prestígio político, mormente na cidade de Araruna/PB, cuja ex-prefeita é sua mãe, bem como diante da pública e notória influência na escolha dos coordenadores do Incra/PB e Dnocs/PB para a viabilização de toda atividade criminosa.”

Tanto a entrega de valores flagrada pela PF, como outras transferências de empresários investigados, contaram como intermediário um assessor parlamentar de Maranhão.

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